Enganada

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Paralisei. Gritei: "Não!". Meu corpo inteiro ficou tenso, e então tentei correr, mas Anne me segurou.

- Sabine, acalme-se! O que está acontecendo? Conte para mim. - pediu, paciente.

- O Pedro veio atrás de mim! - choraminguei.

- Olha, Sabine, olhe para lá. - apontou em frente. - Não é o Pedro, é o seu vizinho.

Olhei, relutante. Nem de longe seria o Pedro. Delirei. Ele era meio moreno, cabelo em um tipo de moicano, magro. Ele corria até mim, então.

- Desculpe. - sussurrei, quando se aproximou. - Eu... - as palavras não saíam.

- Tudo bem? - a voz soou doce.

- Desculpe, ela te confundiu com uma pessoa. - Anne explicou por mim.

- Ah, sério? - riu. Viu que eu estava ofegante e parou de rir. - Sou Moran. Você...?

- Sabine. - respondi, olhando para meus pés. - Preciso ir.

Anne ficou para trás e eu corri para casa.

POV's MORAN

Vou destruir esse despertador. É minha missão de vida. Acabar com todos os despertadores da face da Terra.

Depois de amanhecer em uma festa eu sinceramente não queria ser acordado por essa coisa barulhenta às duas horas da tarde. A culpa é minha. Eu sei.

Levantei da cama e senti que minha cabeça explodiria. Tropecei em meu tênis e caí com um baque no chão.

- Porra! - gritei, esquecendo que tenho família.

- Moran? Tudo bem aí? - minha mãe, do outro lado da porta.

- Sim, mãe, eu só caí. - expliquei.

- Não está meio tarde para acordar, não? - perguntou, irônica.

O que eu queria responder: "Não mãe, não está tarde pois, por mais que você não saiba, eu fugi pela janela ontem a noite para ir a uma festa, fiquei muito bêbado e tive que escalar minha janela em plenas sete horas da manhã.".

O que eu respondi:

- Eu sei. Já estou indo.

- Indo onde? Estou voltando para o trabalho. Sua irmã está na casa do namorado. Fique em casa cuidando das coisas. - disse. Moramos em um condomínio, mas minha mãe acha que eu deveria ser o segurança particular da nossa casa, de qualquer forma.

- Está bem, mãe. - respondi, tediosamente.

Ouvi ela sair e fui para o banheiro. Eu estava terrível. Tomei um banho para ver se melhorava, mas o mal estar se impregnou no meu corpo. Resolvi dar uma volta no condomínio.

Saí porta a fora e avistei uma loira muito bonita, quem sabe da minha idade, andando acompanhada de uma morena que aparentava uns trinta anos. Imaginei que fossem os vizinhos que se mudaram seis meses atrás, porque nunca os vi.

A loira olhou para mim e pareceu ficar tímida. Acho que tenho esse efeito nas garotas. Então ela gritou um "Não!" desesperado e quis correr. Eu estava tão terrível assim? A morena a segurou e eu corri até elas. A loira me encarou, corada, após a morena falar algo.

- Desculpe. - sussurrou quase inaudivelmente. - Eu... - travou.

- Tudo bem? - me preocupei.

- Desculpe, ela te confundiu com uma pessoa. - a morena explicou.

- Ah, sério? - ri. Vi que ela estava ofegante e desesperada, então parei de rir. - Sou Moran. Você...?

- Sabine. - respondeu, olhando para os próprios pés. - Preciso ir. - concluiu, correndo para casa.

- Sou Anne. Psicóloga. Um dia quem sabe ela te explique isso. - disse, indo atrás de Sabine.

Definitivamente, essa loirinha era meio louca.

Memories You HoldOnde histórias criam vida. Descubra agora