8 - Reflection

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Era terça-feira.
Sophia tinha ido passar a tarde na casa de uma amiguinha.
Annie estava trabalhando; como sempre.
Erick estava em casa. Mas ele estava tão quieto que parecia que não estava.
Era dia de faxina.
Ele sempre saía do cômodo em que eu estava arrumando, pra não atrapalhar em nada. Parece até que tem alergia a faxina, meu Deus! Mentira, eu que disse que não precisava mesmo! Nas últimas faxinas eu vinha colocando um fone de ouvido e eu ficava tão perdida nos meus próprios pensamentos que achava que era melhor eu fazer isso sozinha, mesmo.
Limpei todos os cômodos, deixando o de minha irmã por último, contudo, por mais que eu tenha enrolado muito, era a hora de enfrentar os meus medos e fazer a faxina no quarto dela.
Mas eu não poderia fazer isso sozinha.
- Por favor, Erick!- Implorei.
Estávamos sentados no sofá e eu estava tentando convencê-lo a fazer a faxina comigo naquele quarto.
- Mas você mesmo disse que queria fazer isso sozinha! - Retrucou, com o olhar de "te peguei!".
- É, mas não esse cômodo! Por favor! - Tornei a pedir.
Ele suspirou e me olhou nos olhos.
Ficamos por um bom tempo olhando um nos olhos do outro, sem piscar, sem desviar o olhar, sem falar nada.
Até que o ser a minha frente começou a piscar e balançou a cabeça, como quem quer voltar a realidade. E quebrou o silêncio, dizendo, com um aceno de cabeça:
- Okay.
- Sério mesmo?! - Perguntei, descrente e animada.
Ele riu.
- Sério mesmo!
- Yeah! - Gritei, animada.
Erick sorriu e levantou. Declarou, estendeu a sua mão pra mim, fazendo uma reverência exagerada.
- Senhorita! - Declarou, estendeu a sua mão pra mim, fazendo uma reverência exagerada. Ri. -Me concede o prazer de sua companhia numa aventura épica onde seus medos são totalmente superados e enfim poderemos retornar vitoriosos? Mas não é qualquer vitória! Se trata de uma vitória que apenas os verdadeiros heróis têm a honra de receber e...
- Para de drama! - Cortei-o, rindo com vontade.
Ele me acompanhou com sua risada.
Então estedeu a sua mão novamente e comentou, sorrindo:
- Amo sua risada!
Dei um sorriso genuíno.
-Mas enfim, a senhorita me acompanha?
Eu ia dizer que a minha risada é horrível, mas resolvi permanecer com o sorriso e um aceno de cabeça:
- Claro!
Então aceitei a sua ajuda.
Todavia, em vez de me levantar delicadamente, me puxou do sofá. Acabei tropeçando, mas consegui ficar de pé. Nos olhamos e rimos da cena cômica. Até que ele conseguiu respirar e disse, com um olhar brincalhão:
- Nossa, você é pesada, hein?!
- Tá me chamando de gorda? - Indaguei, rindo.
- Não seria mal emagrecer um pouco, né? - Comentou, rindo histericamente.
Por mais que eu quisesse reclamar, não pude deixar de rir também. A risada de Erick era contagiante!
Então o empurrei, ainda rindo.
Mas ele conseguiu se equilibrar e me empurrou muito mais de leve.
Passamos todo o caminho até o quarto da Sophia assim.
Até que chegamos na porta, e meu bom-humor acabou completamente.
Erick notou que eu fechei a cara.
- Ei! - Chamou, carinhosamente. - Vai ficar tudo bem, okay?
Respirei fundo.
Fechei os olhos.
Então senti algo agarrando a minha mão. Espera... Era outra mão! Não precisei abrir os olhos pra descobrir que era a única pessoa que consegue me acalmar com apenas um toque delicado: Erick!
No entanto, abri os olhos novamente e me concentrei nos seus olhos negros. Foi tão natural e hipnotizante, que acabei me perdendo na imensidão negra e fui totalmente sugada por ela. E seus olhos me diziam: "Você consegue! Eu acredito em você!".
Consegui interromper a ligação, de algum modo, e fechar os olhos e sorrir. Apertei ainda mais a sua mão, que acabou por transmitir coragem pra mim, de uma forma que nem mesmo eu poderia imaginar.
Respirei fundo e girei a maçaneta.
E o quarto dela estava horrível!
MEU DEUS, ESTAVA MUITO DESARRUMADO!
- É só eu passar duas semanas sem limpar que isso aqui já vira uma zona?
Ele riu.
- É o que parece!
Sorri.
- Então, ao trabalho!
E começamos a "faxinar"!
Seguimos arrumando em silêncio e separadamente. O que, pra mim, estava ótimo! Preferia estar mergulhada em pensamentos... Embora toda vez que olhasse para aquele espelho, estremecesse.
Até que ouvi um barulho alto e inesperado: Barulho de vidro quebrando! Virei instintivamente e deparei-me com Erick olhando para pedaços de vidro, frustrado e dizendo:
- Merda!
- Relaxe! Acontece!
Ele suspirou.
- Espera aqui! - Disse, saindo apressado. -Já volto.
- Mas...- Tentei falar.
Infelizmente, ele já havia saído.
- Idiota. - Resmunguei.
Observei cautelosa e medrosamente o espelho.
- Okay, espelho! Somos só você e eu!
Então ri de mim mesma.
A que ponto eu cheguei?! Estou falando com um espelho!
Então resolvi parar de drama e enfrentar meus medos. Quanto antes eu fizesse isso, melhor.
Afinal, até parece que um simples espelho ia me separar da minha família e ia causar a morte das pessoas que amo!
Movida pela coragem olhei firmemente para o meu maior pesadelo.
E pra provar que poderia superar, sentei no chão de frente pra ele.
Sem tirar meus olhos um segundo sequer.

