AMEAÇA FANTASMA

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fsaraujo

Fabiano dos Santos Araújo


Ninguém sabe ao certo como as coisas eram no começo, afinal, nunca deram atenção de verdade a eles. Talvez eles tivessem no passado alguma forma, cor, peso, quem sabe até mesmo produzissem som.

Mas hoje isso talvez seja irrelevante. Quanta irresponsabilidade, quanta irresponsabilidade... Mas mesmo assim ninguém parece se preocupar com isso. Nossos vizinhos parecem mais alarmados, e eu diria também levemente desesperados, em comparação à todo o pessoal daqui.

Com exceção de alguns poucos, eles parecem anestesiados. E isso não começou agora. E é por isso que estamos nesta situação. Se tivessem atenção, atenção de verdade, talvez fosse diferente agora. Mas apenas os atingidos é que acordavam, só eles é que pareciam se mexer. Mas mesmo assim, mesmo tendo sido atingidos, dentre estes infelizes, muitos ainda voltavam à letargia. Muitos retornavam ao seu sono de quase morte.

Não sei realmente como isso é possível, mas acho que mesmo depois do ataque e do mal trazido como consequência, eles acabaram se acostumando e por isso estamos vivendo esta situação. Quem se manteve ileso, não se importa, e dentre os que sofreram as consequências, há aqueles que parecem seguir da mesma forma que os ilesos...

Não sei bem como as coisas chegaram ao ponto atual, às vezes escuto uns falando que isso é castigo por não terem cuidado enquanto era tempo, enquanto a ameaça não era tão grande.

Eles vêm em silêncio, invisíveis. Ninguém sabe de onde vêm. Ninguém sabe a sua forma, peso ou cor. Comentam que eles estão em toda parte e que podem ser identificados facilmente. Mas a verdade é que desconhecemos quem sabe como fazer isso.

Com suas armas e estratégias sofisticadas, eles chegam até os desavisados e iniciam o seu ataque. São tão precisos e talentosos em sua arte maligna, chegam incógnitos, atacam sem que a vítima se dê conta e se vão da mesma forma enigmática e silenciosa que surgiram.

Um exército que não deixa rastros, mas que tem uma marca própria. Um comprovante inegável e único de seu ataque exato e cruel, cada uma das vítimas é marcada para que se lembrem do ataque.

Não há endereço, condição financeira, idade ou barreiras que os detenham. Não há como se esconder por muito tempo... Todos em toda parte, há todo momento, são vítimas em potencial.

Tiram pouco das vítimas, mas o que deixam em troca pelo que tomam, é um fardo quase impossível de carregar. Infelizmente muitas das vítimas deste exército acabam sucumbindo ao peso de seus fardos.

E a cada nova onda de ataques eles têm trazido novos presentes para deixar a suas vítimas. Por vezes mais leves, por vezes mais pesados. Mas agora, com novas formas de fazer as pobres vítimas sofrerem.

E a cada vez trazendo um aviso que eles poderiam piorar da próxima vez, ninguém parecia ouvir, ninguém parecia querer ouvir.

O maldito exército de vampiros ronda por toda parte. Invisíveis e letais como somente eles são capazes de ser.

Os pobres tolos destas terras, mesmo sabendo dos ataques iminentes e das consequências destes, parecem preparar o terreno para o exército que chegará. Os vizinhos estão com medo. Eles estão desesperados com a sua nova arma secreta. Mas por aqui, existe sim o temor, agora que o mau está se instalando, agora que ataques definitivos atingem os pobrezinhos.

O exército de vampiros está nos rondando. Estão nos espreitando nas sombras, talvez tenham as suas cores, e por isso eles são invisíveis para todos nós. Eles estão chegando para nos atacar e atingir os pobrezinhos. Meu Deus, se não tivéssemos dormido tanto, dormido por tanto tempo. Se ao menos tivéssemos reagido aos primeiros ataques, o que será de nós? O que será dos pobrezinhos?

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