Desejo

◆ Three ◆

Já havia se passado um mês desde que havia tido a oportunidade de concertar sua vida. Estava feliz com Luhan e não mantinha nenhum contato com Kyungsoo fora do trabalho, o que era um grande passo já que fora aquilo que o fazia se sentir tão culpado no passado. Ou seria futuro?

Minseok estava preparando os pães que eram a origem de seu apelido. Luhan dizia que, quando eram mais novos, ele tinha as bochechas mais salientes, e por ser extremamente branco pela falta de sol, elas lembravam os pãezinhos chineses. O apelido não era conhecido, só era usado quando estavam a sós por ser algo íntimo demais, segundo Luhan.

A tarde estava fresca naquele dia, o sol parecia iluminar até os lugares mais sombrios da cidade do lado de fora da janela. Luhan se apoiava na mesma olhando toda a pequena cidade de Guri, cidade natal de seu namorado. Os olhos vagavam pelas ruas a sua vista, as pessoas pareciam formigas e ele sorria serenamente com a brisa que tocava seu rosto bagunçando sutilmente seus fios. Perguntava-se se poderia se sentir mais feliz e completo do que estava. Se algum dia algo que não fosse o cheiro de pão, café e flores fosse ser mais agradável e reconfortante para si.

- Luge, estão prontos. - A voz do moreno o tirou de seu curto devaneio.

- Eu já vou.

- No que está pensando? - Se aproximou do corpo magro o abraçando por trás e deixando um curto beijo em seu ombro.

- Na felicidade... - respondeu sorrindo fraco enquanto se virava para fitar os olhos felinos e encantadores que também os observava. - Eu tenho tudo o que preciso - envolveu o pescoço dele com seus braços o puxando suavemente -, bem aqui.

Minseok não saberia dizer o que fez seu coração pular dentro de seu peito. Era como se toda a dor que fizera o mais novo passar, num passado já inexistente, fosse oxidada e sumisse como uma simples fumaça. Não se arrependia de ter feito aquele pedido, tudo parecia estar no seu devido lugar, e aquele sentimento foi selado com o toque suave dos lábios de Luhan aos seus.

◆

O suor escorria frio por seu corpo causando a sensação que ele menos esperava ter. Os olhos se mexiam por baixo das pálpebras fechadas e a respiração ficava cada vez mais pesada. O corpo se virou bruscamente na cama e escorregou para o chão com um baque forte fazendo ele acordar assustado olhando para o ambiente ao redor.

Tudo estava normal.

Foi apenas um pesadelo.

Se levantou respirando fundo e indo direto para o banheiro para lavar o rosto com água fria, esfregou os olhos e esticou a mão para abrir a torneira, mas como se já não bastasse seu pesadelo, ele viu sua mão passar direto pelo ferro gélido. Os olhos saltaram e um desespero começou a tomar seu corpo a cada tentativa de tocar na torneira.

- Isso só pode ser brincadeira.

Saiu do banheiro, e enquanto voltava para o quarto, tentou tocar em tudo o que aparecia em sua frente, mas não conseguia de maneira alguma. Entrou no quarto afobado deixando um grito mudo sair de seus lábios abertos em surpresa ao olhar para a cama que a pouco estava deitado.

Ele estava lá. Seu corpo estava lá. Ele podia observar de longe suas próprias feições a dormir. Era como se fosse outra pessoa completamente igual a ele.

- Eae mulecote!

Uma voz grossa surgiu ao seu lado fazendo com que desse um pulo com o susto repentino. Olhou pasmo para a figura alta ao seu lado e piscou diversas vezes até que percebesse que o cara ao seu lado não era uma ilusão.

- Q-quem é você? - Disse com o fio de voz que lhe surgiu com muito esforço. Olhou a figura alta com atenção reparando desde os olhos grandes, os fios descoloridos com um óculos de sol por cima - o qual achou esquisito já que era de madrugada -, a camiseta lisa na cor vermelha e a calça de un jeans escuro com tênis esportivos.

- Chanyeol parça, fui eu que atendi seu pedido naquele dia. - Falou simplista enquanto se apoiava na porta.

- Pedido? - O olhou completamente confuso, não conseguia pensar direito com tudo o que estava acontecendo. Estava começando a cogitar o fato de ter ficado louco e estar imaginado aquele rapaz a sua frente.

- No seu aniversário mano, lembra que tu pediu páh volta e tals. Queria arrumar seu futuro com o chinês... Fui eu brow.

E como num estalar de dedos, ele se lembrou do tal pedido.

Abriu a boca uma, duas, três vezes mas nenhuma palavra saía, se antes estava confuso, agora não tinha nem condições de pensar racionalmente.

O olhar se voltou para a cama onde ele estava deitado percebendo que Luhan estava do seu lado, como haviam ido dormir. Logo voltou a fitar o rapaz ao seu lado, que o olhava com um curto sorriso brincando em seus lábios.

- Eu... - tentou falar algo mas estava óbvio que não sabia o que falar.

- Brother, relaxa que eu vou te explicar tudo.