III ✅

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Nayla lutava para respirar, arqueando as costas ela tentava engolir todo o ar que podia, mas era em vão. Algo muito errado estava acontecendo. O ar não parecia o suficiente para encher seus pulmões.

A sensação era a de estar se afogando. A falta de ar, a deixava tonta, ela sentia o formigamento em seus membros. Seu coração doía.  Era como estar morta em seu próprio corpo. Não havia palavras para a sensação que espalhava pelo seu corpo.

Nayla ergueu sua mão esquerda observando todo o sangue que escorria de seu pulso aberto. Ela estava deitada em uma poça formada pelo seu próprio sangue.

Escarlate e quente.

O cheiro era doce e subia suas narinas.

Como aquilo era possível?

Como ela podia notar tantos detalhes quando estava obviamente batendo na porta da morte.

Nada fazia sentido.

  Ela ouviu um som. Eram passos ecoando em seus ouvidos, passos de que se aproximavam cada vez mais rápido. O pânico aumentava. A dor em seu peito se intensificava e ela sabia, de alguma maneira, que o responsável pela sua morte se aproximava.

Ela sentiu o cheiro, a aproximação, mas não viu nada fora  olhos vazios. Ele salivava com a possibilidade de degustar sangue e ela sabia disso. Ela não podia dizer exatamente como, mas ela sabia.

Era isso que ele queria, sua morte para que ele pudesse sugar sua vida. A coisa, ela duvidava que ele ou "aquilo" fosse humano. Ele ajoelhou-se com um sorriso macabro e levou o pulso da jovem a sua boca sugando todo o líquido vermelho. Ela tentou lutar, mas não conseguia se mexer. A dor era excruciante. Ela não entendia como podia sentir dor. Tudo que Nayla queria era se livrar daquilo, mas sem o controle do seu corpo ela não conseguiria. Ela queria gritar, mas sem fôlego em seus pulmões era inútil. Ela era um balão furado e sem vida.

E assim como tudo começou tudo se foi...

  Nayla sentou-se na sua cama abruptamente. O suor frio em seu rosto escorria dando lhe calafrios. Ela respirou fundo constatando que podia encher seus pulmões novamente.

O fôlego da vida voltava a soprar em seus pulmões como outrora fora. Ela rapidamente ergueu seu pulso notando que a pele continuava intacta sem nenhum sinal, sem cortes ou cicatrizes. A dor havia desaparecido. Seus olhos viajaram até a mesinha próxima a sua cama onde ela via o relógio informando que não passava de três da manhã. Nayla respirou aliviada uma vez mais.

  "Foi tudo um sonho".

Ela disse a si mesma.  Tudo não passava de um pesadelo bizarro. Aquilo que ela tinha visto, a criatura sugadora de sangue, ela sabia exatamente o que era. Vampiros.

Ela sentiu um calafrio percorrer seu corpo apenas de pensar no nome.

Bastava para ela. Nayla não queria mais pensar em monstros ou pesadelos vívidos. Ao invés disso ela levantou da sua cama, seus pés tocaram o carpete. Nayla caminhou cuidadosamente até o banheiro do segundo andar, que todos na casa dividiam.
 
Ela abriu a torneira e deixou que a água escorresse por um tempo. Com as mãos em forma de concha Nayla levou um pouco de água para o seu rosto. O choque frio a despertou o suficiente para ouvir a movimentação escada abaixo.

Nayla sentiu seus ossos congelarem. Algo, ou alguém, havia entrado na segurança de seu lar.

Nayla rapidamente abriu os armários do banheiro. Ela procurou por algo que pudesse ser usado como arma contra o invasor. Suas escolhas não lhe pareciam muito boas: alguns vidros de shampoo ou uma escova de dentes não pareciam muito eficazes contra um estranho que se aproximava das escadas. Cada passo que ela ouvia a deixava mais e mais tomada pelo medo. Rapidamente ela agarrou uma lâmina de barbear do seu pai e com cuidado saiu do banheiro.

O PredadorOnde histórias criam vida. Descubra agora