Capítulo 28 - Leo

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"Leah: Qualquer felicidade é melhor que sofrer por alguém que não pode ter."
(Amanhecer parte 1)

Por mais que eu pensasse que a Megan nunca fosse me perdoar, no fundo eu tinha uma chama de esperança que ela fosse entender o que eu estava dizendo, mas agora, olhando para aquela foto, eu já não tinha tanta certeza.

"Leo?" Eu ouvi a voz da Sara, mas não respondi.

Ela entrou no meu quarto e sentou ao meu lado, colocando a mão no meu ombro.

"Você viu?" Eu perguntei.

"Eu vi e acho que você deve manter sua mente aberta. Do mesmo jeito que com você foi tudo um mal entendido, com ela também pode ter sido."

"Como, Sara? Como essa foto é um mal entendido? Eles estão se beijando! Não dá pra dizer que é montagem ou um ângulo que pegou mal."

"Vê o visco? Lembra daqueles filmes?"

"Acha que ele agarrou ela? Olha o rosto dela! Ela parece muito feliz ali."

"Leo," a Sara suspirou. "Por favor, mantenha sua mente aberta. Agora, me dê aqui seu celular."

Eu entreguei o celular. Ela o desligou e tirou o chip, depois pegou meu notebook, tirou a bateria e o cabo de energia, colocando tudo em uma sacola de pano.

"O que está fazendo?" Perguntei.

"Eu e o Lucas vamos te levar para ter uma experiência diferente. Já conversei com seu pai. Arrume suas coisas. Quando voltarmos, dia 2, você resolve se vai ou não conversar com a Megan, mas primeiro você vai ver e ouvir tudo que vamos dizer e mostrar."

Ela saiu do quarto enquanto eu arrumava as minhas coisas e voltou quarenta minutos depois, dizendo que estávamos saindo. Me despedi dos meus pais e dos meus irmãos e segui o Lucas e a Sara para fora.

Eu dormi no carro e acordei com a Sara me cutucando, avisando que tínhamos chegado. Era um sítio no alto de uma serra, muito espaço verde e aberto.

"Por que estamos aqui?" Perguntei.

"Porque assim você não cai na tentação de desistir." Sara disse e sorriu. "O Lucas me trouxe aqui pela primeira vez quando eu estava tendo problemas com a minha mãe e, como você sabe, eu estava meio deprimida com tudo que estava acontecendo."

"E nossa primeira lição começa agora." O Lucas sorriu.

Fomos para um campo aberto perto do sítio, com muita grama, algumas árvores e alguns bambus. Os dois sentaram de pernas cruzadas e me convidaram a fazer o mesmo.

"Feche os olhos." O Lucas disse.
Suspirei, mas obedeci.

"O que você ouve?"

"Vocês dois respirando."

"Dá pra concentrar a sério?" A Sara repreendeu. "O que você ouve?"

"Vocês dois respirando, a Sara revirando os olhos pra mim..."

"Leo!"

"Tá bom, desculpa." Parei por um segundo. "Ouço vocês dois respirando, o vento batendo nas árvores, os bambus batendo um no outro. Tem um rio aqui perto?"

A Sara riu e eu abri os olhos.

"Muito bem, pupilo."

"Já ouviu dizer, Leo, que o rio tem um destino pré-determinado? E que o nosso destino é seguir o rio. Agora, se você vai andar por sua margem, vai nadar ou vai navegá-lo, isso é com você."

Eu assenti.

"Agora, seja firme como uma pedra e flexível como um bambu."

"Por que isso está me parecendo uma daquelas lições budistas ou algo assim?"

"Porque você é idiota." O Lucas respondeu.

"Isso eu já percebi." Comentei.

"Lembra quando você era pequeno, Leo? Você era apaixonado com O Rei Leão. Era só começar a tocar a música do começo que você vinha correndo e sentava no sofá. Seu pai cansou de dizer que ficar assistindo o mesmo desenho duzentas vezes, não ia fazer as falas mudarem e nem o final." A Sara disse. "Você já sabia todas as falas e todas as músicas. Mas na época, você só podia assistir quando passava na TV, lembra? E ai seu pai te deu em VHS de aniversário."

"Ele começou a sentar comigo pra assistir, depois que ele viu que eu gostava de verdade." Eu disse.

"É. E tinha uma parte, que você gostava, que o Rafiki bate no Simba com o bastão e o Simba dizia: 'ai! Ei, que história é essa?' E o Rafiki diz: 'Não importa! Está no passado.'"

"'É, mas ainda dói!'" Completei.

"E o Rafiki responde: 'ah, sim, o passado pode doer. Mas do jeito que eu vejo você pode fugir dele... Ou aprender com ele.'" Ela terminou. "Você precisa aprender com o passado, Leo. Me diga, você gostou quando a Megan não te respondeu? Quando ela, teoricamente, não acreditou em você?"

"Não!"

"Então por que não espera que ela tenha a chance de se explicar?"

"Ela não fala comigo há meses."

"O que foi que eu te disse quando tudo isso aconteceu?"

"Para dar um tempo para ela pensar." Respondi. "Mas aquela foto..."

"Leo, você, no lugar em que está, o mesmo lugar em que ela esteve, gostaria de tirar satisfações com ela agora? Você viu quantas pessoas mandaram mensagem, a marcaram naquela foto? Você pode imaginar o que a garota sentiu? Pelo menos, ninguém te marcou, nem cobrou nada de você pelo que o irmão dela postou. E mais uma coisa: eu estou aqui te ajudando, não estou?" Eu assenti. "Ela teve alguém, Leo? Ela está longe de todos os amigos dela. Como você pode saber se ela teve apoio?"

"Eu não sei."

"Então."

Deitei para trás na grama, olhando o céu agora com um tom laranja arroxeado manchando o azul claro. E se a Sara tivesse razão? Se a Megan tivesse sofrido tanto quanto a Anna disse naquele e-mail em que me xingou? O que eu ia fazer agora? Que saudade daquela menina. Quando me dei conta, a lua cheia pairava no horizonte, enorme e amarelada. Eu sorri.

"Oi, Meg." Murmurei para mim mesmo.



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Nota da Autora:
Geeente, estamos quase chegando no fim desse livro, espero que estejam curtindo e prontos pro próximo...
Beijos

COMO EU IMAGINAVAOnde histórias criam vida. Descubra agora