Capítulo 5 - Did I hurt you? Good.

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   Sai do transe dos meus pensamentos depressivos, o som irritante do sinal que alertam o final da aula de repente toca e todos os trogloditas e animais saíram correndo da sala como se nunca tivessem provado da liberdade antes. Olhei com desprezo para aquela multidão que se formava na porta, levando meu tempo para arrumar meu material entre suspiros, notando que mais uma vez eu não havia copiado nada. Bem, foda-se.

   Quando terminei a multidão já tinha saído e eu até poderia sorrir para isso se lembrasse de como se faz isso. Peguei minha mochila sem muita pressa e entrei no corredor, indo em direção a meu armário para pegar o livro da aula de literatura. Foi uma viagem tranquila e quando me dirigi ao caminho da sala, pronto para fingir prestar atenção na aula...

   Ele apareceu. Seu sorriso, aquele que sempre me mostrava, já deixava claro que ele estava me procurando para poder se divertir. E como sempre, eu seria o brinquedo.

- "Rafael! Que maravilhoso vê-lo por aqui" – Seu tom de falsa alegria inocente ainda me dava arrepios, e eu nunca tive certeza se eram de medo, ou de ansiedade. Quer dizer, ele nunca mais me machucou depois daquele dia. Não fisicamente.

   Olhei para os lados, e mais uma vez eu percebo estar sozinho com ele. Ainda me dói que não tenha meus camaradas para me defender quando Felipe está por perto, mas acho que prefiro assim. Eles sofreriam comigo, não conseguiriam me ajudar agora que estou tão sensível a esse filho de uma puta. Eles merecem mais que isso, e aquele intercâmbio para Inglaterra veio em boa hora, talvez um dia eles venham para me dar um oi? Será que ainda estarei esperando?

- "Olá F-felipe" – Eu odeio como sempre pareço perder a compostura e falar como um idiota quando ele chega.

- "Oh Rafael, já não lhe disse que prefiro ser chamado de outra coisa por você?" – Estremeço ao lembrar e concordo em um assentimento com a cabeça, vendo ele se aproximar devagar enquanto olha dos meus pés a minha cabeça com um sentimento que demorei a entender, mas com o tempo pude identificar.

   Luxúria.

- "Desculpe a-amor, eu prometo que não esquecerei novamente." – Consegui tomar o controle novamente, mesmo que aquela palavra ainda me bata com força total. Ele sorri e eu vejo que apenas um passo nos separa. Esse passo logo é dado, e ele toca meu rosto com sua mão quente. Quase carinhoso, mas isso não me engana mais porque logo sinto sua respiração perto do ouvido e fecho os olhos sabendo que ele sempre vai me pedir para imaginar algo. Sempre.

- "Oh meu querido, sua pele é tão macia e ao mesmo tempo tão pálida! Como pode ser tão pálido? Você sabe que as pessoas a acham feia não sabe? Que ela traz nojo aos demais?" – Ele diz, e eu já sei disso, mas aceno de qualquer forma porque ele não gosta que eu fique parado ou quieto. Ele quer ter certeza de que estou ouvindo tudo o que ele tem para falar – "Mas tudo bem babe, você tem a mim! Eu aceito sua unicidade. Eu posso cuidar de você mesmo que seja tão exótico, sem capacidade e força. Porque você sempre vai me obedecer certo?"

   Senti meu lábio inferior tremer na dor que me provoca suas palavras, mas eu já me acostumei e mordo ele para que fique parado. Sei que ele quer uma resposta, mas tenho que respirar profundamente antes de dar-lhe o que quer.

- "Sempre amor, sempre obedeço ao que me manda." – Minha voz quase não pode ser ouvida, mas consigo sentir seu sorriso largo se estendendo com seu rosto próximo ao meu. Logo ele começa, levando suas mãos até minha cintura para aproximar mais nossos corpos e eu não posso fazer mais do que suspirar. Seu aperto é forte e sempre machuca, mas não é como se eu ligasse mais para as marcas roxas que virão depois.

- "Muito bem meu querido, você sempre sabe o que dizer não? Mas você teve um ótimo instrutor." – Ele diz, e posso sentir sua excitação crescer à medida que vai pronunciando as palavras. Sua tortura às vezes me deixa sem rumo, e se eu pudesse esquecer o passado e todas as palavras sujas...

