Capítulo 3 - Leo

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"Nunca deixe que alguém te diga que não pode fazer algo. Se você tem um sonho, tem que protegê-lo. "
(A Procura da Felicidade)

         Eu não pensei que ela fosse ficar com tão brava. Quando eu fui embora da festa, eu pensei que as coisas fossem ficar mais fáceis, mesmo quando ela não respondeu as minhas mensagens e eu achei que ela pudesse simplesmente ter se esquecido de olhar o celular na festa e depois ter ido dormir. Mas ela também não respondeu na manhã seguinte e nem atendeu a nenhum telefonema. E, por fim, achei que se perguntasse a ela, ela me ajudaria a esclarecer o porquê da raiva dela.

       Mas ali estava ela, deitada de biquíni na minha frente, simplesmente descrevendo os fatos, pelo ponto de vista dela.

                "Ah, Meg, me desculpe, mas eu estava bêbado! E eu pensei que você que você sentisse o mesmo por mim!" eu tentei me defender. Discutir com ela já tinha quase virado rotina, mas eu não queria isso agora.

                "Sentir o quê, Leonardo?" ela tinha me chamado pelo nome todo, o que era difícil, eu a olhei, surpreso e engoli em seco.     

               "Ah. Eu..." eu não sabia o que dizer. Que eu gostava dela? Ela iria se assustar e se afastar. Mas se eu não dissesse... "Gosto de você. Quero dizer, você sabe. Talvez... eu não sei."

                "Mais que como um amigo?" ela sugeriu.

                "É. Talvez." Eu concordei e quase pude ver um sorriso no rosto dela.

                Ela continuou em silêncio, encarando a piscina, com uma expressão pensativa. Mas tinha algo mais ali que eu não conseguia entender o que era.

                "Por que não atendeu minhas ligações, nem respondeu minhas mensagens?" eu perguntei.

                "Eu precisava pensar." Ela respondeu sem me olhar.

                "Pensar em quê?"

                "Sei lá, Leo." Eu sorri ao ouvi-la repetir a mesma frase de quando eu perguntei o que ela queria fazer sobre o beijo que tínhamos dado, tanto tempo antes. "Seu melhor amigo, bêbado, te dá um beijo e vai embora sem explicar nada. Você não acha que algo que precisa ser pensado?" ela me encarou. Eu tentei não sorrir, mas os olhos dela pareciam lutar contra lágrimas que ameaçavam subir. Ela sempre pareceu ser aquela menina forte, firme, mas ela era uma manteiga derretida no fundo.

                "Eu fui horrível com você, eu sei! Meg, me desculpa! Eu disse que queria consertar, mas você precisa me ajudar!" eu me irritei e comecei a me levantar.

                "Leo!" ela gritou e eu senti a mão dela puxar meu braço.

                Eu olhei para ela, disposto a mandá-la soltar e sair de perto dela, de novo, mas ela não parecia querer o mesmo. Ela estava com a cabeça tombada de lado, com a expressão confusa e pensativa. Ela endireitou a cabeça e pude ver a expressão dela mudar. Parecia decidida. Levei um segundo para perceber o que estava acontecendo e mais um para retribuir o beijo dela. Ela se afastou depois de alguns segundos, deixando uma das mãos ainda no meu braço e a outra no meu rosto. Ela deu um sorrisinho tímido.

                "Eu vou tentar." Ela disse.

                "Eu não sei o que dizer, Meg." Ela revirou os olhos, sorrindo.

                "Nós vamos dar um jeito."

                Eu abri a boca para responder, mas não consegui pensar em nada, e a fechei novamente.  Eu só consegui ficar olhando para ela. A Megan era simplesmente linda, proporcional ao seu um metro e sessenta de altura, tinha os cabelos castanhos levemente ondulados até o fim das costas um pouco molhados por causa da piscina, os olhos castanhos sorriam mais que a boca, a pele clara parecia delicada em contraste com o biquíni azul escuro com a bandeira dos Estados Unidos estampada.

                Eu me aproximei de novo, tomando o cuidado de analisar cada reação dela, passei um braço ao redor da cintura dela e ergui o outro para passar a mão pelo rosto dela, que se inclinou em direção à minha mão e sorriu. Eu respirei fundo, antes de diminuir a distancia entre nós dois. Dessa vez ela não fez nada para resistir, ficou parada esperando até o momento que eu a beijei e retribuiu. Eu só conseguia sorrir. Ela enrolou os braços ao redor do meu pescoço e eu suspirei, feliz.

                "Suas amigas vão enlouquecer." comentei quando nos afastamos.

                "Eu me esqueci delas!" ela olhou de um lado para o outro como se estivesse procurando as amigas. "Elas vão me matar por deixá-las sozinhas esse tempo todo!"

                Eu ri.

                "Elas vão sobreviver. E vão ter você só para elas o resto do dia." Eu disse.

                "Não vai ficar?" ela fez aqueles olhinhos de cachorrinho, que me fazem ter vontade de abraçar ela, apertar e levar pra casa.

                "Hoje não. Eu tenho algumas coisas para fazer em casa. Mas quer sair amanhã e conversamos com calma?"

                "Sim, seria bom." Ela disse.

                "Te encontro amanhã, então. No Boulevard? Digamos que às duas horas, na frente do cinema?"  eu perguntei e ela assentiu.

                Eu sorri e a beijei mais uma vez, só para ter certeza. Ela sorriu quando me afastei e revirou os olhos. Quando eu olhei para trás, depois de deixá-la, pude perceber a diferença. Ela tinha uma expressão mais leve quando vestiu a saída de praia branca e voltou a se sentar na espreguiçadeira e, ao invés de recolocar os fones de ouvido, ela pegou um livro de capa rosa na bolsa e o abriu. As coisas iam ficar mais fáceis agora.

COMO EU IMAGINAVAOnde histórias criam vida. Descubra agora