Capítulo 10

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  COMPLETO ATÉ DIA 24/06/17  

Por Carla

Diário, eu sei que estive aqui há poucas horas, mas preciso contar o que aconteceu nessa noite. Ou melhor, no que vem acontecendo de uns dias para cá.

Eu conheci um cara.

Na real conhecer não é o verbo adequado. Fomos apresentados, ou tivemos a coincidência de estarmos nos mesmos lugares e conhecermos pessoas em comum.

Mas o que interessa não é isso, e sim o que vem agora.

Nossos dois primeiros encontros nem valem a pena ser mencionados aqui de tão irrelevantes que são. Focarei nos outros dois que tivemos antes na noite de ontem.

O primeiro foi no bar perto de casa onde eu vou sozinha para dançar e esquecer da vida por alguns momentos. Eu estava de boa, na minha, dançando alegremente quando um cara me abordou. Disse não para ele, mas não funcionou diário. E eu temi pelo pior quando ele me tocou e tentou me levar para um canto escuro.

Por mais que eu diga que não passou de um susto, eu fiquei em choque com as possibilidades que passaram na minha cabeça por milésimos de segundos.

Me vi sendo violada por outra pessoa novamente. Tocada sem o meu consentimento e ter que aguentar outra dose de o peso de uma pessoa em cima de mim, dentro do meu corpo, me machucando enquanto buscava o seu próprio prazer.

Eu sei que fantasiei demais, diário, mas as manchetes com esse tipo de notícia, é o que mais vemos hoje em dia.

E foi aí que ele apareceu para me salvar. Quando ele desviou a atenção do energúmeno que estava me empurrando, eu recobrei a consciência desses pensamentos e agi dando um belo tapa na cara dele.

Em resumo, depois disso, o Luiz me levou para casa de a pé e me fez esquecer o acontecido por alguns momentos. Fiquei agradecida por isso.

Nosso segundo encontro ocorreu alguns dias depois. O pneu da minha bike estourou e ele estava correndo na mesma praça que eu estava, voltamos para casa conversando todo o caminho, e naquele momento eu percebi que gostava dele como pessoa.

Estamos conversando há alguns dias pelo facebook. Apenas trocas de mensagens bobas e divertidas. Nada além disso, tu saber que eu sou uma pessoa fechada depois do que me aconteceu.

As conversas sempre têm essa pegada, alguma coisa idiota ou engraçada. Nada muito sério e que se leva à pensamentos e aberturas de brechas para perguntas mais complicadas. Uma coisa leve, sem compromisso e boa de se fazer.

Ele é mais velho (bem mais velho), têm quarenta e dois anos e uma filha dois anos mais nova que eu. Viúvo há doze anos, em decorrência de um acidente de carro. Médico com residência em psiquiatria, mas acredito que isso não significa que tenha mudado alguma coisa no seu comportamento, porque ele não bate bem da cabeça.

Sabe porque eu digo isso, diário? Por que ele não é certo e, às vezes, eu chego até me esquecer da nossa diferença de idade e penso que estou falando com alguém mais novo do que eu em vários sentidos. E confesso que isso que não deixou eu mandar ele para longe, como eu sempre faço quando alguém começa a se aproximar de mim.

Gosto do fato dele ter um humor ácido, peculiar e como isso me faz rir. Tem noção de quanto tempo fazia que eu não me divertia com outra pessoa assim, diário? Pois é só olhar as datas das primeiras folhas e o que eu escrevia aqui para dizer...

Ontem nós saímos juntos. Não foi um encontro ou coisa do tipo, foi uma saída para o bar perto da nossa casa para beber. E foi isso que fizemos. Aproveitamos a noite para ficarmos nos divertindo e dançando como loucos na pista de dança ao som de músicas agitadas.

LuizOnde histórias criam vida. Descubra agora