Capítulo 3

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O médico me examinou e ainda não falou nada.
Ele apenas anota na fixa em que eu dei entrada no hospital.

- Ana Clara ainda esta sentindo dor?
- Dói minha cabeça.
- Daqui a pouco virão te buscar para você fazer alguns exames.
Você ainda não esta se lembrando de nada? Nem do acidente?
- Não, é como se tivesse dormido, e só acordasse só agora.
- Bom não force, iremos fazer os exames e ai saberemos o que esta acontecendo, e preciso que mantenha a calma e não se altere.
- Vou fazer o possível...
- Eu irei ficar aqui doutor, vou ajudar para que ela fique quieta.

Diz a senhora acho que Joyce

- Dentro de alguns minutos virão busca-la, até mais tarde.

- Eu tenho quantos anos?

Pergunto para Joyce

- 23.
- Sou filha única?
- Não meu amor, você tem dois irmãos, estão lá em baixo com o seu pai e o Henrique.

Quando vou para perguntar quem é Henrique, dois enfermeiros entram e sem me tocar pegam meu lençol sem muito esforço e me coloca em uma maca levando o soro com eles, para os exames.
Fiz raio x, eletros, um chamado TC de crânio, ja estava exausta quando voltei para o quarto.
Estava sonolenta, até não ver mais nada.

Estou sonhando... uma mão me acaricia, ele esta chorando... gosto do toque de suas mãos.
Ele sussurra em meus ouvidos que me ama. Não... ele esta com uma mulher...porque? ele disse que me ama...

Abro meus olhos e sinto um olhar bem próximo cheios de lágrimas.
Sinto suas mãos, não era sonho.

- Oi!
Ele diz bem baixinho, mas estou com a boca muito seca e não consigo falar.

- Você dormiu a tarde toda, sente dor?  

Mecho um pouco a cabeça, para mostrar que sim.

- Quer que eu  levanto um pouco sua cama?

Novamente faço outro movimento, bem leve para que ele entenda que sim.

Ele faz com todo cuidado, vejo ternura em seus olhos. Ele não fala mais nada, apenas acaricia meus cabelos. Com toda a força que eu tenho eu falo, mas o som sai baixo e as frases bem cortadas.

- Gostaria de um  espelho...
- Mas meu amor eu acho que não...
- Por favor...

Quanto tempo ja faz que estou aqui nesse hospital? Penso, devo estar horrível. Olho para ele com olhar de súplica, percebo que ele não quer, mais ele se levanta.

- Vou ver se tem um no banheiro.

Ele é muito bonito, esta com a barba por fazer ainda, o cabelo desalinhado e com o semblante de cansado.
Não sei o seu nome, ele me falou que estamos juntos, mas como? Ele é... é...
Não consigo achar as palavras, nesse momento ele entra.

- Aqui esta...
Olha não quero que se preocupe, ja melhorou os cortes e inchado.

Ele me entrega o espelho

- Ai... essa, não... sou, eu

E o choro começa a cair no meu rosto inchado, cheio de hematomas e cortes.

- Amor se acalme, o acidente foi grave.
Por favor fique calma.
- Sai daqui, quero a Joyce aqui, não quero que me veja assim, sai.

Uma enfermeira entra e pede para ele sair, enquanto a outra me aplica mais uma dosagem de calmante.

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