Já estava ali a um tempo... E Erick ainda estava sumido.
Mas continuei prestando atenção naquele espelho.
Foi quando percebi que no reflexo do espelho se encontrava um relógio na parede. Um relógio que eu nunca havia visto antes!
E comecei a prestar atenção em seu reflexo...
Suas longas astes se movendo pra trás... Seus números espalhados por suas estramidades... E seu barulho, que começou a preencher a minha cabeça...
Tic-tac...
Tic-tac...
Tic-tac...
Tic-tac...
Tic-tac...
Tic-tac...
Até que eu não conseguia mais ouvir o barulho, e a escuridão assumiu as rédeas da minha visão enevoada.

Acordei deitada num ambiente sem cor.
Então entrei em pânico antes de pensar em outra coisa.
TÔ LASCADA! COMO ASSIM? EU TÔ SONHANDO! TENHO CERTEZA!
- Não, Milena! Você não está sonhando! - "Esclareceu" uma voz calma.
Pulei de susto.
Olhei ao redor.
Não havia ninguém.
Tentei me acalmar.
Calma, Milena. Isso foi só a sua imaginação!
- Não, não foi! - Falou a voz calma, levemente ofendida.
Pulei de susto novamente.
- Q-quem... Quem é você?- Questionei, gaguejando de tanto medo.
- Relaxe! Você está na porta de Reflection!
- Reflection? Oi? O que é Reflection?
- É onde o seu futuro lhe aguarda!
- Mas eu não quero chegar ao meu futuro! - Choraminguei. - Eu quero voltar pra minha casa!
- Eu sei, querida! - Falou a voz, com doçura. - Mas, nós não temos como fugir de nosso futuro!
Então, eu chorei.
- Não tem nenhum jeito de eu voltar pra casa? - Perguntei, com a voz chorosa.
- Você voltará! Mas, confie em mim, tudo será explicado em Reflection!
Respirei fundo.
Limpei as lágrimas.
- Então, vamos logo! Quero voltar para a minha família!
- Claro, querida! - Falou a voz, com uma doçura que eu nunca tinha ouvido na minha vida.
Uma doçura que me acalmou.
- Então, como eu entro em Reflection?- já me sentia mais calma.
- Entre no espelho! Essa é a chave para Reflection!
- Mas que espelho?- Perguntei, confusa.
- O que está nessa sala! - Falou a voz, paciente.
Virei a minha cabeça até um espelho entrar no meu campo de visão.
- Ah! - Falei. - Então aí vou eu... Tchau, voz!
A voz riu.
- Tchau, Milena!
Então atravessei o espelho, para o que a voz dizia ser o meu futuro, Reflection.

Ao passar pelo espelho me deparei com praticamente uma praia. Mas ela tinha muita vegetação.
O seu ar era tão puro!
Era como se ali não existisse poluição, ou desmatamento, ou nada! Apenas o som dos pássaros, da água, do burburinho do vento batendo nas árvores... Era tão agradável!
Suspirei, diante daquele lugar maravilhoso.
Então olhei para baixo, e deparei-me com uma roupa diferente.
Não estava mais com as roupas surradas e velhas de faxina, e sim com um vestido branco, até os joelhos, de alças e para a minha felicidade, leve e fresco, não pesado e quente! E meus pés estavam descalços, tocando a areia fina.
Levei a mão aos meus cabelos e vi que eles não estavam mais presos num rabo de cavalo. Estavam soltos e leves! E, para a minha surpresa, não estava muito calor, era como se a minha cabeça não pesasse.
Sorri.
Era meio impossível não sorrir diante de um ambiente tão agradável como aquele.
Uma voz me despertou dos meus pensamentos.
- Olá, Milena! - Falou, animada.
Olhei na direção da voz.
E me reencontrei com a pessoa que me fez ficar paralisada! E tudo que conseguiu sair de meus lábios, foi:
- Você...

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Oieeee! Rebeca falando! Tudo bem com vocês, queridos leitores?? Espero que sim! Eu sei que não costumo falar muito com vocês, hehehehehe! Mas resolvi comecar a falar! Enfim! Vim aqui pra perguntar: O que vocês tão achando da história?? Tão gostando?? Tão curiosos?? Há algo que eu poderia melhorar?? Falem tudinho! Bom, praticamente é isso! Muuuuito obrigada por ler Reflection!!
Byeeee!!

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