A Bailarina do Teatro (pt. 1)

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  Já ao meio dia o tempo já não estava tão fechado, fazendo com que a normalidade do clima quente de Fortaleza voltasse. O quarteto caminhava entre ruas e avenidas cheias de comércios no centro da cidade. Famílias e vendedores ambulantes andavam em todas as direções em busca do melhor negócio. Em cada bancada havia um novo e diferente tipo de mercadoria, desde brinquedos e tecnologias até roupas e acessórios diários. Mas o que predominava nas lojas e camelôs eram as fantasias e utensílios de carnaval. Lucas não gostava tanto da data, a não ser pelo fato de passar o feriado viajando pra algum lugar. Totalmente o contrário de Artur que amava a data pra se jogar na gandaia.

  — Solta isso, Artur! — advertiu Lucas, após ver o amigo experimentar um colar de flores tropicais.

  — Ah qual é? eu tenho dinheiro!

  — Dez reais? compra uma água.

  Mal humorado, porém, com sede, Artur concordou e foi até o vendedor mais próximo.

  — Já estamos perto ou não? — perguntou Vitor enquanto Artur voltava com a garrafa d'água em mãos.

  — Mais do que longe — respondeu Lucas enquanto todos atravessavam uma rua e chegavam em uma praça.

  Mais vendedores e fregueses circulavam entre as árvores da praça, onde no centro havia um grande monumento com algumas pichações. Curiosos, Sara e Vitor caminharam até ele. Tratava-se se um homem de meia idade vestido com um manto e sentado majestosamente em um trono com cerca de seis metros de altura. Abaixo dele, esculpida no granito branco, a figura de uma índia curiosa. e em ambos os lados do trono, dois felinos ferozes agachados. Entre o homem e a figura da índia, havia os dizeres "1º DE MARÇO DE 1829 A 1º DE MARÇO DE 1929. JOSÉ DE ALENCAR. O POVO CEARENCE NO PRIMEIRO CENTENÁRIO DE SEU NASCIMENTO".

  — Quem é? — quis saber Sara.

  — Um grande homem — respondeu Lucas. — Ali está, nosso ponto de chegada.

  O garoto foi até o outro lado da praça. Na esquina, uma placa azul informava: "Rua Liberato Barroso". Do outro lado da rua, um prédio branco de dois andares com arquitetura do século XIX tomava todo o quarteirão. Havia na frente sete portas, sendo as três do meio as principais. Lucas subiu a pequena escadaria que dava nas portas centrais. A porta do meio estava entreaberta e lá dentro encontrava-se um guarda sentado em uma cadeira assistindo um programa policial em uma pequena TV.

  — Boa tarde, senhor — chamou Lucas. — Estivemos aqui pela manhã...

  — Excursão da turma do segundo ano da escola Doutor Bezerra? Deixa eu adivinhar, esqueceu alguma coisa?

  Lucas e Artur se entreolharam.

  — Ah, sim, sim. Segundo... — confirmou Lucas.

  — É, excursão! — completou Artur.

  — E, e-esquecemos algo...!

  — Maravilha! - exaltou o guarda. — Há um dia atrás um garoto de outra turma também esqueceu algo. Vocês jovens...

  O guarda se levantou e abriu a porta pro quarteto. Lucas agradeceu e os garotos atravessaram o vão rapidamente, saindo por outra porta que dava acesso há uma área aberta, um tipo de pequena praça fechada. No meio dela havia um luxuoso poste do começo do século XX. O garoto percebeu uma expressão de surpresa no olhar de Sara quando ela olhou no que havia do outro lado: um prédio de três andares com a fachada toda em metal escocês e vidraças colorias. O topo era formado por um arco. Nele havia um grande letreiro "THEATRO JOSÉ DE ALENCAR". A beleza daquele teatro não cansava os olhos de Lucas, que amava quando sua mãe o trazia ali.

Lucas De Souza Entre Luz E Sombras: A Arma PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora