- Bom, nós ficaremos no Hilton, vamos chegar por voltas das nove horas, vamos jantar e aproveitar o hotel pela manhã e depois todas as outras coisas da cidade. - Carlos falou com um ar vitorioso e eu bufei impaciente.
- Nossa, parabéns! Dá pra ser guia turista, nunca tentou não?
- Sara! - Scarlet me repreendeu.
- Desculpe, Scarlet! - falei levantando os braços.
- Pelo menos uma vez, não seja desagradável com seu pai.
- Meu pai? - gargalhei alto. - Pai eu só tive um e ele já morreu, não tente colocá-lo no lugar porque você não vai conseguir. Ele nunca vai chegar aos pés do meu pai. Nunca! - falei - Cadê o Cameron? - falei baixinho, o desejando perto.
- Serve esse? - uma voz falou em meu ouvido fazendo com que eu pulasse.
- Cameron! - falei dando um abraço nele. - Ainda bem que você chegou, aqui já estava virando julgamento e eu estava perdendo. - dei-lhe um selinho e acenei para a família Brooks.
- Sara! - a voz de Oli fez com que eu andasse e o abraçasse forte.
- Meu gostosão.
- Cuidado, alguém pode ficar com ciúmes. - ele olhou para Cameron, que revirou os olhos.
- Mal agradecido! - falei andando na direção da senhora Brooks, que estava com Liz nos braços. - Oi, Eloise. Oi, amorzinho! - falei pegando-a nos braços. - Pronta pra viajar, meu amor?
- Ela não vai com a gente, Sara, ela vai ficar com a minha irmã.
-Por quê?
- Todos acharam melhor assim. - Cameron começou. - Acho que ela vai ficar melhor aqui.
- Ah! Eu queria que ela fosse. - falei a abraçando.
- Titia! - ela falou balançando os braços. - Mamãe, eu te amo. - ela me abraçou forte.
- Eu também, meu amor. - falei lhe dando beijinhos. - Vai lá com a titia. - Sua tia a pegou dos meus braços e a levou de mim. Um vazio tomou conta de mim, pode sim ter começado só de uma simples garotinha que eu iria ser apenas uma babá, mas algo foi crescendo dentro de mim, um carinho enorme por ela. Um carinho inexplicável, uma coisa estranha e ao mesmo tempo tão confortável como um amor de mãe para filha.
- Bom, acho que podemos ir agora. - Carlos falou olhando em seu relógio.
- Não, ainda faltam Mary e e logo os dois sorriram abobalhados.
- Esses dois me estressam! - falei baixinho.
- Deixa de ser marrenta, criatura. - Cameron falou me abraçando por trás.
- Bom, agora que estamos todos aqui, vamos para aquele portão. - ele apontou para um portão diferente dos outros.
- Pensei que nós íamos viajar como todos.
- Desculpe, mas não tinha mais carteiras então tive que alugar um jatinho.
- Nossa, me senti importante agora, você gastando seu precioso dinheiro comigo. Pera aí, o dinheiro não é seu, é meu. Vamos, gente! Caribe nos espera. - falei puxando Cameron pela mão.
- Hey! - Virei-me para trás e dei de cara com a única pessoa que eu não queria nessa viagem. Não, só pode ser uma brincadeira de mau gosto, um pesadelo mais que ruim. - Esperem por mim!
- O que diabos você faz aqui, garota? Que meigo, a filhinha veio se despedir do papai, é? Que coisa mais linda, tão comovente.
- Não, querida irmãzinha, eu vou viajar com vocês.
- O QUÊ? Quem te chamou? Quem te autorizou? - lancei um olhar mortal para minha mãe. - Você a deixou vir?
- Ela é sua irmã, Carlos achou conveniente chamá-la. - olhei incrédula para aquela cena. Até onde eu saiba o aniversário era meu, os convidados eram meus e eu chamava quem eu quisesse. Essa garota com toda a certeza não estava na minha lista.
- Minha irmã? Pelo o que eu saiba ela não saiu do seu útero, ou saiu?
- Por favor, não comece, Sara. Vamos viajar em paz.
- Em paz? Minha paz só vai existir quando... - Oli tampou minha boca.
- Ela vai ficar caladinha. Vão na frente, vamos logo depois de vocês. - Scarlet e Carlos seguiram pelo extenso corredor. Dei uma mordida na mão de Oli. - Ai, sua canibal!
- Bem feito, Olivier, quem mandou tampar minha boca com essa sua mão suja?
- Oi, Oli! - ela acenou de uma forma sexy para Oli, que sorriu tímido.
- Oi, Cassie!
- Oi, você. - olhou para o Cameron.
- Hey! - ele sorriu de volta.
