Capítulo 26

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"Absolem: Ninguém jamais conquistou coisa alguma com lágrimas."
(Alice no País das Maravilhas)

"Megan, você precisa se levantar." Era a voz do TJ.

Eu tirei os dois cobertores de cima da minha cabeça e olhei para ele. Meu irmão vestia uma calça jeans larga, All Star preto, blusa preta e a jaqueta do time de futebol, com a letra C no peito.

"Não, obrigada." Eu disse, voltando para baixo das cobertas.

Fazia 10ºC lá fora e tinha um jogo de basquete do início do campeonato hoje a noite, as líderes de torcida não iam animar, então não tinha nenhuma chance de eu levantar da cama.

"Qual é? Até quando vai ficar assim? Já faz uma semana!" Ele rebateu. "Por que não fala com a psicóloga da escola?"

"Eu não preciso de uma psicóloga, TJ! Só estou cansada!"

"Cansada de que? Você quase não sai mais dessa cama!"

"Não saio? Eu vou a todas as aulas, eu não falto ao clube de teatro e nem ao coral, e não houve um único treino que eu não estivesse lá!" Eu respondi aumentando a voz e sentando na cama.

"Não é disso que estou falando! Você não sai mais com seus amigos, só fica deitada!"

"Eu vejo meia amigos todos os dias na escola e chego em casa exausta, eu tenho o direito de não querer sair!"

"Foi para isso que você veio? Pra fugir da sua realidade? Para se esconder?"

"Eu não me escondo! Eu estou aqui, não estou?"

"Você anda de cabeça baixa pelos corredores desde que tudo isso aconteceu! Você praticamente corre de uma sala para a outra e foge do campus no almoço, logo que a aula acaba, adivinha? Você praticamente voa para casa! Isso não é se esconder?"

"Eu só preciso de um tempo! Eu preciso de espaço e eu vou me adaptar. Qual é o problema agora?"

"E custava você falar isso?" Ele relaxou. "É a primeira vez que pede isso. Não custava falar isso conosco. Somos seus amigos, sua família. Estamos aqui pra te ajudar."

"Eu sei, TJ, eu sinto muito."

"Não sinta. Está tudo bem. Eu te trago um cachorro-quente."

Ele já ia sair do quarto, quando pulei da cama e corri atrás dele.

"TJ!" Chamei e ele olhou para trás. "Eu vou. Mas você vai ter que me pagar um hambúrguer."

Ele abriu um sorriso enorme.

"Até dois, se quiser." Ele respondeu. "Vai trocar de roupa, rápido."

Por um momento, pensei em ir como estava, mas ai me olhei no espelho e pensei melhor. Estava com o rosto inchado e mais pálido que o normal, o cabelo estava preso em um coque bagunçado, eu tinha olheiras arroxeadas e estava com um pijama de moletom e pantufa de coelhinho, que a Savannah tinha me dado para ser minha companhia durante a sofrência em que eu me encontrava.

Entrei no closet e comecei a abrir gavetas e puxar araras. Peguei uma saia preta, uma meia-calça arrastão da mesma cor, um coturno preto, uma blusa branca e um casaco de couro preto. Sai e sentei no banco da penteadeira, penteei o cabelo e fiz uma maquiagem leve, só para cobrir a cara de doente que eu estava. TJ pegou meu casaco e jogou de volta no divã do closet.

"Está frio." Eu comentei.

Ele riu e me entregou uma sacola de papel.

"Use essa."

COMO EU IMAGINAVAOnde histórias criam vida. Descubra agora