Capítulo 3

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Seus olhos estavam fechados. Sua cabeça, apoiada do banco. O volume do iPod estava tremendamente alto. 

- Posso ouvir também? – Lucas Quaresma perguntou, inocentemente.

E, sim, ela ia ignorá-lo.

Como se isso fosse bastar para fazê-lo desistir. Ele puxou o seu fone direito e ela automaticamente deixou escapar:

- Não.

Lucas riu.

- Você conseguiu me ouvir com a música tão alta assim?

Depois disso, Ellie colocou o volume do iPod no máximo.

- Ual, Muse? – ele insistiu no mesmo erro.

Ela ia acabar metendo um soco na fuça bonitinha dele. Antes de qualquer coisa, Ellie trocou para os CDs do Nirvana. Achou que seria mais apropriado.

Lucas percebeu que ela realmente não estava disposta a ficar de papo com ele, porque enfim se calou, ainda com o fone direito no ouvido esquerdo. Isso incomodava Ellie mais do que o fato de ter um imbecil sentado ao seu lado.

- Tó, coloca esse. – deu o fone esquerdo para ele, puxando o direito de volta, assim nenhum fone ia ficar caindo. Ele deu a impressão de que ia fazer um de seus comentários engraçadinhos e Ellie o cortou antecipadamente. – Isso não foi uma deixa pra você falar.

Voltou sua cabeça pra janela, frustrada consigo mesma por não suportar ouvir música com os  fones trocados. Sua cabeça já doía com o som pesado no último volume do Nirvana; não era bem o que Ellie precisava no momento.

Passou para o próximo CD e com satisfação ouviu a voz que sempre a acalmava. Não era louca nem viciada nessa banda, mas em momentos como esse aquele vocalista era o seu herói.

- Ual, Bruce Springsteen! – Lucas exclamou empolgado, sem conseguir se conter.

"Não, sério? Achei que fosse Ozzy." Ellie revirou os olhos, lamentando-se. O glorioso silêncio de Quaresma durara tão pouco que ela mal tivera tempo de saboreá-lo.

- Você gosta? – ele tentou mais uma vez, claramente acostumado com fracassos.

- Não, eu tenho no iPod de idiota. – enfim respondeu, ao menos de um modo que o faria desejar que tivesse se mantido quieto.

Lucas se mexeu desconfortável. "Qual o problema dele? Por que ele simplesmente não taca o fone em mim, me xinga com carinho e vai se juntar aos amigos idiotas dele? Porque ele tem, e vários. Só me deixa em paz!"

- Eu amo Bruce Springsteen. – ele disse, baixo, movendo os ombros minimamente.

Claro, como ela pudera se esquecer? Ele realmente amava a porra da banda do Bruce Springsteen.
Riu, e isso deve tê-lo feito pensar que tinha conseguido a fazer rir. Engano dele, porque ela ria dos meus próprios pensamentos. "HA!" gritou mentalmente, como se tivesse vencido algo.

- Casa com ele, Quaresma! Opa, esquece, ele já é casado... Mas você ainda pode ser o amante! – piscou.

E aí, para a surpresadela, ele riu.

- Hahaha, muito engraçado, mocinha! – Lucas a atacou com cócegas sem pensar no que fazia. Com certeza sem pensar no que fazia.

Se tem uma coisa que derruba Ellisa Gomez, essa coisa é cóceguinhas. Na maldita barriga, principalmente. Ele sabia disso. Se Lucas se lembrava, no entanto, era completamente outra questão.

- AHAHAHA, Luke, para! – ela já chorava de rir quando deixou o apelido dele escapar. Gelou, automaticamente. Não o chamava pelo apelido há anos. Luc, Luke, raramente Luka. A memória fez um gosto amargo surgir em sua boca, e não foi difícil voltar a tratá-lo com frieza depois disso. – Deixa de ser imbecil, garoto, tira suas mãos nojentas de mim. – ela empurrou as mãos dele com brutalidade e o viu contorcer o rosto de novo.

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