- Vamos logo, piriguete, antes que eu desista e deixe você aqui. - falei puxando Cameron pra mais perto.
- Você é o demônio. - ele me abraçou de lado.
- Eu sou o demônio? Essa filha de uma p... - Cameron me reprovou com os olhos - Essa piriguete fica dando em cima de você na cara de pau e eu que sou o demônio? Eu deveria...
- Não deveria não, deixa ela pra lá. Você é muito rancorosa quando o assunto é seu padrasto e agora a filha dele.
- Ela não é meu padrasto, ele é o marido da Scarlet e ela é a piriguete filha dele. Não vamos falar deles, vamos aproveitar a viagem e nos esquecer deles.
- Já esqueci! - ele respondeu me dando um selinho, o abracei mais forte pela cintura. Cameron entrelaçou suas mãos nas minhas e saímos em direção ao jatinho.
- Hey, Sara, senta aqui comigo. - pode sentar perto de você. - puxei Oli, o colocando na cadeira ao lado de pela mão e sentamos em uma poltrona de dois lugares.
- Eu vou socar essa garota se ela não parar de olhar pra você. - falei fuzilando Cassie com os olhos. - Eu vou lá! - falei tentando me levantar, mas ele me puxou pelo braço me fazendo sentar outra vez.
- Amor, por favor, vamos esquecer.
- Não dá, Cameron, ela fica só olhando para você.
- Olha pra mim, Sara. - ele prendeu meu rosto com suas mãos. - Deixa de ciúmes besta.
- Ciúmes besta? Você pode sentir ciúmes do Oli e eu não posso sentir ciúmes da Cassie?
- Tudo bem. - ele se separou de mim. - Você fica com seus ciúmes besta que eu vou para uma poltrona sozinho. - ele se levantou, mas eu o puxei pelo braço.
- Espera, Cameron! - ele sentou-se outra vez. - Desculpa. É que... É que eu...
- Você o quê?
- Eu pensei na possibilidade dela te roubar de mim, de você me abandonar para ficar com ela.
- Que ideia estúpida, eu nunca vou de abandonar, e sabe por quê? Porque eu nunca vou deixar de te amar. - sorri tímida. Minhas bochechas adquiriram um tom rosado e estúpidos calafrios tomaram conta do meu corpo. Era difícil isso acontecer comigo, mas com o Cameron tudo era mais fácil, simples e inacreditavelmente perfeito.
- Eu te amo, amor. - falei o puxando pelo rosto e capturando meus lábios nos seus.
Abracei-o forte pelo pescoço e suas mãos quentes rodearam minha cintura gélida, era estúpido sentir tantas coisas em apenas um beijo. Sua língua deslizou por meus lábios me fazendo entreabrir a boca e dar começo a um beijo, minhas mãos agarraram os cabelos da sua nuca, os puxando com força e dando mais intensidade ao beijo. Suas mãos desceram por minha cintura até minha coxa, a apertando forte. Separamo-nos ofegantes quando o piloto avisou que já íamos decolar.
- Eu te amo, minha menina. - ele beijou o topo da minha cabeça. Sorri e coloquei a cabeça em seu peito sentindo seu braço passar por meus ombros, fechei os olhos sentindo seu coração bater descompassado.
Senti algo se mexer por cima de meus ombros e logo abri meus olhos, que foram violentamente machucados pela claridade. Sentei-me na poltrona esfregando os olhos e me espreguiçando.
- Acordou? - escutei a voz de Cameron e abri os olhos por completo.
- Já chegamos? - perguntei me espreguiçando.
- Já sim. - ele respondeu sentando ao meu lado - Dormiu bem?
- Aham, nós já temos que descer?
- Todos já desceram, só falta a gente. - me levantei e peguei minha bolsa.
- Então, vamos? - falei entrando no corredor entre as poltronas.
- Vamos. - ele falou e entrelaçou nossas mãos, seu olhar era baixo e ele quase não sorriu quando descemos as pequenas escadas para o chão.
- Cameron, o que aconteceu? Você está bem? - perguntei enquanto andávamos até o desembarque.
- Está sim. - ele suspirou nervoso - Na verdade, não está.
- O que aconteceu?
- Seu padrasto....
- Hey pessoal! - Cassie apareceu ao nosso lado.
-Você não deveria estar no hotel com os outros?
- Eu esperei vocês pra nós todos irmos juntos, os jovens têm que ficar juntos.
- Nossa, que prestativa. - Sorri irônica. - Olha aqui...
- Vamos logo, o carro está nos esperando! - Cameron me puxou pela mão para o carro.
- Bom, eu e Scarlet vamos ficar em um quarto, Eloise e Paul em outro, em outro e Cameron e Oli em um. - Carlos falou nos entregando a chave.
