IX.

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Cameron narrando:

Entrei na rua da minha casa e me assustei ao ver milhões de carros da polícia e ambulâncias, parei o carro um pouco longe - pois não dava para chegar a porta da minha casa, a não ser a pé - e desci do mesmo. Andei em direção a minha casa e vi a porta aberta e milhões de pessoas saindo e entrando de lá. Corri para a porta e entrei que nem um louco, olhei para minha sala onde estavam algumas pessoas da minha família.
-... E aí ele a levou! - Marta soluçava alto enquanto conversava com os policiais.
- O que está acontecendo aqui? - falei me aproximando - Cadê a Elizabeth?
- Está dormindo na cama lá em cima - minha mãe se pronunciou.
- O que aconteceu?
- Cameron, meu filho, se acalme.
- Mãe... - senti a falta de uma pessoa.
- Cadê a minha filha? - Scarlet entrou em minha casa com os olhos vermelhos - Cadê a Sara?
- Ela foi... sequestrada.
- O quê? - gritamos ao mesmo tempo. - Como assim?
- Carlos, ele a levou. - Scarlet falou.
- E você sabia disso? - me virei para ela.
- Nós brigamos essa manhã e eu o mandei embora. Ele veio atrás da Sara.
- Vocês já têm alguma pista? Alguma coisa? Qualquer coisa? - falei sentando no pequeno sofá e vendo as lágrimas rolarem por meu rosto.
- Calma, Cameron, eles vão achá-la.
- Sem ela eu não vivo, Oli. - falei para ele, que me abraçava de lado. Escutamos o telefone da casa tocar e todos olhamos pro policial. - O que devemos fazer?
- Atenda o telefone e coloque no alto-falante, tente mantê-lo na linha o máximo que você puder para tentarmos localizá-lo, tudo bem? - assenti e atendi o telefone, colocando no alto-falante.
- Alô? - falei com a voz trêmula.
- Ora, ora, vejo que já chegou em casa. Onde está sua namoradinha, hein, Cameron?
- O que você fez com ela?
- Eu não fiz nada, ainda.
- Não encoste um dedo nela!
- Por que não encostar um dedo no que já é meu?
- Ela não é sua, ela é minha!
- Cala boca, imbecil! A Sara é minha, eu fiz tudo por ela.
- Você só a maltratou, a perseguiu todo esse tempo.
- Não, não, não. Eu nunca a maltratei, pelo contrário, eu só queria ela perto de mim. Eu a amo.
- Ela não te ama.
- Eu te odeio! - escutei a voz dela pronunciar-se.
- Cala boca! - ouvi-o gritar com ela e um tiro ser disparado.
- Sara, meu amor!
- Meu amor? Acho melhor você repensar nisso, Cameron, ela não lhe pertence mais.
- Eu juro que se você maltratá-la eu vou...
- Não se preocupe, Cameron, eu não vou atirar nela.
- Por que você está fazendo isso? - escutei-a falar com a voz chorosa.
- Por quê? Porque eu te amo e eu sei que você também me ama, se não fosse esse idiota do Brooks nós estaríamos juntos hoje.
- Eu nunca vou te amar, eu amo o Cameron.
- Cala a boca! - ele gritou e meu coração disparou.
- Deixa ela! - gritei para ele.
- Isso é tudo culpa sua, Brooks.
- Minha culpa? O que eu te fiz?
- Se você não tivesse se metido na minha história com a Sara, hoje eu e ela estaríamos felizes juntos e ainda enganando aquela idiota da Scarlet.
- Ela me ama, desista.
- Se você não calar a sua boca, eu retiro a parte em que eu disse que não a machucaria.
- Não! - gritei para ele vendo o policial gesticular 'acalme-se' - O que você quer?
- Eu quero que você a deixe em paz, que não a procure. - ele começou a rir. - Eu e a Sara vamos viver felizes finalmente. - então só pôde-se escutar o tutu do telefone. Não conseguir me segurar e comecei a chorar, eu a havia perdido.
- Senhor, conseguimos localizá-lo. - um dos homens do delegado falou entrando na sala.
- Onde?
- Perto da Avenida Ferliar com a 45.
- Sabe o local exato?
- Desculpe, mas não conseguimos um lugar exato. - ele falou se retirando.
- Você sabem se ele tem alguma propriedade lá ou alguma desse tipo?
- Não. - meu pai respondeu.
- Senhora Boaventura, a senhora sabe de algo?
- Não, me desculpe. - ele abraçou-se a minha mãe.
- Espere - falei me levantando - Avenida Ferliar com a 45? - ele assentiu - Ele tem um prédio em construção lá, está bem no começo e está abandonado, é o único naquela região, que é um tanto assustadora.
- Vamos mandar reforços para lá, meu jovem, eu peço que... - a voz do delegado foi ficando mais baixa a cada segundo. Virei-me para a porta correndo por entre os milhares de policiais e escutei minha mãe gritar meu nome, mas pela primeira vez eu não queria escutá-la. Eu precisava agir, eu não poderia deixar a mulher que eu amo nas mãos daquele psicopata idiota, eu precisava salvar minha menina. Sem ela com toda a certeza eu não respiraria, meu sangue não correria por entre minhas veias porque ela é o motivo de meu coração estar batendo e, sem ela, bem, sem ela eu não poderia seguir com minha vida, porque da maneira mais fácil de se explicar, sem o amor da nossa vida nós não podemos continuar com a vida. Seu coração para, sua respiração falha, seu corpo simplesmente não consegue viver mais sem ela, ela é como o seu vício: entra na veia e vicia.
Entrei no meu carro e logo dei a partida, só de pensar que ele a estava fazendo mal minhas entranhas já doíam, meu coração parecia parecer bater lentamente dentro do meu peito, e só em pensar que ela poderia estar sofrendo já me fazia apertar mais forte o pé no acelerador fazendo o carro voar na estrada - já estava de noite e quase nenhum carro estava na rua.
Virei a rua da Avenida Ferliar com a 45 e logo vi a rua completamente escura, apenas com a luz do prédio ligada no segundo andar. Estacionei o carro perto do prédio e logo desci, o portão estava escancarado e escutei um grito, me fazendo correr escada acima. Olhei por entre a porta e o vi segurando forte seu rosto, ela olhou de canto e me viu.
- Solta ela! - gritei entrando na sala, ele virou-se e apontou a arma pra mim.

