Não conseguia respirar.
Os 10 segundos em que ele me tapou a boca, pareceram horas. Pensei que ia morrer ali. Ele era-me familiar. Eu conhecia aquele ar enigmático. Já me tinha cruzado com aquele olhar anteriormente, talvez num sonho.
-Não faças barulho.-Ordenou.
Retirou a mão levemente e olhou para mim enquanto eu tremia. Havia silêncio. Eu tinha de fugir dali antes que ele me fizesse mal. Eu não sabia o que ele queria de mim. Olhei para o meu lado direito, empurrei-o e comecei a correr com toda a velocidade que me era permitida naquele momento. Estava a tremer. Segundos depois ele apareceu à minha frente e eu bati com o corpo contra o seu peito. Olhei-o com ar assustador.
-Porque é que me desobedeceste? -Perguntou-me.
Engoli em seco.
-O que queres de mim? Porque é que apareceste à porta da minha casa? Como é que sabes que eu moro aqui? Isto é um sonho novamente? Como aquele estúpido sonho que eu tive contigo há noites passadas? Tu não és real, não podes ser real.
Deitei as mãos à cabeça, apertando-a.
Ele não disse nada. Amarrou no meu pulso e puxou-me atrás de si.
Embora tivesse assustada e sem saber o que fazer, não pude deixar de reparar novamente nas tatuagens que estavam visíveis. Era incrível, até nas mãos era tatuado. Perguntava-me se as tatuagens iam desaparecer novamente como no sonho, ou na vida real ou qualquer merda que eu não estava a conseguir perceber.
-Para onde me vais levar? -Perguntei a tremer um pouco com o frio.
Ele não respondeu. Fiz força para tentar soltar a minha mão mas ele era forte de mais.
Eu estava a achar tudo muito estranho. O W. não me veio buscar e nem me mandou um sms a perguntar se tinha acontecido alguma coisa. Mas que raio.
Parámos.
-Deixa-me ir embora, por favor. -Disse, olhando para o braço dele ainda a amarrar o meu pulso.
-Não devias ter estado lá naquele dia aquela hora. Tu não percebes pois não? Tu estragaste tudo, tu merecias bem pior do que isto. És uma miúda mimada que pensa que conhece tudo, mas na verdade, não conhece nada. Nem mereces que pense em alguma maneira de te fazer sofrer.
-Primeiro larga-me, segundo, não estou a perceber nada do que estás a dizer. Primeiro invades o meu sono e fazes as tuas tatuagens desaparecer, depois apareces aqui a magoar-me e a tratar-me dessa maneira. Eu nem sequer tenho a certeza se és real ou não.
Ele apertou o meu pulso com toda a força que tinha.
-Pára, estás a magoar-me.
-Ainda tens dúvidas se sou ou não real?-Olha-me.
Encarei-o e baixei a cabeça.
Se ele tivesse intenção de me magoar a sério (não que aquilo não estivesse a doer), já o tinha feito. Parece bipolar, tanto me magoa como já parece que está a gostar de estar ali. Só queria ir embora.
Por um lado tenho medo dele, por outro não.
Largou-me o pulso. Olhei e tinha a mão toda vermelha da pressão que ele fez sobre mim.
Vi os olhos castanhos escuros dele a olharem-me nos olhos. O meu corpo foi invadido por medo.
-Espero não voltar a ver-te. Toma cuidado e vê por onde andas. Não queiras voltar a ver-me, da próxima vez não vou só meter-te o pulso vermelho. Não tentes estragar tudo de novo, tu não queres conhecer-me nem saber do que sou capaz, combinado?
Acenei um pouco com a cabeça em sinal afirmativo. Em simultâneo sentia pequenas gotas mornas escorrerem-me pelo rosto.
Ele virou costas e quando fiz um pequeno ruído por estar a chorar, ele voltou-se, olhou-me de cima a baixo e continuou.
Limpei o rosto, apanhei o telemóvel que me tinha caído ao chão e entrei em casa.
Não percebi o que tinha acabado de acontecer. Nada fazia sentido. Nem sei se aquilo aconteceu mesmo ou se foi tudo fonte da minha imaginação novamente. Um sonho não foi... eu não estava a dormir. Porquê a mim? Porque é que ele me fez aquilo? Eu nem sei quem ele é, de onde vem, como se chama e porque me tratou daquela maneira.
Após me ter deparado com os meus pais na cozinha, subi as escadas, vesti o meu pijama, lavei os dentes e deitei a minha cabeça na almofada, na esperança de acordar menos confusa no dia seguinte.
Após o acontecimento de hoje, de uma coisa tenho a certeza:
Foi o segundo encontro que tive com ele.
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THE ORDER.
Fantasy"Vivemos entre os humanos há milhares de anos. Desta vez a ORDEM está a ser posta à prova e as guerras vão sendo cada vez mais frequentes. A raça e a humanidade estão a unir-se." - Em PT -