Parte I.

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Certa vez o meu pai me recomendou sempre tratar bem as garotas. Ele disse que cada menina era especial. Cada uma era bonita, inteligente e divertida ao seu próprio jeito. E todas - sem nenhuma exceção -, mereciam ser tratadas com respeito e carinho. Se assim eu o fizesse, um dia seria tão sortudo que uma dessas garotas me deixaria entrar em seu coração.

E seria mágico.

Lembro-me de ter perguntado ao papai:

"Como assim, mágico?!"

" Você se lembra da primeira vez que voamos juntos, Jonny?" Ele perguntou e eu afirmei com a cabeça que sim.

"Bem, quando você sentir a paixão pela primeira vez, vai ter a mesma sensação: No começo, nos sentimos desesperados, vem aquele frio na barriga, aquele medo quando o avião decola e temos a certeza de que vamos cair. Depois de um tempo o medo passa, e você pode finalmente contemplar a vista. Então percebe que estar ali no alto, sentindo todas aquelas emoções maravilhosas, é algo sagrado. Percebe que estar ali é um privilégio.

Nem todos tem a capacidade de subir tão alto.

Eu havia esquecido do conselho do meu falecido pai depois de anos, apesar de mantê-las indiretamente em minha cabeça. Para o meu "velho" a melhor coisa do mundo era ser amado de volta por uma garota.

É claro que já eu havia me apaixonado antes, por garotas encantadoras, bonitas, alegres, irônicas, góticas... No entanto, era só isso: paixão. Um ardor momentâneo que por alguns momentos parece ser certo e depois que a euforia passa não sobra nada.

Mas um dia as palavras do meu pai voltaram para a minha cabeça como um flash. Considerei aquilo um sinal divino.

Ela era divina, uma enviada dos céus.

A garota loira e mal humorada deu as costas para mim, agarrou o ticket das mãos de seu pai e saiu correndo em direção à roda gigante.

Nina.

Fora ela a responsável por despertar em mim algo que só o meu pai há anos atrás conseguira.

Sorri para mim mesmo, estupefato.

Nina... Meu milagre pessoal.

E ela estava indo embora. Eu não podia perdê-la, tinha que ir atrás daquela garota!

E fui isso que eu fiz.

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