14 - Daqui só sairá...

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Estava desbravando o interior dos móveis antigos da casa. Nunca tinha feito isso e tava achando cada coisa bizarra! E meu Deus, tudo aquilo estava cheio de poeira! Socorro!
Alguns dias tinham se passado desde que eu tinha aceitado ser guardiã e ainda não tinha chegado em uma conclusão concreta de quem eu deveria escolher. Não conseguiria viver sem Sophi, mas também não conseguiria viver sem Erick! Isso me deixava numa dúvida desgraçada.
Acordei dos meus pensamentos e percebi que um livro estava em minhas mãos. Passei um paninho úmido por cima, pra tirar a poeira e abri o livro, curiosa.
Era algum tipo de livro de gramática antigo. Folheei o livro curiosa. Eu sempre soube ler, mas isso não significa que eu aprendi tudo estudando em escolas públicas.
Na página em que abri tinha uma pequena explicação sobre verbo intransitivo, transitivo direto e transitivo indireto. Eu tinha um leve vislumbre de alguma professora comentando isso, mas nunca entendi o que realmente era.
Observei todos os verbos, mas o que mais me chamou atenção foi quando eu vi o verbo proteger no transitivo direto. Se "Eu protejo", quem protege protege algo, certo? Não pude deixar de pensar nas bolhas.
"Eu protejo as bolhas".
Observei a frase criada em minha cabeça e percebi o que eu deveria ter percebido muito antes.
- Se eu protejo algo... Eu protejo de alguém. - Murmurei, arregalando os olhos com a descoberta. - Eu protejo as bolhas de que?
Algo dentro de mim gritava que não era algo muito simples, ou pouco perigoso.
[...]
Algum tempo depois eu estava assistindo desenho animado no sofá com Sophi.
Mais ou menos na metade do filme, eu olhei pro lado e percebi que ela tinha dormido.
Suspirei e sorri.
Peguei ela no colo e a levei até a cama. Observei ela dormindo calmamente.
- Amor, você sabe que eu te amo. - Falei, com a voz chorosa - Eu te amo muito. Mas... - Senti algo conformador no peito. Como se aquilo fosse realmente a minha escolha. E estivesse certo. - Mas, eu não posso te escolher. - Uma lágrima solitária escorreu - Eu... Eu realmente não sei se conseguirei viver sem você. Mas, eu sinto que você não pode ir. - Chorei de verdade - Existe algo lá... Algo que eu sei que não posso controlar e não sei se poderia te proteger. - Parei um pouco, por causa dos soluços - Mas, mesmo lá eu continuarei te protegendo, okay? Observarei a sua vida inteira, e sorrirei a cada conquista. Nunca me esquecerei de você. Eu te amo, Sophi! Por favor, não se esqueça de mim!
Minha mão tremia, mas com cuidado eu consegui tirar uma mecha do cabelo dela de seu rosto e beijar sua testa.
[...]
Algum tempo depois, saí do quarto. Sentei no sofá e limpei as lágrimas.
Nunca entenderia porque tinha sido escolhida. Naquele tempo, eu só chorava. Mas, depois daquele momento, decidi chorar só pelo extremamente necessário. Não deveria gastar lágrimas a toa.
Mas, não conseguia parar de pensar na minha irmã.
- Lena, você viu os... - Erick parou assim que me viu - O que houve?
Olhei em seus olhos e percebi que, sim. Ele era o meu escolhido.
Suspirei.
- Com o tempo você descobrirá. - Falei - Lembra que você queria saber o que estava acontecendo e blá? Pois é. Chegou a hora de saber. Senta aqui - Disse, suspirando e dando tapinhas ao meu lado no sofá.
Erick sentou e me olhou, atento.
- Okay, vai parecer estranho, mas, segura a minha mão.
Erick me olhou com uma cara tipo: "Oi??", mas a segurou obedientemente.
Segurei o colar, fechei os olhos e desejei chegar a Reflection.
Suspirei feliz com o ar puro e as roupas leves, e abri os olhos.
- Cara, esse é o melhor lugar do mundo! - Falei.
Observei, divertida, Erick olhar as coisas de queixo caído.
- Onde estamos? - Perguntou ele.
- Erick, bem vindo a Reflection!
- Reflection?? - Perguntou, confuso.
- Você entenderá! - Falei, sorrindo.
- Milena! - Virei e encontrei a portadora da voz, sorrindo.
- Amy! - Sorri de volta.
Dei um abraço apertado nela.
