Tentei ajustar o comprimento do meu vestido sentindo que aquela tinha sido definitivamente a pior idéia que eu tinha tido na vida. Tinha vasculhado entre as coisas da mamãe e tinha encontrado aquele pequeno pedaço de tecido preto e brilhante e alguns colares, anéis e brincos que não tinham nada a ver comigo e exatamente por isso eram perfeitos para a ocasião.
Minhas mãos transpiravam e meu coração batia frenético ao ritmo da musica eletrônica que soava pelos quatro cantos e ecoava naquele lugar esquecido pelos poetas.
Dei um passo vacilante e a música me envolveu enquanto eu era jogada pra lá e pra cá junto com os corpos que dançavam e se convertiam em luz.
Tinha esperado minha mãe sair de casa para sair escondida logo depois dela. Ela jamais me deixaria sair assim. Seu pior medo era que eu seguisse seus passos, fossem eles quais fossem.
Tentei controlar o enjôo que o cheiro de perfume misturado com cigarro e álcool me proporcionava. Identifiquei muitos rostos conhecidos, mas não ousei parar muito tempo perto de nenhum. Não queria chamar a atenção, só queria encontrá-lo.
Vaguei por um tempo impreciso pela festa clandestina da ESA enquanto sentia que minha cabeça começava a explodir por conta dos olores e sons aos quais eu jamais me acostumaria.
Todos sabíamos que uma quinta por mês, em algum lugar abandonado da cidade, os alunos mais populares da ESA davam uma festa. As estrelas do time de futebol, as atletas mais cotadas para as universidades, as lideres das equipes de torcida, os alunos da equipe natação, as dançarias do corpo de ballet, etc. Todos os inalcançáveis, todos os tesouros da escola Santa Ana em um só lugar. Um lugar perdido no mundo onde eles poderiam ser eles mesmos, onde não tinham que ser perfeitos, onde seus fantasmas apareciam e caminhavam lado a lado.
Senti o baque de um corpo no meu e me desestabilizei. Alana Reis, uma das estrelas da equipe de atletismo passou ao meu lado vomitando enquanto uma das suas companheiras de equipe a ajudava a caminhar. O treinador Bennet teria um ataque se visse isso.
Afastei-me do centro da pista de dança e observei ao redor enquanto a sensação de deslocamento aumentava gradativamente no meu peito. Foi só quando estava a ponto de desistir que senti um ardor quase insuportável no braço um pouco antes de ser arrastada. O tinha encontrado. Ou melhor, ele o havia feito.
—Sabia que você era uma menininha bastante estúpida, mas ao ponto de estar aqui? —Me jogou contra a parede em um corredor nos fundos daquele lugar sem nome. Seus olhos frios me congelaram os sentidos enquanto eu ordenava meus pensamentos.
—Você está me machucando. — Agradeci por poder manter o controle da mina voz mesmo que por dentro eu estivesse a ponto de entrar em pânico.
—Isso não é nada comparado com o que pretendo fazer com você Bree Miller. Na última vez em que nos vimos, você me mordeu lembra? Como eu deveria me sentir agora? —Seus dedos apertaram ainda mais meu braço e eu mordi os lábios e trinquei os dentes para conter os gemidos de dor. Não lhe daria a oportunidade de ver como sua expressão me aterrava.
—Você ainda quer fechar o trato?
Seus olhos me escrutaram como se eu fosse um quebra cabeças e dessa vez sua voz soou como se fosse feita de metal e gelo.
—Seja mais clara Miller... Eu estou perdendo a paciência.
—O beijo. — Eu tinha certeza que nesse momento meu coração batia mais forte que a música eletrônica que dominava o ambiente. —Ainda quer cumprir com sua parte do acordo?
— Você está me dizendo que vai cooperar? —Agora eu era seu objeto de análise. Cada linha de expressão do meu rosto, cada ar que soltava dos pulmões, tudo era uma incógnita. — E exatamente por que você faria isso?
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Bree (Degustação)
Teen FictionObra concluída e registrada na Dirección Nacional del derecho de autor em Buenos Aires, Argentina. Expediente: 5293877 Todos os direitos reservados (Livro e Capa). Livro a venda no Site da Editora Maresia: http://editoramaresia.com.br/ Ele era um...