Oh a fragilidade da existência humana!
Em um minuto você está no topo do mundo, um adolescente forte e saudável com a vida pela frente e o bolso cheio de sonhos, e no outro você é apenas um corpo sem vida e sem história, abandonado no meio de uma floresta fria e úmida
Oh o poder perturbador da mente!
Nayla tentava fingir que estava tudo bem, que tudo voltaria ao normal em breve. Mas lá dentro ela sabia que nada nunca mais seria o mesmo. Se ela fechasse os olhos durante a noite ela voltava a clareira coberta de sangue.
Mas por mais que ela tentasse era impossível fugir da realidade.
Algo que a puxava de volta para realidade eram os barulhos e murmúrios vindos do andar de baixo.
Desde a chegada dos representantes do Conselho Supremo a casa se tornara cada vez mais e mais barulhenta. Ela ainda não tivera a oportunidade de conhecer os dois visitantes, mas isso não a impedia de ouvir os rumores a respeito dos convidados.
Ela ouvira em mais de uma ocasião, Derek reclamar a respeito do Alfa da dupla com seu sarcasmo e comentários maldosos. E honestamente depois de ouvir um ou dois relatos quanto a postura do homem ela não estava nenhum pouco animada com a possibilidade de conhecê-lo. O Beta parecia o tipo calado e misterioso, ela não ouviu muitos comentários a respeito do segundo, mas isso não a tornava mais animada para conhecê-lo.
Alex não parecia ter uma opinião formada a respeito de qualquer um dos dois visitantes e ela mal havia visto seu pai desde a morte de Steve. Com todas as atenções humanas e sobrenaturais na reserva o Alfa se via sem muito tempo entre reuniões.
Sky agradecia aos céus pelas férias de verão ou não teria como dividir sua atenção entre o trabalho como professor do ensino médio e chefe de uma aldeia.
Infelizmente o assassinato ainda não eram águas passadas.
Nayla suspirou fundo e largou seu celular no carpete quando ouviu uma batida na porta. Ela ignorou as primeiras batidas.
- Honiahaka.
A voz forte era inconfundível. Ela sabia exatamente quem estava do outro lado, mas Nayla se sentía sem animo para abrir a porta.
- Eu sei que você está aí. Se você não abrir a porta eu serei obrigado a arrancar ela das dobradiças... Outra vez.
Nayla conhecia bem Derek. Ela sabia que ele não hesitaria em fazer-lo. Assim ela se viu forçada a levantar se e abrir a porta.
Derek a encarou com olhos brilhantes. Ela podia ver esperança e otimismo refletidos neles. Ele mal esperou que a garota o convidasse para dentro antes de cruzar a porta e começar a vasculhar o espaço com os olhos. Ele torceu o nariz para as pilhas de roupas jogadas e sapatos espalhados. Nayla conhecia aquela expressão, ela cruzou os braços e encarou, havia algo de curioso no modo como Derek parecia entusiasmado. Talvez até entusiasmado demais.
- Onde estão os seus tênis? - Ele finalmente perguntou, ainda com o corpo encurvado buscado por pistas no chão. - Esse quarto é nojento!
Derek exclamou.
Nayla sabia bem que nunca fora das mais organizadas. Mas ela se entendia bem no meio de suas pilhas. Era reconfortante manter um espaço em que ela estivesse livre das normas e regras. Um lugar livre onde ela era livre. Ela não gostava da ideia de tantas regras, talvez por isso o grande espírito não havia a dado qualquer casta. Talvez ela estivesse destinada mesmo a solidão.
E foi naquele momento que Nayla percebeu que ela havia crescido, ela não se importava mais com coisas tão banais como castas, normas ou ser aceita. Nada daquilo era mais importante.
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O Predador
WilkołakiO solstício se aproxima e com ele os lobos que chegaram a idade adulta podem enfim experimentar sua transformação... Nayla esta, como todos os jovens de sua alcatéia, nervosa com o ritual de transformação, a pressão dos pais e o medo da dor de assum...