- Amy, Erick! Erick, Amy! Apresentados. - Falei, gesticulando pra um e pro outro.
- Prazer. - Disseram, juntos.
- Enfim, vamos ao que interessa. - Falei.
- Então ele é o seu escolhido? - Perguntou Amy.
- É. - Falei, meio triste ao lembrar de Sophi.
- Espera... Eu não estou entendendo nada. - Falou Erick, com uma expressão tão confusa que chegava a ser cômico.
Troquei um olhar com Amy.
- Quer fazer as honras? - Perguntou ela.
- Não. Pode explicar. - Respondi.
Amy suspirou.
- Bom, sendo mais direta, Milena foi escolhida para proteger a vida de todas as pessoas do mundo.
O queixo de Erick caiu.
- É. - Continuou ela - E ela poderia escolher uma pessoa, apenas uma, pra não ficar aqui sozinha pelo resto da vida. De preferência teria que ser a pessoa que ela mais amasse.
Erick olhou pra mim, boquiaberto.
- Mas, - Continuou Amy - Existe uma parte que eu não contei. Existe um teste pelo qual vocês têm que passar.
- Qual teste? - Perguntei, alerta.
Amy suspirou.
- Bom...
- Pelo amor de Deus, calma! - Interrompeu Erick - Isso significa que eu vou passar o resto da minha vida guardando a vida das pessoas?
- Bom... É... - Confirmei - Desculpa te meter nisso. - Falei, de cabeça baixa.
Erick levantou levemente o meu queixo, me fazendo olhar para os seus olhos.
- Não tem porque pedir desculpas. Eu vou passar o resto da vida com você, né? Então... Não poderia ser melhor. - Falou, dando de ombros com um sorriso de canto.
Eu não podia acreditar naquelas palavras. Desesperadamente o abracei.
- Você é o melhor irmão que eu poderia querer. Sério. Obrigada! - Falei, vacilando um pouco na palavra irmão. Mas... Afinal era isso que éramos, né?
Ficamos ali algum tempo até Amy pigarrear, nos fazendo lembrar que ainda estava ali.
- Foi mal. - Falei, corada.
Amy riu.
- Tudo bem! Mas, voltando ao teste, é o seguinte: - Falou ela - Vocês vão entrar numa sala e lá, será revelado o que vocês deverão fazer.
- Hm... Okay... Mas, onde é que tem uma sala por aqui? - Perguntei.
- Venham comigo. - Falou ela, já começando a andar.
Eu e Erick a seguimos até um pedaço de floresta que eu reconheci. Era o mesmo da outra vez.
- Ostende te.* - Falou Amy.
Então uma porta surgiu bem na nossa frente. Era uma porta de madeira bem trabalhada, daquelas que nós vemos em filmes antigos. Mas aquela porta estava sozinha ali. Não havia sala ou casa que a acompanhasse.
- É aqui. - Ela disse - Vocês entrarão sozinhos. Espero vocês aqui.
- Okay. - Falei - Obrigada, Amy!
A abracei e fui andando até a porta. Minha mão agarrou a maçaneta com toda a força e eu a girei, me deparando com uma sala branca. Como... Como nos meus pesadelos.
Travei.
Só quando Erick veio atrás de mim e me empurrou levemente, me dando segurança com o seu toque, eu entrei.
Assim que entramos a porta bateu atrás de nós e eu dei um pulo de susto.
Olhamos lentamente cada canto daquele lugar... Mas não havia nada.
Até que algo começou a ser escrito na parede. Não havia mão, mas dava pra ouvir o barulho das ranhuras e a frase sendo escrita com uma caligrafia perfeita, em tinta preta.
Eu e Erick observamos atentos enquanto a frase era escrita.
Quando a frase estava lá, pronta pra ser lida, eu li o seguinte:
"Hic erit solus qui vestri maximus mysterium revelatum est"**
Li até o final, me assuntando por entender e totalmente sem chão com a tradução de tal frase.
- O que é isso?? - Perguntou Erick.
- Latim. - Respondi, com a voz falha.
- Mas, você sabe o que significa? - Perguntou ele.
Assenti.
- Significa: "Daqui só sairá... - Parei e completei, quase inaudívelmente - Quem o seu maior segredo revelar".

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*Revele-se
**Daqui só sairá quem o seu maior segredo revelar

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Iae, meu povo? Como é que vai a vida? Vcs tão bem? Espero que sim! Vou acabar o cap assim mesmo, pq sou do maaaaal! Mas, espero que vocês gostem! Me falem pfvvvvv! A opinião de vocês é importante! Bom, é isso! Obrigada por ler Reflection! Tchauzinho 💜💜

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