"O Beijo."

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Rodrigo ON

–Vamos atrás dela Kah! — a Valéria prima da Julie chamava a outra.

–Podem deixar comigo. Eu vou atrás dela.

–Acho que devemos ir! Não sei o que aconteceu com ela.

–Meninas fiquem tranquilas! Eu sou o noivo dela. Vou lá acalmar ela, e a levo pra casa em segurança ta bom.

As duas concordaram e eu saí da boate igual um besta atrás da idiota da Bittencourt! Vi que o manobrista vinha chegando com o carro dela. Fui ate ela.

–O que foi Bittencourt?

–Nada Montanari! Só estou cansada! Vou embora!

–Então deixa que eu dirijo pra você! Seu estado não ta legal! —ela começou a rir alto.

–Desde quando se preocupa comigo seu imbecil? Me deixa em paz idiota!

–Eu to pouco me lixando pra você. A questão é que prometi a suas amigas que te deixaria em segurança!

–Foda-se! Não tenho nada haver com sua promessa! —ela disse enquanto o manobrista entregava-lhe as chaves. Como num flash, tomei as chaves de suas mãos, e a fiz depois de muita insistência, entrar no carro e deixar que eu a levasse!

Eu a olhei de canto e ela estava com biquinho de emburrada e balbuciava coisas incompreensíveis!

–Eu sei o que esta tentando fazer! — disse sem olhar pra ela e sorri de canto.

–O que? —ela me olhou esperando resposta!

–Você ficava emburrada e falava coisas sem sentido, pra ver se alguém te dava moral, pra assim você falar o que tanto ta com vontade! Pode falar! O que você tem?

–Pra começar, isso era coisa de adolescência! Um período idiota da minha vida! Onde coisas inúteis aconteceu! — ela me olhou, pra mim saber que ela tinha certeza do que estava falando! –E pra terminar, você não é minha amiguinha íntima pra mim desabafar! O último lugar que eu queria estar, era aqui com você, cretino!

–Mas porque todo esse ódio? Eu que devia ter ódio assim de você, cretina!

–Cala a boca! Porque você só apareceu  00:30?

–Agora quer conversar? — disse levantando uma das sobrancelhas.

–Vai pro raio que o parta! Idiota!

Ficamos em silêncio por um tempo, eu dirigia normalmente, ate que a louca fez ceninha!

–QUAL A PORRA DO SEU PROBLEMA IMBECIL? — ela gritou. Eu parei no encostamento, próximo a um ponto de ônibus e a encarei.

–Pra que isso? Ta louca? Alias, piorando, porque louca já é!

Ela desceu do carro, andou um pouco e se sentou em uma calçada. A rua estava deserta, já passava das 02:00 da manhã. Sai do carro e percebi que o vento tava bem frio, batia na pele e fazia enrijecer, olhei pra idiota sentada, e ela estava encolhida. Peguei minha jaqueta no banco do carro e levei ate ela. Ela não merece isso, mas eu ainda sou um ser humano, e não deixaria nenhuma mulher num frio desses, mesmo ela sendo uma mulher megera.

–Põe essa jaqueta senão você vai se resfriar!

–Montanari, para com a cena que já ta feio! Me deixa! — ela tacou a mão na jaqueta, a jogando de lado. Oh mulher nojenta!

–Vamos, entre no carro! Você ta muito bêbada! Dizendo coisa com coisa!

–Olha pra minha cara! — ela deu um sorrisinho! –Você sabe bem que não estou bêbada! –Pra que essa preocupação toda Montanari?

–Ja disse. Suas primas esperam que eu te deixe em casa bem! — me sentei na calçada também. Ela encarava os pés.

–Por que me defendeu lá dentro da boate? O mais coerente que você faria era se juntar aquele idiota, e me zuar junto com ele, mas você não fez isso. — ela me olhou!

–Verdade! Mas suas primas estavam lá, se eu fizesse isso elas pensariam mal de mim, e desse noivado. Já que eu to na chuva, tenho que me molhar néh. E pensando bem, esse dinheiro do contrato será bem vindo no final!

–O dinheiro néh! — ela disse, e abaixou a cabeça novamente! –Será uma boa mesmo pra você!

Ficamos um tempo em silêncio novamente, ate que eu resolvi quebrar o gelo.

–Você agora, desse jeito, ta me lembrando de uma antiga Julie! — peguei a jaqueta e a coloquei em seus ombros, ela a puxou e se agasalhou.

–Não sou mais essa Julie Rodrigo! Não sou! Eu me perdi! — "e como se perdeu," eu pensei. Coloquei seu cabelo atrás da orelha e a fiz me encara. Ela sem ter certeza de nada me olhou! Eu vi medo, angustia. arrependimento, sofrimento, tudo isso eu vi naqueles olhos azuis claros, que agora, eram de um azul escuro intenso.

–Você se perdeu, mas pode se reecontrar! E voltar a ser quem era antes! — ela não disse nada, apenas me encarava. Pode ser estranho, e é, com certeza. E eu me odeio por isso, porque prometi que jamais faria isso, mas devo admitir que a vontade que estou de beijar os lábios dela não cabe em mim. E como um impulso eu a puxo para perto de mim, e a beijo. Um beijo calmo e lento. Seus lábios são macios e continuam com aquele mesmo sabor de antes! O mesmo sabor de sempre! Sabor morango! Isso é loucura, muita loucura! Mas uma loucura tão boa! Deus me perdoe por dizer isso. Nos separamos, mantendo uma proximidade em que nossos narizes se tocavam, e nossos olhares se cruzavam em perfeita sincronia! Ela sorriu, e eu ri também! Então dessa vez, ela me beijou! E foi aquele beijo sabe! Foi "O Beijo."  Respirações ofegantes, coração batendo forte, e a mesma sintonia! Nos separamos novamente, e eu ainda de olhos fechados, sorrindo como um bobo apaixonado, sussurrei seu nome:

–Pâmela!

Meu Noivo De MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora