Capítulo 7

56 7 0
                                    

"A única forma de chegar ao impossível, é acreditar que é possível."
(Alice no País das Maravilhas)

Quando eu acordei de manhã, a Anna já estava de pé, andando de um lado para o outro falando em um inglês tão rápido que minha mente sonolenta não conseguia captar. Eu me sentei e percebi que ela estava conversando com alguém no celular e parecia nervosa. Ela percebeu que eu tinha acordado, fez um gesto me pedindo um minuto e saiu do quarto, entrando no banheiro, ainda falando ao telefone.
Eu me levantei e troquei de roupa, faltava menos de uma hora e meia para o Leo chegar e a Anna não saía do banheiro. Eu coloquei minha mochila e minha bolsa na varanda e fui tomar café com os pais da Anna. Eu já estava acostumada com os dois, os conhecia desde bem pequena. Meus pais os conheciam desde antes da minha irmã mais velha nascer, mas eles viviam viajando de um lado para o outro, até a mãe da Anna ficar grávida. Aí eles pararam no Brasil para cuidar da filha e eu e a Anna nos tornamos praticamente irmãs gêmeas, já que nascemos no mesmo ano e quase no mesmo dia (ela me fez o favor de nascer algumas horas antes, ou seja, ainda no dia 29 de abril, e me irritar todos os anos por ser mais velha).

Quando a Anna se mudou para o Canadá, eu achei que eu fosse ficar sozinha e que ela nunca mais ia voltar, que ela arrumaria outra melhor amiga lá e me esqueceria, mas nós duas nunca perdemos contato. Ela me contava cada loucura dela e eu contava minha vida brasileira, no mesmo lugar de sempre. A Natalie apareceu logo depois e também entrou para a família, apesar de sempre ter tido ciúmes da Anna.

"Anna! Vem tomar o seu café!" o pai dela gritou.

Ela não respondeu.

"Anna Oliveira Parsons, se você não sair desse banheiro e não desligar esse telefone em 30 segundos, eu vou garantir que você nunca mais volte para o Canadá e passe os próximos seis meses sem celular e sem computador!" a mãe dela gritou batendo na porta.

Eu não pude deixar de rir, a Anna sempre arrumou confusão e sempre ficava de castigo. E eu amava o nome dela, mesmo que gritado. Anna Oliveira Parsons. Mãe brasileira, pai canadense. Eu amava que o nome dela não fosse "Ana alguma coisa". Todo mundo sempre perguntava: "É Ana o que? Ana Paula? Ana Carolina? Ana Luiza?" e ela sempre respondia: "É só Anna! Com dois n's". E amava como o 'A' do nome dela soava aberto, como 'A' e não como 'An'.

"Anna, anda logo, antes que a gente se atrase! O Leo vai passar aqui daqui a pouco!" eu chamei, quando acabei o café.

Ela saiu e já estava pronta para sair. Eu escovei os dentes, penteei o cabelo e foi a conta de o Leo buzinar. A Anna pegou as coisas dela e nós corremos para o carro. Quando as mochilas foram guardadas no porta-malas e nós nos ajeitamos dentro do carro, o Leo deu a partida. O Rodrigo e o Samuel foram no banco de trás com a Anna e eu na frente com o Leo. O sítio, como o Fran prometeu, não era longe e nem difícil de achar. O Leo não passou o limite de velocidade nem por um segundo e nós chegamos lá em uma hora.

O Francesco já estava no portão sorrindo para nós, Leo riu e estacionou o carro entre o carro da Sara e o do Fran. Enquanto tirávamos as coisas do carro, vi que o sítio era enorme e bonito. O estacionamento era a parte mais baixa do sítio, então nós subimos uma rampa e eu pude ver melhor a casa. A casa era muito grande, toda pintada de amarelo claro, as janelas azuis e uma varanda enorme que rodeava a casa toda. Aparentemente eram dois andares, sendo que no de cima tinha uma sacada, que ocupava praticamente toda a frente da casa. De frente para a varanda, tinha um jardim com várias flores e uma casinha de cachorro vazia. Na parte de trás, tinha uma piscina, uma churrasqueira e um pequeno campo de futebol gramado.
A casa tinha quatro quartos, uma cozinha gigante, cinco banheiros, três salas, um escritório e uma sala de jogos imensa com jogos de tabuleiro e jogos eletrônicos. Nós deixamos as mochilas todas em um quarto e começamos a arrumar. Um grupo foi fazer o almoço, o outro foi preparar o que faríamos a noite, outro montou as barracas, um outro colocou roupa de cama nos quartos e toalhas nos banheiros. Quando acabamos, nós almoçamos e fomos tomar sol ou nadar. Alguns dos meninos ainda preferiram jogar futebol, apesar da Sara insistir que não se deve fazer atividade física logo depois de comer.

COMO EU IMAGINAVAOnde histórias criam vida. Descubra agora