XIII.

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- Oi, Sara, eu estou bem, obrigado por perguntar. - ele falou entrando na casa e fechando a porta atrás de si. - Sempre linda, minha melhor amiga.
- Sara, filha, quem é? - papai apareceu no corredor fazendo Oli arregalar os olhos.
- Ah, fantasma! - ele gritou e eu gargalhei - Sara, por que você está rindo? O fantasma do seu pai está bem ali. - ele falou se escondendo atrás de mim.
- Oli, deixa de ser retardado. - andei em direção ao meu pai e o abracei. - Ele tá aqui, ele está vivo.
- Mas ele não estava morto?
- Ele fingiu estar morto para me proteger do Carlos.
- Ai, quase que eu tive um ataque. - ele falou se aproximando de nós - Que bom que o senhor está bem.
- Obrigado, Olivier.
- De nada - ele olhou para mim - Temos que conversar.
- Não, não. - falei abraçando meu pai - Pai, manda ele embora.
- Por quê?
- Eu vim falar sobre o Cameron, ele...
- Por que ele não chama a Jenny?
- Sara, o Oli sempre foi seu melhor amigo - ele tirou meus braços de sua cintura. - Converse com ele, aposto que ele tem algo importante para dizer. - ele se direcionou a cozinha me deixou com cara de retardada.
- Vem aqui! - ele me puxou pelo braço até o sofá.
- Me solta, Olivier. - falei batendo em seu braço, mas ele era mais forte e me fez sentar no sofá.
- Deixa de ser marrenta.
- O que você quer?
- Eu vim falar do Cameron...
- Por que você não vai chamar a porra da Jenny? Eu já disse.
- Sara, dá pra parar e me escutar?
- Tudo bem. - falei virando-me para ele - Pode falar.
- O Cameron não beijou a Jenny.
- Não, eu que tô vendo coisas.
- Sara, cala a boca e me escuta. - ele falou e eu me calei - Você acha que eu mentiria pra você? - eu fiz menção de falar, mas ele me fuzilou com os olhos. - Você sabe que o meu irmão é doido arriado os seis pneus por você, né?
- Seis pneus? - interrompi.
- Ele ainda tá na cadeira de rodas.
- Mas ele já andava.
- Ele teve uma recaída, ele não come, não vai para fisioterapia, não sai do quarto, ele fica o tempo todo chorando e escrevendo músicas.
- Recaída? Como assim?
- Ele perdeu a vontade de voltar a andar, ele anda com muletas, às vezes. Ele está faltando nas fisioterapias, ele perdeu a vontade de voltar a andar, de tudo, de comer, de dormir. Tudo por sua culpa. Você acha mesmo que se ele não te amasse ele teria se metido naquela merda de carro por você? Você acha que ele não passaria essa semana melancólico por sua causa? Você deveria pensar, se pôr no lugar dele, quando ele viu a gente caído naquele dia de Ação de Graças ele foi atrás de você e pediu perdão, e sabe por que aconteceu tudo isso? Por causa da porra de um mal-entendido, e é o que está acontecendo agora, se põe no lugar dele. - eu continuei estática, não falava, a minha voz simplesmente sumiu de uma hora pra outra. - Eu pensei que você entenderia. - ele falou se levantando e saindo pela porta.
- Oli, espera! - falei correndo até o carro dele. - Eu quero vê-lo.
- Entra no carro, ele está lá na casa da mamãe. - entrei no seu carro vendo-o ligar o mesmo e dar a partida.
- Oli?
- Oi? - ele olhou para mim.
- Obrigada.
- Eu sei que vocês tem que ficar juntos, é o destino. - ele bagunçou os meus cabelos. Seguimos pelas extensas ruas daquele condomínio até chegar a casa dos Brooks, descemos do carro e fomos para a entrada abrindo a porta e entrando.
- Sara? - Eloise perguntou logo que me viu.
- Onde ele está?
- Ele está dormindo.
- Eu posso vê-lo?
- Claro, eu estava preparando uma sopa agora mesmo.
- Sara? - escutei sua voz ecoar pela sala e ele se apoiar em um móvel ao seu lado.
- Cameron, você não pode fazer esforço.
- Você veio. - ele falou sorrindo.
- Cameron, seu estúpido! - falei andando em sua direção e o apoiando em meus braços segurando em sua cintura. - Você não pode fazer esforço!
- Eu precisava saber se você era de verdade ou se eu estava sonhando. - ele falou sorrindo fraco, seus olhos estavam vermelhos e inchados, sinal de que ele havia chorado.
- Vamos pro quarto. - falei o levando até o quarto e o colocando na cama deitado, sentei do lado da cama e o olhei de perto.
- Você veio me entregar o seu anel?
- Que anel?
- O que eu te dei.
- Claro que não, Cameron, eu vim pra cuidar de você.
