Capítulo 1

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"Enquanto houver você do outro lado, aqui do outro eu consigo me orientar."
(O Teatro Mágico)

O melhor de ter férias durante o verão era poder ir ao clube todos os dias, mesmo sendo no meio da semana

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O melhor de ter férias durante o verão era poder ir ao clube todos os dias, mesmo sendo no meio da semana. E era exatamente o que eu estava fazendo, deitada em uma espreguiçadeira em frente a piscina, com fones no ouvido, aproveitando o sol. Esse era o meu conceito de paz...

"Megan!" o grito de Natalie, minha melhor amiga, me tirou dos meus pensamentos. Ok, talvez não fosse tão pacífico assim. "Ouviu o que eu disse?"

"Não, desculpa. O que foi?" Revirei os olhos -costume- e encarei seus olhos castanhos cintilando de um jeito que só a Nat conseguia. Ergui a sobrancelha esquerda em forma de desafio e ela estreitou os olhos para mim. Depois de anos de amizade, a Natalie me conhecia o suficiente para reconhecer a mentira, a falsa afirmativa e captar o menor dos sinais de sarcasmo no fundo.

"A gente quer saber o que aconteceu." A Helena explicou, alheia a nossa conversa silenciosa. Ela balançou seus cabelos pretos, tentando tirá-los dos olhos, sem me ver revirando os olhos novamente.

"Não foi nada. Vamos evitar pensar nisso, ok?" Eu murmurei, olhando a tela do celular, procurando uma próxima música.

"Por favor, amiga! A gente sempre te conta tudo." A Lena insistiu. Revirei os olhos teatralmente dessa vez e ela respondeu com uma careta. A Helena simplesmente odiava quando eu revirava os olhos ou usava sarcasmo, principalmente porque ela nunca entendia.

Quando abri a boca para responder, o meu celular apitou. Fiz careta para o celular ao ver de quem era.

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| Ei, Meg. Desculpe por ontem, meu   |  |irmão estava com pressa. Estou indo | |para o clube, será que podíamos         | |conversar hoje?                                       |
|Beijo,                                                         |
|Leo.                                                            |
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                "Olha, amiga, não quero te desesperar, mas olha quem está vindo aí." Lena comentou, apontando com a cabeça algum ponto que eu não conseguia ver.

                Me ajeitei na cadeira e segui o olhar dela apenas para perceber que não dava mais para sair dali, ele já tinha me visto e estava vindo na minha direção. Respirei fundo e aumentei o som da música, recostando na cadeira.

Leo se aproximou e sorriu, cumprimentando as meninas, que sorriram de volta. Ele passou pelas duas e parou bem na minha frente, limpando a garganta. Abri os olhos e tirei os óculos escuros fingindo impaciência, mas não pude deixar de observar mais uma vez o quanto ele era lindo. O cabelo preto cacheado com um corte bem curto, os olhos castanhos profundos e aquele sorriso branco em contraste com a pele acastanhada.

                "Está tampando o sol." Eu disse irritada. Ele ergueu as sobrancelhas, mas não se moveu.

                "Não respondeu minhas mensagens, nem ontem, nem hoje. Não atendeu às ligações. Ninguém atende na sua casa." Ele disse.

                "Eu estava ocupada." Eu resmunguei. Ele ergueu as sobrancelhas como se não acreditasse na minha mentira deslavada.

                "Meg, nós vamos tomar um sorvete. Você quer?" a Helena perguntou e percebi que ela e a Nat tinham vestido as saídas de praia e estavam de pé. Traidoras.

                "Não, Lena, obrigada. Eu pego depois." Eu respondi meio chateada por elas estarem me deixando sozinha com ele.

                "Senta aí, Leo. Pode ficar a vontade." A Nat ofereceu a cadeira dela ao meu lado. Meus olhos lampejaram de ódio para ela, mas ela apenas sorriu ironicamente e deu de ombros.

                As duas se afastaram andando lado a lado em direção ao quiosque do sorvete e eu tinha certeza que elas iam fazer de tudo para demorar, para que pudéssemos conversar sem ninguém ouvindo.

                "Você se importa?" ele apontou para a cadeira.

                "Não, Leo. Pode sentar." Eu revirei os olhos. Ele não sairia dali sem conseguir o que queria, essa era a especialidade dele.

                "Eu quero falar sobre o que aconteceu." Ele começou, logo que se ajeitou. "Por isso eu te liguei ontem."

                "Eu não vou falar sobre isso." Eu rebati, pegando novamente os fones de ouvido, mas ele tomou o celular da minha mão e me encarou, suplicante.

                "Meg, eu não entendo você, sabia?" ele disse meio rindo.

                "Sabia. É fácil de perceber!" eu respondi com raiva.

                "Eu não entendo essa sua raiva!" ele parecia irritado. "Tudo bem, você é pavio curto, mas realmente não entendo."

                "Engraçado, porque é tudo culpa sua!" Disse, sem olhá-lo.

                "O que eu fiz, Megan?" ele perguntou, impaciente.

              "Que tal o que você não fez?"

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