- "Quieto? Bem, farei você falar..." – Ele desce suas mãos até minha bunda e sem qualquer pudor ele a aperta, fazendo com que um som exclamativo saísse de minha boca. Eu o odeio, mas isso é tão bom. Porque ele faz isso comigo?

- "Olha só, a putinha sabe fazer sons bonitos. Adora que te toque não? Não quer a porra dos toques delicados que os outros dariam a você não é? Gosta de um pouco mais de força." – E eu aceno, porque ele não fica feliz quando eu discordo e também porque eu na verdade gosto disso.

   O problema de tudo é que eu não deveria gostar.

- "Mal posso esperar, quando estiver pronto para receber a mim. Vai ser o melhor dos seus dias patéticos meu amor. Juro que farei seu corpo clamar por mais e que não saberá andar por dias depois." – Ele diz com tanta certeza que eu quase posso sentir, e não parece certo, mas eu gemo baixinho mesmo assim.

   Ele percebe isso, e junta sua virilha a minha para que eu possa sentir a sua ereção com a minha. Ele é grande só de sentir, e eu culpo minha paixão patética por minha excitação com suas palavras rudes e seu tom rouco.

- "Seus cortes, eles parecem tão bonitos! Sangram muito? Quero um dia fazer eles em você. Mas, eu quero sentir o sabor do seu sangue quando ele escorrer pela pele." – É doente o quanto isso parece profundo pra mim, e eu não entendo qual o meu problema. Ou o dele. – "Será que as pessoas gostariam do contraste do seu sangue vermelho com sua pele pálida como eu gosto?"

   Abri meus olhos para olhar os seus que pareciam estar olhando meu rosto todo esse tempo. Como ele pode ter esse controle sobre mim? Eu o odeio, mas o amo ao mesmo tempo e não entendo o porquê. Mas existem muitas coisas que não entendo nele.

   Porque eu? Porque sente excitação em me comandar ou humilhar? Quando estarei pronto para o que planeja e o que preciso para estar?

- "Vou lhe marcar, e se fizer algum barulho ou mostrar para alguém, amanhã farei algo que nunca fiz com você. Pode ser ruim ou bom, mas eu não ficaria ansioso para descobrir se fosse você" – Ele disse, antes de fechar os olhos e me dar um selinho. Foi rápido, mas senti sua língua passar por meu lábio inferior antes dele morder meu lábio, o puxando com força o suficiente para provavelmente tirar sangue. Logo ele parou, e enquanto sentia o lábio latejar e queimar, também pude sentir uma mordida na pele de meu pescoço e segurei o grito surpreso de dor até que ele parasse de chupar e morder. Pude observar ele se afastar rapidamente e piscar como se flertasse comigo antes de retomar o caminho do corredor até a sala da sua próxima aula: ciências.

   Levo a mão até os lábios, sentindo um corte por onde uma quantidade pequena de sangue saía e franzo a testa ao sentir meu pescoço pulsar e arder, antes de apertar os dentes uns contra os outros em raiva. Tudo nele me chama, mas me repele. Maldito o dia em que criei laços com Felipe. Sejam eles de ódio ou amor, eles só me fodem.

   Sigo para minha sala, sabendo que a professora nem olharia para mim mesmo que tivesse me atrasado e apenas tivesse vinte minutos de aula restantes. Passei esses minutos olhando para o relógio, pensando se os próximos cortes poderiam escrever 'Felipe' em minha pele. Talvez isso me faça gostar dele menos.

   Mas provavelmente não vai. Nunca funciona.

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OPA! OLHA A ATT NEGADA! Bem, pode vir como um choque para vocês as coisas que aparecem nesse capítulo, mas tem uma explicação amores.

Que eu não vou dar agora né, óbvio. Qual seria a graça?

Mas, posso dizer que nesse capítulozinho a gente pode perceber que não é de violência que estamos falando quando discutimos o tema dessa fanfic. O título é 'Doentio' em inglês por uma razão amores.

Já tá na cara quem vai ser o tops hein? Eu sei, era minha intenção mesmo.

All the love xoxo,

Nico.

Unhealthy - CellpsOnde histórias criam vida. Descubra agora