VI.

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Desci as escadas degrau por degrau, não me apressando muito para chegar à sala, aliás, seria uma tremenda tortura ficar perto dele e não poder beijá-lo ou tocá-lo.
- Vamos, mamãe! - Liz me puxou pela mão e me jogou no sofá ao lado seu pai, o olhei de canto e percebi todo o seu peitoral descoberto, pois ele vestia só uma calça. Liz se sentou em nossos colos e abraçou cada um com cada braço. - Mamãe e papai - ela começou - Eu amo vocês. - os olhos esverdeados daquela pequena menina me fizeram sorrir, ela estava sendo o mais sincera possível, não via malícia em nada e não via que eu e seu pai estávamos de certa forma 'brigados'.
- Eu também te amo. - falamos os dois juntos. Olhei para o lado encarando aqueles olhos extremamente esverdeados.
- Que filme vamos assistir? - perguntei olhando para ela, que correu até as prateleiras e pegou o filme 'Hannah Montana'. Cameron se levantou e colocou o filme no DVD e voltou para se sentar ao meu lado, Liz se deitou em meu colo fazendo com que eu ficasse mais próximo dele. Mau sinal. Assim não teria como resistir, o ar já faltava em meus pulmões em menos de dez minutos de filme.
Liz sorria quando Hannah fazia algumas de suas atrapalhadas. Fiquei fazendo carinho em seus cabelos e prestando a atenção na tevê - pelo menos tentando. Liz estava muito quieta, até estranhei, mas parecia que estava entretida com o filme.
- Acho que ela dormiu. - o seu hálito quente sussurrou em meu ouvido e uma corrente de arrepios passou por todo o meu corpo.
- Erm... Eu vou colocá-la no berço. - falei me levantando com o cuidado e pegando Liz no braço.
- Ela fica no meu quarto. - ele disse me seguindo e subindo as escadas. Andou na frente e abriu a porta do seu quarto. Liz dormia tranquila em meu colo, eu a coloquei no berço e a enrolei com o lençol, logo um barulho de chave rodada me fez virar para a porta.
- O que você tá fazendo? - perguntei indo até a porta e tentando abri-la.
- Tentando conversar com você.
- Abre essa porta! Eu não tenho nada pra conversar com você.
- Claro que tem.
- Não tenho, você já me 'despediu' da sua casa e da sua vida.
- Desculpa! - ele abaixou a cabeça. - Eu fiquei cego pelo ciúme, não queria que acontecesse outra vez.
- Outra vez?
- É.
- Como assim?
- Eu não quero falar sobre isso agora. - ele andou em minha direção. - Toma aqui sua chave. - ele me entregou a chave do quarto e foi em direção ao banheiro. Não entendi nada, mas o melhor era sair dali.
Destranquei a porta e a fechei de leve, andei pelo corredor claro daquela imensa casa. De repente, as luzes se apagaram e um medo invadiu meu ser, eu podia ser grandinha, mas eu ainda morria de medo de escuro.
- Cameron! - comecei a gritar, tentando ver alguma coisa. - Cameron!
- Sara! - a voz dele fez com que eu me virasse. - Onde você tá?
- Tô no corredor. - ouvi passos vindo em minha direção e algo segurar minha mão, arght! Estúpidos arrepios.
- Tá tudo bem?
- Só fica... comigo. - falei ofegante. O escuro era o pior lugar que eu gostava de estar, pode parecer idiotice, mas uma vez quando eu estava brincando de esconde-esconde com um primo eu adentrei na floresta e me escondi entre as raízes de uma grande árvore. Fiquei por lá por horas, desde esse dia eu morro de medo de escuro.
Cameron me levou até seu quarto e me sentou em sua cama, engatinhei e me sentei de costas para a cabeceira da cama. Cameron se sentou ao meu lado, um trovão caiu e eu praticamente pulei em seu colo.
- Calma. - ele me abraçou de lado. - Eu tô aqui, não vou deixar nada te acontecer, ok?
- Você já disse isso uma vez e olha como estamos.
- Desculpe, é que você é a primeira que eu realmente... - ele se interrompeu.
- Que você realmente...
- Que eu realmente amo, depois de muito tempo. - fiquei estática, sem palavras, mãos suadas e sorriso bobo nos lábios.
- Você realmente me ama? - perguntei me sentando em sua frente, podendo ver seu rosto cada vez que um relâmpago caía.
- Sim, eu te amo. Eu sinto por você o que eu nunca pensei sentir por uma pessoa, eu sinto por você algo tão forte que só em não ter você perto me dá um aperto no coração, me dá uma vontade louca de sair por aí com uma camiseta com sua foto e um 'eu te amo' enorme. Eu despedi você da minha mente, mas não do um coração, porque Sara, o meu coração já era seu antes mesmo de nós ficarmos juntos. - sorri de forma tão patética com aquelas palavras. Meus dedos formigaram, meu coração acelerou de uma forma que parecia querer pular do peito.
Sentei com as pernas de cada lado dele e o beijei sem nenhuma vergonha, ele abraçou minha cintura e me puxou pra perto, sua língua explorou minha boca como nunca havia feito antes. Puxei os cabelos de sua nunca separando nossos lábios, sorri ao ver aqueles olhos me encararem cheios de ternura e passei as mãos por seu rosto dando-lhe um último selinho.
- Eu te amo. - falamos os dois ao mesmo tempo. Dessa vez, nada iria atrapalhar, nada iria nos separar.

The BabysitterOnde histórias criam vida. Descubra agora