- Hey, eu vou ficar no mesmo quarto que o Cameron. - falei me soltando de seus braços. Estávamos no hall do hotel na separação de quarto.
- Sara, deixa como está, é melhor. - Scarlet se pronunciou.
- Não, eu quero ficar no mesmo quarto que o Cameron. - Falei indo até a recepção - O senhor poderia dividir um quarto para o casal e outro pra um solteiro, no caso, uma encalhada? - ri baixinho.
- Claro, senhorita. - ele olhou no sistema. - Como vocês têm um andar alugado fica mais fácil, o seu quarto e do seu namorado é o 212. Boa estadia. - ele me entregou as chaves, sorri e puxei Cameron logo pela mão para o elevador.
Andamos pelo imenso corredor do hotel atrás do nosso quarto, que ficava em uma das últimas portas, e Cameron carregava algumas malas na mão. Abri a porta do quarto e dei passagem para Cameron passar com as malas e depositá-las no chão, sorri e o puxei pela camisa para um beijo. Senti suas mãos apertarem minha cintura forte e sua língua atravessar minha boca, explorando cada parte possível.
- Tenho que buscar uma mala no quarto do Oli. - ele falou separando-se do beijo.
- Não, Cameron, fica! - falei o puxando para um abraço.
- Só vai levar um segundo. - ele foi me arrastando até a porta, me dando o último selinho e saindo. Olhei em volta e pensei: Preciso de um banho. Então peguei minhas coisas na mala e fui logo tirando minha roupa, calça, blusa, ficando apenas de sutiã e calcinha. Escutei uma batida na porta. Provavelmente Cameron deve ter esquecido algo. Andei até a porta e a abri sem olhar o olho mágico.
- O que você está fazendo aqui? - perguntei apavorada.
- Olá, enteada! - Carlos falou entrando e fechando a porta atrás de si. Meu Deus, o que vai acontecer agora?
- O que você faz aqui? - perguntei aflita.
- Vim lhe fazer uma visitinha, enteada.
- Saia do meu quarto agora! - disse apontando para a porta e andando para trás.
- Por quê?
- Você não é bem vindo aqui. Sai daqui agora!
- Que isso, Sara, vamos relembrar os velhos tempos, mas dessa vez vai dar certo! - ele me pegou pela cintura e eu senti um nojo enorme.
- ME LARGA AGORA! - gritei empurrando-o para longe.
- Vem aqui! - ele me puxou mais forte contra seu corpo. - Dessa vez você não me escapa. - O medo me subiu pelas entranhas e eu senti que minha hora, a hora que ele finalmente ia conseguir me ter, tinha chegado. - Sabe, eu sempre quis te ter assim, aos meus pés. - ele me jogou na cama.
- Eu tenho nojo de você. - falei soltando lágrimas por meus olhos. Ele me puxou pelas pernas e ficou por cima de mim, prendendo debaixo do seu corpo. - Me solta!
- Cala a boca! - ele falou prendendo meus pulsos com as mãos. - Fica quietinha. - ele começou a beijar meu pescoço e um nojo me subiu, até que um barulho de estrondo e um puxão forte fizeram com que ele se separasse de mim e minhas pernas não me sustentaram mais.
- NÃO CHEGA PERTO DELA! - escutei a voz de Cameron gritar e mais um barulho de porta ser fechada me fazendo acordar do transe. Olhei para a imagem que estava em minha frente e vi seu rosto aflito e suado, por um impulso o abracei forte pelo pescoço. - Vai ficar tudo bem agora. - ele afagou meus cabelos e me deu um beijo no topo da cabeça. Fui me acalmando ao poucos, afrouxando o abraço, e limpei minhas lágrimas. - Ele fez alguma coisa com você?
- Não, vocês chegaram antes. - respirei fundo. - Eu tive tanto medo dele...
- Shiu! - ele me abraçou - Não pensa nisso agora, eu tô aqui.
- Ele fez alguma coisa com você, Sara? - Oli perguntou e eu me virei para ele.
- Não, vocês chegaram antes. Obrigada.
- Eu vou partir a cara dele. - Cameron se levantou, mas eu o puxei pelo braço.
- Não, Cameron, deixa pra lá.
- Como assim deixar lá? Ele quase te violentou, Sara.
- E o que você vai fazer? Chamar a polícia?
- Vou falar com sua mãe, ela precisa saber disso.
- E do que vai adiantar? - falei me levantando para ficar a altura dele. - Você acha que eu já não tentei conversar com ela?
- Ela é sua mãe, ela deveria acreditar em você.
- Desculpe, Cameron, mas nem todas as mães são maravilhosas como a sua. A minha, por exemplo, prefere acreditar em um homem que chifra ela todo o tempo do que na sua própria filha. - me arrependi das palavras que eu havia acabado de dizer.