Sara narrando:

- Eu quero que você a deixe em paz, que não a procure. - ele começou a rir. - Eu e a Sara vamos ser felizes, finalmente. - ele desligou o celular e olhou para mim. - Agora somos só você e eu, meu amor.
- Por que você está fazendo isso?
- Eu te amo, Sara, eu sei que você também me ama, só não sabe ainda. - ele falou se abaixando e ficando na minha altura. - Quando viajarmos à Paris, você vai perceber.
- Eu tenho nojo de você. - falei cerrando os dentes. - Eu amo o Cameron.
- Cameron, Cameron, Cameron - ele falou se virando. - Por que você não se esquece dele?
- Porque eu o amo.
- Não! - ele gritou comigo. - Você me ama!
- Eu nunca te amei e nunca vou te amar, da onde você tirou isso?
- Você me provocou, você... você...
- Você está louco, fora de si. Eu nunca te provoquei.
- Mas você... Eu casei com sua mãe por você, pra eu poder pegar o dinheiro dela e fugirmos juntos.
- Você enganou a minha mãe todo esse tempo?
- Sim, pra nós podermos viver felizes para sempre, mas não, você tinha que fugir de novo, e ainda tinha que ficar com o seu patrão!
- Eu nunca vou te amar, eu nunca vou ficar com você. Eu tenho nojo de você, eu prefiro morrer a ficar com você.
- Retira! - ele falou segurando a minha boca. - Eu sei que você vai se apaixonar por mim, é só questão de tempo. - olhei para o lado e vi a imagem de Cameron olhando entre a porta.
- Solta ela! - ele gritou entrando na sala, mas Carlos virou-se e apontou a arma pra ele.
- Não, Cameron, sai daqui! - falei já sentido o gosto salgado de minhas lágrimas descendo por meu rosto.
- Ora, ora, o Brooks teve a cara de pau de aparecer.
- Eu só vim buscar a minha mulher, a mulher que eu amo. - olhei para ele, que me olhava com os olhos inchados, aparentando que havia chorado.
- Ela não é sua, eu e ela vamos viver felizes.
- Você nunca vai fazê-la feliz, ela não te ama.
- O que diabos você sabe de amor, seu pirralho?
- O amor não pode se explicar, o amor apenas aparece - ele olhou para mim - Eu a amo e ela me ama, simples assim.
- Pode até ser, mas acho que ela não amaria um cadáver também - ele colocou o dedo no gatilho e fez menção de atirar.
- Carlos, não meu amor, não faça isso. - falei do modo mais desesperado. - Deixe-o ir, eu vou com você.
- Verdade?
- Sim, eu... eu nunca amei ele, eu amei você todo esse tempo. Deixe-o ir, vamos viver felizes para sempre. - ele olhou para mim e sorriu.
- Eu sabia que... - Cameron não perdeu tempo e deu um soco na cara dele, fazendo a arma cair perto das minhas pernas. Carlos revidou e logo eles começaram uma luta, Carlos dava joelhadas a barriga de Cameron enquanto ele batia em suas costelas. O barulho de sirene tomou conta do prédio e os policiais começaram a entrar de todos os cantos, Carlos e Cameron foram separados e levados dali.
- Tudo bem, senhorita, viemos te resgatar. - um dos policiais falou desamarrando o nó do meu pulso.
- Obrigada.
- Não tem de que, sua família está lá em baixo. - ele falou e eu sorri, descendo as escadas logo em seguida. Saí do prédio e avistei todos da minha família, corri até eles e abracei minha mãe.
- Desculpa, desculpa ter sido a pior filha do mundo com você. - falei abraçando-a forte.
- Não, desculpe-me por não perceber desde o começo.
- Eu te amo, mãe - falei olhando em seus olhos e dando um beijo em sua bochecha. Fui em direção a família Brooks e os abracei forte, Emma estava com os olhos cheios de lágrimas igual Mary e até Marta. Olhei por entre o ombro de Marta e o vi do outro lado da rua sendo atendido pelos paramédicos, ele me viu e saiu andando em minha direção. Soltei-me de Marta e andei em sua direção, o abraçando forte pelo pescoço, e ele segurou meu rosto entre suas mãos e me beijou forte.
- Só de pensar em te perder eu quase morri junto.
- Não, não fale isso. - dei-lhe um selinho. - Agora tá tudo bem, nós vamos poder ficar juntos.
- Eu te amo tanto.
- Eu te amo também. - eu falei o abraçando forte pelo pescoço.
E então, não sei ao certo o que aconteceu, mas fui empurrada violentamente e jogada ao chão. Vi uma luz forte vir e meus olhos serem fechados automaticamente. Não, não, por favor, não.

The BabysitterOnde histórias criam vida. Descubra agora