O novo dia chegava, mas não era momento de esperar o sol raiar e esperar que seria mais um belo dia com novas esperanças. Na madrugada, já era momento de ir ao campo de batalha, terreno árido sobre seus pés e cidades devastadas à frente do exercito.
Eram momentos de tensão, James enxergava aquele exercício com a dor de seus pensamentos, ainda não parava de pensar de forma praticamente destrutiva. Seus olhos não encontravam mais encanto enquanto seus pés avançavam, passava junto com seu esquadrão por algumas casas que pareciam ter sido deixadas as pressas, móveis jogados até mesmo brinquedos infantis, eram casas mas o clima extremamente mórbido parecia até um pesadelo.
Os passos iam casas a dentro procurando se alguém ainda estava na pequena vila antes de terrenos secos antes de trincheiras, mas parecia que tudo havia sido abandonado, simples estratégias de guerra que seriam normais e pouco impactante a todos se não soubessem que aquilo parecia ser de civis locais.
Chegando nas últimas casas, James e mais dois soldados entravam em um sobrado, parecia um pouco pior do que as outras casas que já haviam vasculhado. Cuidadosamente iam até o segundo andar, tinham dois quartos se dividam em dois soldados pra cada grupo investigar um comodo. No local onde James havia entrado era um refúgio de jovens, na verdade quase um infanto juvenil, os combatentes entravam com toda atenção, armas em mãos e todos os sentidos a flor da pele.
A atenção revelava um fato interessante, pequenos barulhos de pessoas nervosas, era conhecido, todos do exército em guerras estendidas como esta já haviam presenciado esses sons e começavam a procurar. Um grande armário era o local de onde vinham os barulhos, James iria abrir a porta enquanto seu companheiro já preparava o fuzil, contava até três em sua mente e abria, de susto uma mulher e uma criança esboçavam gritar mas não queriam alertar ninguém, estavam chorando, a partir do momento que o soldado abriu a porta a mãe escondia o rosto e também tentava afazer isso com a filha mas não conseguia. A menina por sua vez olhava para o rosto do homem, com os olhos lacrimejantes e espanto, dizia a mulher: "É hora de morrermos mãe? Ele veio nos buscar?"
O companheiro de James já ficava sem reação, soltava um palavrão e colocava uma das mãos na cabeça e já deixava o veredito do que fazer com seu novo companheiro de batalha. O soldado que havia abrido a porta ainda ficava apenas olhando por um pequeno tempo, de um dos seus olhos escorria uma lágrima e simplesmente respondia a criança:
"Não, não tenho esse direito..." Ajeitava a coluna ficando de pé novamente e olhava para a cena "Eu vou fechar essa porta novamente não saiam daqui até tudo ficar mais calmo... Espero que consigam sair disso... Perdão"
Antes de fechar o guarda-roupa novamente, a menina olhava para o homem com uma simples olhar de alívio mas ainda lacrimejando, parecia balbuciar palavras de um simples agradecimento mas não conseguia e voltava a se esconder no abraço de sua mãe. Com dor e receio James fechava o móvel e chamava seu amigo para ir embora, quando o restante do esquadrão se encontrava eles diziam que não tinham encontrado nada e pra seguir seu caminho.
A cena não saia mais da cabeça do veterano, até mesmo seu amigo estava abalado, mas mesmo assim guardava em segredo, segurava a dor que infelizmente ainda juntava com tudo que estava meditando dias anteriores. Começava a questionar tudo, cada caminho que havia tomado, cada decisão, até mesmo sua vida pessoal era questionado, sentia como se tudo que tinha feito era como um esforço desesperado inútil.
A cada passo que davam o clima parecia bem mais pesado e a guerra já era secundária, nada mais importava com tanta urgência, a alma do soldado estava aflita e insatisfeita. James estava abalado seguia com seus companheiros saindo da pequena vila com seus homens, todos cuidadosos com extrema cautela ao avançarem, já não era mais vielas estranhas de uma pequena cidade mas já era um campo mais aberto.
Ao avançarem um pouco alguns já relaxavam, enquanto outros ainda continuavam espertos, a tensão parecia não ter sido perceptível a todos, até um determinado momento. De repente alguns barulhos já traziam o fracasso que seria aquela investida, soldados ficavam atentos colocavam seus fuzis em mãos mas infelizmente não era a tempo. A resposta à entrada dos homens no local era já respondida com o fogo aberto, as manobras de evasão já eram tomadas, enquanto outros já estavam sendo atingidos, um particularmente tinha uma reação diferente.
James jogava seu fuzil no chão, logo após isso já recebia um tiro no seu ombro. Caia de joelhos, depois de tantos anos em guerra, finalmente tinha chegado a seu limite, havia desistido, já tinha perdido tudo e ao perceber cada vez mais que não fazia sentido continuar naquele conflito decidia simplesmente parar de lutar por uma causa que não era a dele. Os companheiros não entendiam o ato do homem, mas também não tinham tempo de fazer nada para ajudá-lo, era o fim de mais um que a guerra consumiu tudo que podia até desgraça-lo por completo.
Enquanto recebia os tiros apenas uma coisa reverberava na mente do soldado que finalizava toda sua vida, se pudesse colocar sua experiência em um diário ele terminaria com o pensamento:
"Então... Esse é o modo que tudo termina, todas as lágrimas, todo o sangue, é tudo por nada. É o fim."
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Nascido Em Batalha
RomanceJames é um soldado de primeira classe que se vê desorientado no meio da desgraça de uma guerra. Conforme vê o campo de batalha se transformando em uma carnificina começa a questionar o modo com que tem vivido.