- Por quê? Você me odeia, você disse que tinha acabado.
- Cameron - falei passando a mão por seu rosto um pouco febril.
- Eu não beijei a Jenny, Sara, eu juro. Eu amo você, eu nunca iria te trair.
- Eu sei que você não o fez, eu estava cega de ciúmes.
- Então você acredita em mim?
- Claro, meu amor.
- Não está fazendo isso só pra eu voltar a comer e fazer fisioterapia?
- Não, palavra de escoteiro. - falei levantando a mão em forma de juramento.
- Você nunca foi escoteira, Sara.
- Idiota! - falei dando um tapa em seu braço e vendo sua cara de dor. - Desculpa.
- Tapa de amor não dói. - ele falou se ajeitando na cama e dobrando as pernas.
- Eu pensei que você não conseguisse mexer as pernas.
- Não posso correr nem andar rápido, mas já sei andar. Devagar, mas eu sei.
- Isso é ótimo, a fisioterapia estava adiantando.
- Vou começar segunda-feira de novo.
- Com a Jenny?
- Não, com outro fisioterapeuta. Homem.
- Tomara que você não beije esse também.
- Não, eu não jogo nesse time.
- Posso entrar? - Eloise perguntou com uma bandeja nas mãos. - Trouxe comida.
- Eu não quero! - Cameron falou.
- E desde quando você tem querer ? - eu e Eloise falamos ao mesmo tempo. Ela colocou a bandeja em cima da cama, no modo que ele pudesse comer, pois era uma sopa.
- Vocês me assustam. - ele falou dando uma colherada na sopa.
- Ah, seu pai ligou, Sara. - Eloise falou antes de sair do quarto.
- Seu pai? Como assim? O Carlos voltou?
- Não, Cameron.
- Mas minha mãe falou 'Seu pai ligou'.
- Bom, digamos que... meu pai esteja vivo... - ele se engasgou com a sopa.
- Vivo? Seu pai está vivo?
- Aham.
- Mas, mas...
- Ele fingiu estar morto para proteger eu e minha mãe do Carlos.
- Quer dizer que...
- Sim, ele está morando lá em casa, e não vejo a hora deles reatarem.
- Que bom. - ele começou a tremer.
- O que foi, Cameron?
- Nada.
- Cameron, pode ir falando.
- Vamos dizer que eu tenho medo do seu pai.
- Medo? Do meu pai? Por quê?
- Ah, Sara, ele é dono da empresa em que eu trabalho, eu sempre tive medo dos meus chefes.
- Eu não acredito nisso. - falei gargalhando, tirando a bandeja de suas pernas e colocando em cima de uma mesinha. - Meu pai adora você, ele disse que você é um menino de ouro.
- Sério? Nossa, ele já me ama antes mesmo de me conhecer.
- Idiota! - falei e ele me puxou pela mão me fazendo cair na cama, ficando debaixo dele.
- Eu senti sua falta.
- Eu também. - falei dando-lhe um selinho que foi transformado em um beijo doce e cheio de saudade.
- Sara? - Eloise bateu a porta e eu me ajeitei na cama.
- Sim?
- Tem alguém que quer te ver.
- Tudo bem - falei me levantando e indo até a porta.
- Você volta?
- Volto sim. - falei saindo do quarto e andando até a porta da frente onde a pessoa estava de costas e logo virou para mim.
- O que você quer? - falei no automático.
- Sua mãe me disse que você estava aqui.
- Você não me respondeu: O que você faz aqui?
- Talvez pedir desculpa por todo o mal-entendido que aconteceu.
- Tudo bem, Jenny.
- Não, eu quase acabei seu namoro.
- Eu...
- Me desculpa, milhões de desculpas. O Cameron nunca me beijou, eu que o beijei. Me desculpe.
- Tudo bem, eu te desculpo.
- Você não está brava?
- Jenny, você me fez perceber o quanto em amo o Cameron. Por mais que ele tenha te beijado ou não, um cara que se mete na frente de um carro por mim definitivamente merece o meu amor.
- Vocês reataram?
- Sim, você não precisava ter vindo aqui.
- Vocês formam um casal lindo. - ela me abraçou - Sejam felizes. - ela se virou e foi embora. Fechei a porta e me direcionei até o meu quarto dando de cara com um corpo em minha frente.
- Quem era?
- Era engano. O que você faz aqui?
- Você não voltou, então... - ele me abraçou pela cintura - Eu vim te buscar. Vamos voltar pro quarto?
- Vam... - não pude terminar a frase e Cameron me colocou em seus braços. - Cameron, me coloca no chão!
- Não, você agora é minha.
- Idiota. - falei lhe dando um selinho.
- Eu sei que você me ama, porque eu posso sentir aqui dentro de você. - ele me beijou outra vez comigo em seus braços.

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