The past, the problem.

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Subimos uns 7 andares no elevador.

Ele olhou para mim discretamente quando íamos a passar o andar 4. Saímos do elevador e deparei-me com um enorme corredor à minha frente, juntamente com outro ao meu lado esquerdo e outro ao direito. O chão tinha uma passadeira preta em veludo que percorria o corredor todo. Era muito agradável estar ali.

-Segue-me. -Diz-me.

Percorri o corredor principal atrás dele e quase no fundo do corredor ele abriu uma das enormes portas brancas e fez sinal para eu entrar. Deus. Acabei de entrar num valente quarto, com mobílias brancas incríveis, uma cama enorme, dois sofás brancos e rodeado de livros. Os tapetes eram igualmente brancos e as cortinas eram compridas e brancas também. Nunca tinha visto um quarto tão branco e tão lindo assim. Eles devem ter cofres de dinheiro para sustentarem esta mansão toda.

-Fica à vontade. -Disse-me.

Sentei-me num dos sofás e ele sentou-se no sofá à minha frente apoiando os braços nas pernas baixando a cabeça.

-Elas contaram-me tudo o que precisava de saber para já.-Disse-lhe.

-Não tinham de te contar nada, eu ia contar.

-Ias? Quando?

-Quando tivesse que ser, eu sei o que faço. Vais ficar aqui esta noite, a partir de agora também vives aqui. 

-Eu tenho uma família e uma casa, agradeço o incómodo. -Respondi ironicamente.

-Não quero saber se tens uma família e se tens a melhor casa do mundo, estou-te a dizer que agora também vais morar aqui porque não tens escolha e não te estou a pedir, estou a afirmar. 

Ri-me um pouco ironicamente.

-E desde quando é que tu decides a minha vida?-Perguntei.

-Desde que tiveste a feliz ideia de estar na rua há mesma altura que eu e tenhas presenciado uma das minhas tatuagens desaparecer. Agora já sabes desta merda toda. Não percebes o que isso significa? Ninguém sabe desta organização a não ser nós. Toda a gente que tem conhecimento dela vive cá e deixou as suas famílias para trás. Lamento mas terás de fazer o mesmo se não queres ser eliminada.

Estava assustada.

-Eu não tenciono contar isto a ninguém, não ganho nada com isto.

-Mesmo que tencionasses, não o ias fazer. Acredita que eu não tenho prazer nenhum em que estejas aqui. Por mim, podias estar a milhas com a tua linda família e com a tua linda casa, longe desta organização e de mim, mas infelizmente, terás de ficar. 

-És um imbecil.

Ele riu-se com ar de gozo.

-Lembraste quando eu te disse que me podias tratar pelo nome porque eu não ia ligar minimamente quando me chamasses esses nomes todos que tens na cabeça? A ideia mantém-se querida. 

-O que é que mandaste o teu amigo fazer com a minha família? -Perguntei.

-Nada de mais, só o mandei convencer os teus pais e amigos de que nunca mais ias estar presente como habitual, mas que, no entanto, como eu até sou boa pessoa, ias visita-los algumas vezes, com vigia claro.

Caíram-me lágrimas nos olhos e baixei a cabeça.

-Vou deixar-te sozinha, tenho de ir para o campo de treino lá em baixo. -Disse-me.

Levantou-se, seguiu na direcção da porta e parou ao meu lado de pé, enquanto eu olhava para o chão.

-Há muitas coisas que tu ainda não sabes mas vais saber com o tempo. Quanto à maneira de eu te tratar...eu sou assim, sempre fui assim, não sou simpático, não digo coisas bonitas nem me importo com isso. Não consigo ser de outra forma e não vou mudar por ti, lamento se esperavas o contrário. Não penses que todos são como eu, porque não são. Não esperes pelo pior, porque o pior já tu conheceste minimamente. Chama-me se precisares. Estarei cá ao fim do dia.

Saiu e bateu com a porta. 

Levantei-me e deitei-me em cima da cama, na esperança de adormecer com as lágrimas nos olhos. O que mais me estava a custar nem era estar a perder a minha vida habitual, mas sim ouvir o modo como ele me falava. Ele era incrivelmente atraente, lá isso era verdade, mas tinha um humor incrivelmente filho da puta. Que anormal.

Chorei durante um bocado. Preferia chorar sozinha do que na frente dele e dar parte fraca. Ainda me custava a acreditar em tudo o que tinha ouvido neste dia. Era surreal. 

3h30

Adormeci.

7h00

Acordei e vi as horas. Era cedo. Vi-a a janela da cama, estava um dia de sol muito bonito, mas como não tinha nada de importante para fazer agora, decidi ficar na cama e tentar dormir mais um pouco. 

Não consegui. Tinha um pouco de saudades de casa. Tinha tantas perguntas para fazer ainda. Era tudo tão confuso para  mim.

Bateram à porta do quarto.

Levantei-me e fui abrir. Deparei-me com um corpo masculino, alto,moreno de olhos azuis. -Olhei-o.

-És tu a Haylie? -Perguntou.

-S-Sim... e tu? -Respondi.

-Sou o Klaus certamente já ouviste falar de mim. 

-Sim, precisas de alguma coisa?

-Queria falar contigo, se fosse possível.

-Ah, sim, claro que é. Entra. -Disse.

Entrou e sentou-se num sofá enquanto trancava a porta.

-Como é que te sentes? -Perguntou-me.

-Confusa.-

-É normal, inicialmente elas também ficaram assim, mas vais ver que ao longo do tempo vais gostar de cá estar. Elas gostaram, aliás, tanto que a Caroline começou a ter um caso com o Tyler pouco depois de ter chegado. Ela é muito feliz aqui connosco.

-Como é suposto eu ser feliz quando tenho um bruta montes sempre a tratar-me mal mas ao mesmo tempo é a pessoa com quem me sinto mais segura aqui dentro? -Perguntei.

-O Philip é assim mesmo, mas tem um motivo para o ser e nunca ninguém o julgou por isso. Um dia saberás, por ele, não por mim. Ele tem um passado crítico sabes? Para além disso, ele é um óptimo guerreiro, ele faz a folha a qualquer um que se mete no caminho dele. Ele não é para brincadeiras Haylie, ele é muito justo e directo.

-Não tem de me tratar mal, não tenho culpa da porcaria do passado dele.

-Mas talvez o faças lembrar o passado dele, faço-me entender mais ou menos querida?

Olhei para ele e não respondi.

Ele aproximou-se de mim, ajoelhou-se no chão e meteu as mãos na minha cara. Olhou-me nos olhos.

-Vai ficar tudo bem meu anjo. Não temas nada. -Disse-me.

Alguém abriu a porta do meu quarto, sem pedir autorização, enquanto o Klaus me tranquilizava um pouco. 

O Klaus riu-se um pouco quando viu o olhar de raiva dele.

Olhei para a porta.

Philip.









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