Capítulo 6
POV Helô/Antonella
Grávida, aquela palavrinha não saía da minha cabeça. Eu não posso estar grávida, não agora. Não quando eu não sei se casar com Dante seja algo que eu queira.
- O quê? grávida? - Após contar tudo para Catiri, ela me pergunta de uma forma tão agressiva que eu me pergunto qual o problema se eu estiver realmente grávida. As vezes eu acho que ela gosta dele, até tentei falar com ela mas sempre se esquiva do assunto.
- Sim, qual o problema? - Indago.
- Problema nenhum. - Tenta disfarçar o incômodo, mas eu percebo o quão a notícia a abalou. - Mas você sabe que as pessoas vão falar. Dante é um homem público e um filho antes do casamento para eles é sinônimo de golpe da barriga.
- Problema é de quem pensar isso. Dante sabe que eu nunca ficaria grávida de propósito, e aliás quem irá criar será eu e ele, ninguém tem que falar nada.
- Você diz como se estivesse realmente grávida. Tem certeza que é apenas uma hipótese?
- Eu não sei, Catiri. Ainda não fiz nenhum exame, amanhã eu converso com John.
- Tudo bem. Vamos começar a procurar o vestido, daqui a pouco temos que ir para o salão. - Se levanta da mesa seguindo em direção a saída do café sem mesmo me esperar. Eu sabia que ela estava com raiva, só não imaginava o porquê.
- Catiri, me espera. - Tento correr em direção a ela, quando sinto meu corpo se chocar contra o de outro alguém. - Ei, tá cego? droga. - Sinto minha cabeça doer por causa da pancada, seja lá quem for vai ouvir.
- Helô? - Além de cego é doido.
- Você não olha por onda anda, não? - Cara mal educado, além de me derrubar no chão, não me ajuda a levantar.
- Helô? - Quem diabos é essa Helô? questiono em pensamentos, enquanto me levanto. Ao olhar para o cara, reparo o quão bonito ele é, não é igual ao Dante que é malhado, olhos azuis, barba por fazer, o tipo de homem que toda mulher quer. Dante pode ser considerado um deus grego pela sua beleza, mas com toda certeza o homem que eu escolheria seria esse. Gordinho, barba feita, cabelos grisalhos e os olhos, os olhos parecem duas bolinhas de gude. Os olhos negros dele é o que mais me chamam atenção, e em um pensamento idiota eu imagino como seria um filho dele.
- Meu Deus. - Murmura incrédulo.
- Ei, ow, tá tudo bem? tô bem louca né, tu me derruba no chão e eu pergunto se está tudo bem. - Falo mais pra mim do que pra ele, já que o cara parece que viu fantasma.
- Você... Você não se lembra de mim?
- Por que eu deveria? - Estou começando a ficar com medo desse maluco.
- É. Desculpa, acho que te confundi com outra pessoa.
- Uhm, é eu já vou. - Tento seguir em busca da idiota de Catiri, onde ela se meteu?
- Espera, você está sozinha?
- Pra que você quer saber?
- Calma, não sou um maníaco louco a solta por aí. Só iria te convidar para um café. Óh, estamos em frente a um.
- Se você não percebeu, eu estava saindo de lá quando você me jogou no chão. - Respondo impaciente.
- Uh, algum lugar então? eu só quero me desculpar por ter esbarrado em você. Não foi minha intenção.
- Pessoas normais apenas pedem desculpa e cada um segue seu caminho. Logo deduzo que você não é normal, então me deixa passar agora antes que eu comece a gritar.
- Por favor, juro que não vou tomar muito o seu tempo. Eu só quero... conversar.
- Tenho cara de psicóloga?
- Não mas... por favor. Quero apenas conversar, e você esta sozinha não está? será rapidinho. - Vendo que esse cara não irá me deixar em paz, decido acompanha-lo em um sorvete. Seja o que for, vou acabar logo com isso.
Chegando no local, ele puxa uma cadeira para que eu me sente. Decido nem que seja por alguns minutos esquecer o furacão que minha vida é.
- Eu nem me apresentei, meu nome é Stênio, e o seu?
- Antonella, meu nome é Antonella. Então, sobre o que você quer conversar?
- Pode ser sobre qualquer coisa, você deve estar me achando um louco né? mas eu estou sozinho em um país diferente, só queria alguma companhia.
- Ah, então você não é daqui?
- Não, eu sou do Brasil. Nasci em Curitiba, mas me mudei alguns anos depois para o Rio de Janeiro. E você, de onde é?
- Eu não sei, quer dizer. Dante diz que eu sou uma italiana legítima, nasci em Verona mas vim para a Toscana por causa dos meus pais. - Pra quem não queria nem conversar, você tá falando demais hein, dona Antonella? - Meu subconsciente me adverte.
- Como assim você não sabe? - Ele me olha estranho, agora quem é a louca da história sou eu. Mereço.
