Sun Tzu diz: A guerra tem importância crucial para o Estado. É o reino
da vida e da morte. Dela depende a conservação ou a ruína do império. Urge
bem regulá-Ia. Quem não reflete seriamente sobre o assunto evidencia uma
indiferença condenável pela conservação ou pela perda do que mais se preza.
Isso não deve ocorrer entre nós.
A arte da guerra implica cinco fatores principais, que devem ser o objeto
de nossa contínua meditação e de todo o nosso cuidado, como fazem os
grandes artistas ao iniciarem uma obra-prima. Eles têm sempre em mente o
objetivo a que visam, e aproveitam tudo o que vêem e ouvem, esforçando-se
para adquirir novos conhecimentos e todos os subsídios que possam conduzilos
ao êxito.
Se quisermos que a glória e o sucesso acompanhem nossas armas,
jamais devemos perder de vista os seguintes fatores: a doutrina, o tempo, o
espaço, o comando, a disciplina.
A doutrina engendra a unidade de pensamento; inspira-nos uma mesma
maneira de viver e de morrer, tornando-nos intrépidos e inquebrantáveis diante
dos infortúnios e da morte.
Se conhecermos bem o tempo, não ignoraremos os dois grandes
princípios yin e yang, mediante os quais todas as coisas naturais se formam e
dos quais todos os elementos recebem seus mais diversos influxos.
Apreciaremos o tempo da interação desses princípios, para a produção do frio,
do calor, da bonança ou da intempérie.
O espaço, como o tempo, não é menos digno de nossa atenção. Se o
estudarmos bem, teremos a noção do alto e do baixo; do longe e do perto; do
largo e do estreito; do que permanece e do que não cessa de fluir.
Entendo por comando a eqüidade, o amor pelos subordinados e pela
humanidade em geral. O conhecimento de todos os recursos, a coragem, a
determinação e o rigor são as qualidades que devem caracterizar aquele que
investe a dignidade de general. São virtudes necessárias que devemos adquirir
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a qualquer preço. Somente elas podem tornar-nos aptos a marchar dignamente
à frente dos outros.
Aos conhecimentos acima mencionados convém acrescentar o de
disciplina. Possuir a arte de ordenar as tropas; não ignorar nenhuma das leis
da hierarquia e fazer com que sejam cumpridas com rigor; estar ciente dos
deveres particulares de cada subalterno; conhecer os diferentes caminhos que
levam a um mesmo lugar; não desdenhar o conhecimento exato e detalhado de
todos os fatores que podem intervir; e informar-se de cada um deles em
particular. Tudo isso somado constitui uma doutrina, cujo conhecimento prático
não deve escapar à sagacidade nem à atenção de um general.