- Bom, eu acho que vocês precisam ficar sozinhos. - Oli disse saindo do quarto. Respirei bem fundo e sentei na cama.
- Ele chifra a sua mãe?
- Não chifra pouco. - sentei-me na cama. - Ele transa com qualquer uma que vê pela frente, principalmente se ela for uma adolescente.
- Eu não entendo. Do que você está falando?
- Bom, uma fez eu achei uns documentos velhos na mesa do meu pai, e neles tinha a ficha completa do Carlos, e uma das coisas que ele fez foi estuprar uma adolescente de 16 anos. O processo foi arquivado por falta de provas.
- Como você descobre essas coisas?
- Eu não sei, só sei que meu instinto fala mais alto e eu acabo encontrando o verdadeiro Carlos.
- Cafajeste! Eu vou acabar com ele. - puxei-o novamente para sentar.
- Cameron, não. - falei chegando mais perto. - Nada do que você faça vai adiantar, ela sempre vai acreditar nele, eu já aprendi a conviver com isso. - as lágrimas rolavam do meu rosto.
- Calma, amor. - ele me abraçou pela cintura e me puxou para o seu colo. - Eu prometo que vou proteger você até a morte.
- Obrigada. - falei sorrindo.
- Sabe - ele me fez olhá-lo - Você só de calcinha e sutiã não ajuda muito, me dá vontade de fazer besteira.
- Cameron, seu safado. - falei me levantando e indo até o banheiro.
- Você me descontrola, garota. - ele se levantou e veio até mim, me pegando pela cintura e me abraçando forte.
- Bom saber. - falei o abraçando pelo pescoço e lhe dando um selinho. Escutamos uma batida atrás da porta, nos separamos e nos olhamos.
- Se for ele eu não respondo por meus atos. - ele falou indo em direção à porta e logo depois a fechando.
- Quem era? - perguntei um pouco em dúvida.
- Era o Oli avisando que estão chamando todos para jantar. - ele falou andando até a porta. - Você vai ficar bem?
- Vou sim, vou só tomar um banho e me trocar.
- Tudo bem, eu vou te esperar. - fechei a porta do banheiro e logo liguei o chuveiro. Se o Oli e o Cameron não tivessem chegado, eu teria sido violentada e não teria coragem de contar a ninguém, nem ao menos a Oli ou Eloise, que sempre me apoiaram.
Andávamos pelo hall que dava no salão de festas, segurei forte na mão de Cameron, ele parecia se controlar a cada passo que dávamos para perto da mesa.
- Se controla, Cameron. - falei baixinho logo que chegamos perto da mesa. - Boa noite.
- Boa noite. - todos responderam. Cameron puxou a cadeira para eu me sentar e sentou-se ao meu lado.
- Bom, amanhã podemos aproveitar o hotel ou a cidade, tem vários lugares incríveis por aqui. - Carlos falou chamando o garçom.
- Acho que nós, todas as mulheres, poderíamos ir à cidade para conhecer as lojas. - Scarlet continuou.
- Acho que seria uma ótima ideia, amor. - Carlos falou lhe dando um selinho. Meu estômago revirou. - Bom, o que vamos pedir?
- Pra mim tanto faz. - falei fechando o cardápio e olhando para o lado. Percebi Oli olhando para Emma disfarçadamente. - Oli! - falei e ele continuou hipnotizado. - Oli. - falei outra vez, mas ele continuou. - OLI!
- O quê? - ele se assustou e acabou derrubando todo o vinho de sua taça na mesa.
- Você é louca, Sara? Como você faz uma coisa dessas? - minha mãe praticamente gritou.
- Nossa, larga de ser chata.
- Respeite sua mãe! - Carlos falou com raiva.
- Eu respeito quem eu quiser, na hora que eu quiser.
- Eu estou cansado das suas criancices e seus desrespeitos, Sara! - ele falou batendo na mesa.
- E você vai fazer o quê? - falei levantando da mesa - Vai me bater?
- Bem que você merece.
- Do mesmo jeito que você merece ir pra cadeia, certo? - respirei fundo. - Perdi a fome. Com licença. - falei saindo correndo para fora do hotel.
Andei por todo o hotel até achar uma entrada que dava abertura à uma escada, entrei por ela e comecei a subir e acabei em um velho terraço. Corri até a ponta e olhei a vista linda do mar, a brisa bateu em meus cabelos e, pela primeira vez, eu senti paz, calma.
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The Babysitter
ChickLit⚠️ A história contém conteúdo considerado para maiores de dezoito anos.⚠️ Tudo que Sara precisa é de um lugar pra recomeçar. De preferência um lugar bem longe da sua mãe e do seu padrasto, porém toda vez que ela acha que finalmente está livre, eles...