Outro lado

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Pov Rodrigo

Acordei bem antes do despertador tocar, preciso ser rápido se quiser chegar a tempo no serviço, mas como chamo ultimamente, no inferno. Tomei banho, e já parti pra fora do apartamento. Parei o carro em uma lanchonete, como ela gosta muito de café, vou levar pra ela, bem ela só não gosta muito do café do hospital, puxa, ele é horrível mesmo.

-Bom dia, vim visitar minha mãe. - Pela manhã essas recepcionistas parecem umas zumbis, provavelmente essa teve plantão a noite toda

-Nome senhor.

-Meiry Montanari. - ela teclou algumas vezes no computador, certamente a procura do quarto, mais isso nem precisava, afinal todo dia eu a visito pela manhã. E na real, essa atendente já devia ter decorado meu nome, o da minha mãe e até o número do quarto. Mas tudo bem, esse é seu dever. Assinei a ficha de visitas, não sei para quê, até porque só eu a visito, e fui para o quarto 210.

-Bom dia!

-Bom dia, que saudades! - dramática, todo dia eu venho aqui.

-Trouxe seu café! - vi um sorriso em seus lábios. -Tive que escondê-lo dentro da bolsa.

-Desculpe meu filho, é que o café daqui é horroroso. - ela riu.

-Eu sei. - entreguei-lhe seu copo, e sentei em uma poltrona ao lado da cama. -Como se sente?

-Melhor agora. E vc? - mesmo em seu estado ainda se preocupa comigo. Essas são as mães, se importam sempre com o bem-estar dos filhos.

-Estou bem. - menti. Na verdade estou muito preocupado. Tenho muitas despesas. Estou terminando de pagar o apartamento, meu carro que esta na metade das prestações, coisas pessoais, mantimentos, alguns móveis novos que comprei, e pra lascar com tudo, minha mãe ficou doente e eu que arco com todas as despesas, sou filho único e meu pai morreu faz três anos, até tenho dois tios, mas eles tem suas famílias, a tia Betty até que mandou certa quantia no começo, mas foi o máximo que lá pôde, resumindo, minha guerreira só pode contar comigo. E minha maior preocupação é que o seu Otávio entregou a empresa nas mãos daquele demônio, por isso chamo lá de inferno, aquilo não é uma mulher, aquilo é o capeta.

-Filho? Você esta me ouvindo? - a olheie e ela estava com cara de confusa. Droga fiquei muito tempo pensando.

-Desculpe o que disse?

-Posso ver escrito em sua testa o nome preocupação Rodrigo! Não esta nada bem não é mesmo? - odeio ver aflição em seu rosto, odeio que ela sofra tanto.

-Só alguns problemas financeiros! - desviei meus olhos dos seus e fitei o chão. Não posso mentir olhando em seus olhos. Na verdade grandes problemas financeiros, e o pior é que não posso nem pedir aumento com aquela bruxa no comando. Eu ganho bem, mas com tantos imprevistos recentes, acabei me atropelando nas contas.

-Eu sei que em grande parte a culp....

-Nem mais uma palavra dona Meiry. Você não tem culpa de nada. Fique tranquila, eu vou dar um jeito.

Ela abaixou a cabeça e resolveu pensar um pouco. Ela sabe que essa história de ela ser a culpada e tal me incomoda, ela não tem culpa de estar doente. Não tem culpa dessa maldita doença ter resolvido atacar seu corpo. Arg, lembrar me da um ódio. Porque que existe doenças como essas? Que aos poucos levam as vidas das pessoas? As vidas de quem vai e de quem fica?

-Bom, então como vai sua convivência com sua chefe? - as vezes ela me pergunta isso, e sabe que minha resposta será sempre a mesma.

-A senhora sabe que convivência é algo possível com aquele ser. - bufei ao lembrar daquela uma!

Conversamos mais algumas coisas, quando olhei para ver a hora me surpreendi, fiquei ali com minha mãe mais que o esperado, a hora voou, e eu já estava 25 minutos atrasado.
Me despidi dela as pressas, sai correndo igual um louco no meio do hospital, entrei no carro e arranquei de lá. Parei em um sinal vermelho, olhei meu celular e vi que tinha várias ligações perdidas da Pâmela e uma mensagem: "se você não chegar em dez minutos a bruxa te demite." Olhei a hora que a mensagem havia sido enviada, exatamente a cinco minutos, eu ainda tinha metade do tempo. "Não dá mais pra parar em sinais vermelhos" pensei, então seja o que deus quiser.
Arranquei com tudo, ultrapassando todos os sinais vermelhos, que com certeza resultaria em pelo menos umas cinco multas. Estacionei na garagem da empresa e corri pro elevador. Cheguei onde fica as diversa cabines dos funcionários, e fui até a Pâmela, que fica bem próxima a minha mesa.

-A bruxa ta solta. Se prepara! - ela riu. Revirei os olhos e arrumei meu terno, respirei fundo e bati na porta. Ouvi um entre, e foi o que fiz. Tentei me desculpar pelo atraso mas essa megera me interrompeu. Debochou do tempo record de eu ter chegado aqui, ainda teve a cara de pau de me tocar, como quem tira sujeira. (Eu não estou com sujeira nos ombros, só para constar). Disse mais blá blá blá.. Ela não pode me demitir, sou o braço direito do senhor Otávio. Me pediu seu café como seu eu fosse um escravo. Cachorra! Ok, hoje ela me paga. "Uma colher de açúcar Rodrigo! Uma colher." Ouvi a megera dizer, isso porque eu sempre adoço de propósito seu café, fazendo com que ela mesma vá buscar outro. Mais hoje será diferente. Não consegui me conter e acabei liberando um sorrisinho, ela parece ter percebido, pois me encara com quem não acredita, até porque eu não sou muito de sorrir pra ela, a não ser que seja um sorriso debochado. Sem mais cerimônia, derrubei o café quente em sua blusa de propósito. Ela se enfureceu, mandou sair de sua sala, e eu sai com a maior vontade de botar tudo pra fora e gargalhar bem alto.

-Que sorriso é esse hein! - Pâmela perguntou, sentei em minha mesa e antes que eu pudesse responder qualquer coisa ecoou-se um grito, que na verdade mais era música para os meus ouvidos.

-EU ODEIO ESSA VIDA! EU ODEIO VOCÊ RODRIGO, SEU IMBECIL, IDIOTA, CRÁPULA, IMPRESTÁVEL.

Pude ver todos sorrindo e olhando pra sala daquele ser, e em seguida olhado para mim. Não me aguentei e caí na gargalhada.

Meu Noivo De MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora