Poderia ter escolhido a minha melhor roupa porque ia sair com um rapaz que acabara de conhecer, no entanto, limitei-me a escolher algo simples, como habitual. Também não o queria impressionar na minha maneira de vestir ou algo do género. Achava-o simpático e bem atraente, mas não tencionava passar disso.
20h00
Sms: "Estou cá fora à tua espera Hay. Beijo."
Desci as escadas assim que vi a mensagem do Chris.
-Mãe, vou indo, o Christian já chegou.
-Sim, não chegues muito tarde querida.
Abri a porta e dei uma pequena corrida até ao carro do C. porque estava um pouco de frio.
- Hey miúda. -Ele sorri.
-Olá garanhão. -Ri-me um pouco
-Então, o destino continua a ser chocolate quente? -Ele pisca-me o olho.
-Ás suas ordens mestre. -Sorri e levei a mão à testa fazendo o gesto que os militares fazem em obediência.
Ele deu uma pequena gargalhada e ligou o carro.
Andamos uns 7 km até ao Starbucks mais próximo. Durante o caminho falamos bastante um com o outro e cantamos as musicas que iam passando pela rádio. Ele era divertido e fazia-me bem rir um pouco, até porque já não o fazia há algum tempo.
-Bem, parece que chegamos. -Olha-me.
-Yap.-Disse desapertando o cinto.
Saímos do carro e entramos no Starbucks. Estava quentinho lá dentro e os sofás eram mesmo confortáveis. O C. sentou-se em frente a mim. Pediu dois chocolates quentes.
-Fiquei contente por teres aceitado vir comigo cá hoje. -Diz olhando-me.
-Na verdade nem pensei duas vezes, estava mesmo a precisar, para além disso, já não bebia um chocolate quente há algum tempo. Acertaste em cheio. -Ri.
Passados uns dois minutos os chocolates chegaram. Senti-me um pouco embaraçada porque queimei a língua assim que dei o primeiro gole. Babei-me um pouco e ele não teve como não rir. É compreensível.
Ele era muito querido.
Tencionávamos conversar até que o chocolate acabasse, suponho. Assim o fizemos. Ele falou-me de tudo um pouco, desde o que gostava mais de fazer (ver filmes), ao hábito mais estranho dele (roer apenas duas unhas de cada mão). Ri-me um pouco quando ele me contou isso porque, até hoje, nunca tinha ouvido tal coisa.
-Desculpa mas é impossível não me rir.-Disse tapando a boca com a mão enquanto me ria.
Ele ria-se.
-É um hábito, desde sempre que fui assim.-Ri.
Acabamos de beber pouco tempo depois. O C. levantou-se para ir pagar e depois fez-me sinal para que viesse porque íamos sair. Levantei-me e dirigi-me à saída.
-Então, onde vamos agora? -Pergunta-me.
Enquanto penso na resposta que lhe devo dar, recebo uma sms no telemóvel, fazendo-o esperar.
Sms: "A passear com o meu irmãozinho mais novo? Pensei que tinhas capacidades para melhor."
Comecei a olhar eu meu redor e não vi nada a não ser a noite e o frio. Estava assustada. Não comentei nada com o Christian.
-Está tudo bem? -Perguntou-me.
-S-sim está...estou só com frio, achas que me podes levar a casa?-Respondo.
-Oh, e então a nossa saída não vai continuar?
-Desculpa Christian, estou mesmo com vontade de ir para casa, fica para outro dia, está combinado, prometo. -Digo tentando esconder o medo com que estou interiormente.
-Eu levo-te então, vá, entra Hay. -Ele responde, ficando um pouco decepcionado.
Mais uma vez eu não estava a entender o que se estava a passar, quem me tinha mandado a mensagem e como raio sabia que eu estava naquele lugar, àquela hora, com o Christian. Era assustador, era mesmo assustador. Sentia-me observada a cada passo que dava, sem saber por quem.
Não mostrei muita vontade de falar no caminho para casa. Esforçava-me para parecer normal mas creio que o C. notou alguma coisa estranha.
22h40
-Estás em casa.
-Sim, obrigada.-Respondi.
Ele chegou-se perto de mim, despediu-se novamente com dois beijos na cara a disse que tinha adorado estar comigo mas que esperava que para a próxima vez durasse mais tempo.
Despedi-me dele e caminhei até à porta fingindo que ia entrar em casa.
Ouvi-o a ligar o carro quando eu estava quase a entrar em casa. O som do carro a andar afastava-se. Ergui-me para ver se ele já estava suficientemente longe para eu poder meter em prática o que tinha em mente.
Andei pelo passeio sem ter um destino em concreto. Atravessei algumas ruas apenas com as fracas luzes a ilumina-las. Tinha apenas o objectivo de perceber se ainda continuava ou não a ser seguida.
Outra sms.
Sms: "Não andes sozinha pela rua, é perigoso para raparigas fracas como tu. O maninho deixou-te assim indefesa foi? Mal ele sabe que não foste para casa."
Parei e olhei para todo o lado novamente. O meu coração batia a mil, já não sabia por onde ir. Comecei a acelerar. Vi ao fundo da rua um grupo de rapazes meio zonzos, a fumar. Estavam a rir-se e começaram a assobiar. Não achei boa ideia continuar. Eles chegaram a ver-me e chamaram por mim enquanto faziam gestos porcos.
Recuei lentamente com o medo.
Assim que me preparava para correr, alguém me amarrou violentamente e me puxou para outra rua. Começavam a ser demasiadas as vezes que me encontrava com ele e com as suas tatuagens. Encostou-me ao tijolo, prendeu-me as mãos, chegou-se ao meu ouvido e falou baixo:
-Não te avisei que era perigoso para miúdas como tu? Insistes em contrariar-me. Eu evito ver-te, mas obrigas-me a intervir, já que o anormal do meu irmão não é suficientemente bom para se aperceber que nem em casa entraste. Imbecil.
Afastou-se do meu ouvido e pela primeira vez encarei os seus olhos por mais de cinco segundos. Estava a tremer.
-Tu és irmão do Christian?-Perguntei.
-Custa-te assim tanto perceber?
-Deixa-me em paz.
-Não vou deixar. Preciso de ti viva, e se "te deixo em paz" o mais certo é amanhã apareceres estirada numa merda de uma rua qualquer, cheia de hematomas e banhada de sangue vitima de violação por parte daqueles filhos da puta. Não que me importe, mas porque me convém manter-te em segurança. E agora anda comigo.
Olhei-o com lágrimas nos olhos e segui-o. Ele parou e olhou para trás.
-Ah, e se te queres dirigir a mim, chama-me pelo nome, não por esses nomes todos que tens na cabeça que pensas que alguma vez me podiam afectar mas não afectam. -Riu-se.
Olhei-o novamente.
-Philip, chamo-me Philip.
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THE ORDER.
Fantasy"Vivemos entre os humanos há milhares de anos. Desta vez a ORDEM está a ser posta à prova e as guerras vão sendo cada vez mais frequentes. A raça e a humanidade estão a unir-se." - Em PT -