- Alguns meses atrás eu sofri um acidente que acabou apagando todas as minhas lembranças passadas. Eu não consigo me lembrar de nada. - Tento resumir o máximo possível.
- Uh, acidente hein? Mas, você não procurou sei lá, um parente? ou tentou descobrir o que aconteceu?
- Dante disse que eu não tenho parentes próximos, meus pais eram filhos únicos, meus avós maternos juntamente com meus pais morreram em um acidente de avião dois anos atrás e meu avós paternos nunca aceitaram o casamento de papai, então eles me rejeitaram. - Tento lembrar de toda a história que meu noivo contou, apesar de absurda, era a única coisa que eu sabia no momento.
- Você cita tanto esse Dante, quem é? amigo próximo? vizinho? - Outch, daqui a pouco irá querer saber até que número eu calço.
- Meu noivo.
- NOIVO? - Ele grita exaltado, mas gente. Qual é o problema dessas pessoas? Primeiro Catiri que surta ao saber que provavelmente estou grávida. Agora esse louco que pirou ao saber que estou noiva.
- Que isso? tá louco? qual seu problema?
- Desculpa. - Ele olha em volta recebendo os olhares advertidos das pessoas alí presente.
- Tudo bem. - O que tem de gato, tem de esquisito. - Você vai ficar muito tempo aqui? - Mudo de assunto.
- Espero que não muito. Pretendo resolver tudo e voltar logo para o Brasil. Com a minha esposa.
- Ah, então você é casado? - Tento parecer indiferente. Por dentro, aquilo me incomodou. Tu tá bem louca né, Antonella? Tu acabou de conhecer o cara e já está incomodada por ele ser casado.
- Sim. Nos conhecemos em uma viagem há Búzios, No Rio de Janeiro. Ficamos algumas vezes e nos reencontramos na Universidade. - Relembra com carinho.
- Você parece bem apaixonado. - Observo.
- E sou, ela é a mulher da minha vida.
- Uau, me fale sobre a história de vocês. - Burra masoquista.
- A nossa história é bem complicada, após nos reencontramos na faculdade, demorou muito para que ela aceitasse namorar comigo. Na mente dela, um namoro iria atrapalhar muito os estudos. Tempos depois, faltando pouco para nos formamos veio a notícia de que ela estava grávida, logo sugeri o casamento mas ela é tão orgulhosa que não aceitou. Só nos casamos após o nascimento da nossa filha, Adriana. Depois veio a separação que durou dez anos, apesar desse tempo todo sempre houve algo entre nós. Não físico, mas sentimental. E foi por isso que após atentarem contra ela, eu lutei como um condenado pra reconquista-la. Deu certo, nos recasamos e cada dia que passa eu tenho certeza que ela é a mulher que Deus fez pra mim.
- E cadê ela que não está aqui com você?
- Ela... - Antes que ele possa responder meu telefone toca.
" - Alô?
- Amor? Pelo amor de Deus onde você está? Catiri disse que se perdeu de você. Tá tudo bem?
- Ah, só agora ela reparou que se perdeu de mim? Porque ela saiu do café sem nem mesmo me esperar.
- Onde você está? Eu vou aí te buscar.
- Não precisa, Dante. Eu ainda tenho um vestido para comprar. Pede no salão para mandar alguém aí pra casa? prefiro me arrumar aí.
- Esse tempo todo que você está fora, ainda não encontrou um vestido? - Estranha.
- Coisas de mulher. Vai ligar pro salão ou não?
- Já tá na linha. Anda rápido que a festa é às 21h30, e do jeito que você demora pra se arrumar, capaz de chegarmos às 00:00. - Brinca.
- Tá, daqui a pouco chego aí. Beijos.
- Beijos e Antonella?
- Oi?
- Eu amo você, muito.
- Eu também amo você, Dante. - Suspiro.
Após desligar, Observo a expressão de Stênio mudar, as expressões variam de raiva, dor, ódio, medo. Eu hein, cara doido. Decido me despedir logo antes que essa situação fique estranha demais.
- Eu tenho que ir, até qualquer dia. Boa sorte com a sua esposa. - Dou um sorriso sincero.
- Espera, me dá seu telefone.
- Stênio, olha foi muito bom conversar com você, mas...
- Por favor. - Ele me interrompe fazendo uma cara de carente tão bonitinha que eu não resisto e acabo passando. Afinal, qual o problema? podemos ser amigos. Depois de passar saio imediatamente daquele lugar indo fazer o que tanto amo: Compras.
Fim do POVChegando no hotel, Stênio segue até o quarto de Ricardo batendo incontáveis vezes até o delegado abrir. Entrando como um furacão, o advogado fala tão rápido que a única coisa que Ricardo consegue processar é: - Tira ela de lá, Ricardo. Pelo amor de Deus, tira ela de lá.
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Eu imaginei a minha vida sem você, e foi insuportável
FanfictionUma viagem a trabalho que prometia ser como outra qualquer, acabou sendo o pior pesadelo de Heloísa.