VII ✅

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Nayla acordou na manhã de quinta-feira sentido se nauseada. Na sua mesa de cabeceira  uma cartela de analgésicos e um copo d'água juntavam poeira.

Sentada em sua cama Nayla observou o sol pela janela. A luz forte tocando as folhas verdes das copas das árvores, o céu azul vibrante e as nuvens brancas e macias.

Ela abraçou os joelhos os trazendo para perto do seu peito e suspirou. O dia parecia lindo do lado de fora, mas mesmo um dia bonito não parecia atraente para a garota.

Já fazia mais de uma semana desde o velório de Steve. A polícia local e estadual trabalhavam juntos para tentar encontrar o assassino mas a investigação estava se provando cada vez mais e mais desafiadora. 

A polícia havia cercado a clareira onde o corpo foi encontrado, mas não acharam nenhuma pista. Nayla, sua família e alguns amigos foram entrevistado e prestaram testemunho na delegacia.

Ela mesmo passou horas repetindo para diferentes policiais a mesma versão da última noite em que os dois se viram. No entanto as investigações não haviam avançado. O rosto de Steve estava em todos os canais de notícias do estado, as pessoas sussuravam temerosas pelas ruas da cidade sobre o caso do rapaz. 

A polícia estava em toda a parte e tanto a casa dos Parkers quanto a sua cafeteria no centro da cidade haviam ganhado um pequeno memorial com fotos, cartas e flores.

Os humanos não eram os únicos a investigar a morte do rapaz. O corpo de Steve foi encontrado nas terras da reserva e sob circunstâncias sobrenaturais. Logo tornou-se obrigação dos Lobisomens da aldeia investigarem o ocorrido.

Mesmo com muito mais recursos do que os humanos, e um conhecimento mais vasto diga-se de passagem, a investigação por parte dos licantropos não havia avançado muito mais do que a dos próprios humanos. Aparentemente o responsável pela morte era um fantasma que não deixara pistas sobre sua indentidade.

Há dias a casa do alfa da alcatéia havia se tornado uma espécie de quartel general, lobos entravam e saiam da sala de estar o tempo todo, a casa estava repleta de sussuros e suspiros e haviam muitas mais bocas para alimentar. A medida que os dias se arrastavam Nayla via as olheiras de seu pai se tornarem mais e mais profundas e suas esperanças de justiça mais e mais distantes.

A verdade é que a morte de Steve afetava a todos, de maneiras diferentes, mas nenhuma dessas maneiras era positiva.

Nayla não se sentia preparada para encarar o mundo do lado de fora das paredes de seu quarto. Então ela preferiu manter-se na cama sentada encarando as fotos sem molduras coladas na sua parede com pedaços de fita adesiva.

Nas imagens Steve sorria para a câmera com os cabelos bagunçados. Em uma delas ele e Nayla estavam vestidos para o baile da escola e pareciam alegres. Vendo as fotos as memórias frescas em sua mente era difícil para Nayla aceitar que ele não estava mais lá. Que tudo àquilo havia acontecido em um passado que agora estava distante.

Nayla tentava se manter forte, tentava parecer indiferente, mas a verdade e que por dentro ela clamava por justiça.

A porta do seu quarto abriu se de repente. As dobradiças velhas rangeram fazendo o barulho despertar Nayla de seus devaneios.

Alex e Derek lado a lado entraram no quarto. Alex com seus ombros curvados e Derek com as mãos nos bolsos.

Eles entraram em silêncio, Derek fechou a porta atrás de si enquanto Alex se jogou na cama ao lado da irmã mais nova.

— Já chega eu estou cansado!

Ele declarou tomando mais espaço entre os lençóis de sua irmã.

— O que vocês dois estão fazendo aqui? Não deveriam estar lá embaixo na reunião?

O PredadorOnde histórias criam vida. Descubra agora