Eu estava deitado em minha cama, paralisado pelo vazio que tomava conta do meu peito. As minhas costas doíam pelas muitas horas que ficara na varanda de Nina, mesmo depois que ela partira.Nina havia ido embora.
Fechei os olhos e apertei em minhas mãos a carta que ela havia escrito. Não tinha tido coragem de lê-la ainda. Não havia nem ao menos superado o fato que a garota pela qual eu estava apaixonado havia partido.
Suspirei e foi quase impossível não lembrar do nosso último dia juntos, abraçados na cama em silêncio. Nós não sabíamos o que fazer a respeito. Nina não podia ficar aqui por mais tempo e eu simplesmente não podia abandonar tudo e ir para São Francisco, mesmo que fosse exatamente essa a minha vontade. Olhei para o meu guarda-roupa revirado há alguns minutos atrás, quando eu tive um surto e decidi que iria atrás da Nina.
Vinte segundos depois conclui que isso era uma estupidez.
Agora a mala jazia abandonada no chão e eu tinha vários pensamentos em minha cabeça:
Você é tão imbecil, Jon. Deveria ter dito algo. Deveria ter dito para tentarem um relacionamento a distância. Mesmo que ela recusasse, você poderia se jogar aos seus pés e implorar... Você é inteiramente dela a partir de agora, qual o sentido em ficarem longe um do outro?
Mas eu não tinha feito nada. Nada! No fundo não sabia se um relacionamento sério era o que a Nina esperava. Ela era tão confusa quanto à isso...
Olhei de soslaio para sua carta e fiquei tentado a abri-la. Será que ela tinha escrito que queria me ver novamente? Não, eu ainda não estava pronto para ler suas palavras de despedida. Seria doloroso demais.
Pelo menos o Projeto Os Melhores Quatro Dias fora um sucesso. Nina tivera um verão - ou o fim dele -, inesquecível. O mais extraordinário é que no começo eu tinha plena certeza de que Nina precisava de ajuda. Ali, deitado e me sentindo um completo pedaço de lixo, percebei que isso não era verdade. Nós transformamos e ajudamos um ao outro.
A Nina conseguia sorria com sinceridade e estava menos preocupada em buscar um objetivo de vida. Seu objetivo era viver. E eu? A minha loirinha havia trazido de volta o Jon que existira antes da morte do meu pai. Eu estava esquecendo de quem eu fora, e por assim dizer, esquecendo-me de tudo que o meu velho ensinara e que me era tão precioso.
Só que nada disso fazia sentido sem a Nina.
Minha mente evocou o primeiro sorriso que consegui tirar dela, na cabine da Roda Gigante. Também me lembrei último sorriso com o qual ela me presenteou.
- Eu vou sentir a sua falta mais que tudo. - ela sussurrou me esmagando num abraço. Abracei-a de volta e desejei que o mundo pudesse congelar naquele momento: Nina em meus braços. Tão perto de mim quanto podia.
Para sempre.
Depois de longos minutos ela se afastou e afagou meu rosto.
- Não fique triste. Nós ainda vamos nos esbarrar por aí. Eu sinto. - Nina disse dando um sorriso sapeca, repetindo uma das frases que eu dissera para ela.
No entanto, Nina estava certa. Aquele não era o fim e nós ainda nos encontraríamos! O pensamento me encheu de uma súbita e revigorante esperança. Eu iria vê-la de novo, tinha certeza disso agora.
Mal poderia esperar para reencontrá-la...
Levantei-me num salto e rasguei o envelope de sua carta, o coração acelerado. Eu estava pronto para ler o que Nina tinha a me dizer. Puxei a carta e comecei a lê-la:
Meu querido Jon...
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Projeto Os Melhores 4 Dias (Conto).
Short Story• Conto escrito para o desafio do RomanceBR! - Jon não sabe explicar o porquê ficou tão interessado em Nina, a garota que estranhamente viera passar a última semana das férias de verão em Santa Cruz. Depois que a conhece um pouco melhor e descobre...