Eloisa
Assim que o carro parou em frente à casa de dois andares de madeira um pouco velha sai do carro. Confesso que estava cansada de toda essa mudança, mas sempre tinha o seu lado bom.
- Filha, pega essa caixa que ficou ai, por favor. – Pediu minha mãe e assenti. Ergui a caixa pesada e cambaleei para longe do carro caminhando até a porta.
Pisei nos primeiros degraus e a madeira rangeu. Caminhei para dentro colocando a caixa no chão e olhei para os lados tirando minhas luvas.
- Nossa. – Murmurei observando a casa velha.
- Iremos reformando com o tempo, você sabe que foi de última hora. – Meu pai sorriu passando com mais uma caixa.
- Claro, com certeza. – Resmunguei subindo a escadas para o andar de cima.
- Tem um quarto aqui e outro no final do corredor, você pode escolher qual quer ficar. – Disse minha mãe.
Olhei para o quarto próximo a escada e abri o mesmo, havia um bom espaço, uma janela com vista para a rua e um banheiro. Caminhei para o outro no fim do corredor e abri a porta.
Havia um espaço um pouco menor, mas em compensação havia uma pequena varanda com uma linda vista para os montes de gelo no horizonte e para a rua em frente de casa.
- Vou querer esse. – Gritei.
- Tudo bem querida. – Minha mãe respondeu lá debaixo e olhei em volta.
Meu pai entrou colocando as minhas caixas no quarto e em seguida o caminhão da mudança parou em frente a nossa nova casa. Agora esse seria o nosso novo lar, eu apenas não sei por quanto tempo.
***
Depois do jantar onde comemos sentados no sofá, meu pai avisou que subiria para desembalar a cama e subi para desembalar a minha.
Sempre tivemos camas boxes, ajudava muito na hora da mudança, pois não tinha todo aquele processo de montar e desmontar. Desembalei o plástico grande e com o auxilio da parede coloquei o Box no chão encostado.
Peguei meu colchão tirando o plástico e joguei em cima. Depois de revirar as caixas e pegar um lençol forrei a cama e peguei meu travesseiro jogando em cima.
Sentei-me no chão tirando as coisas das caixas enquanto meu pai entrava com o martelo e os pregos da minha cômoda.
- Vim montar. – Avisou desembalando e retirando das caixas. – Precisamos só colocar as gavetas.
- Tudo bem. – Murmurei abrindo minha caixa de livros.
- Ajuda a empurrar aqui. – Pediu e levantei o ajudando a empurrar a cômoda para a parede. Quando terminou de colocar as três gavetas grandes me ajudou a terminar com as caixas as levando para baixo.
Organizei meus livros em pé e enfileirados na parte de cima da cômoda que ficava como uma mesa e depois coloquei meus produtos pessoais, como maquiagens, cremes, perfumes e escova de cabelo.
Desembalei meus pufes grandes e os joguei no chão, eram ambos azuis e pareciam almofadas grandes e confortáveis. Joguei um na varanda e um ao pé da cama e depois restaram apenas duas caixas de roupas e uma de sapatos.
Abri as três gavetas tirando as roupas e colocando, em uma ficaram apenas os meus jeans, em outra minhas blusas e jaquetas e na última minhas peças intimas. Enfileirei meus sapatos ao lado da cômoda encostados a parede e depois caminhei para fora me jogando no pufe da varanda.
Aconcheguei-me ao pufe e coloquei meus fones deixando o celular em minhas pernas e comecei a olhar para rua vendo um rapaz sair da casa da frente, ele usava jeans pretos e um casaco preto, apenas colocou o lixo para fora e olhou em volta acabando por me ver depois de olhar para a casa com agora as luzes acesas. Ele sorriu acenando e acenei de volta um pouco confusa em seguida virou as costas e entrou de volta para a sua casa fechando a porta.
- É Eloisa, bem vinda ao Alasca.
Harry
Voltei para casa e me sentei no sofá sentindo minhas mãos soarem. Eu disse que não queria ninguém naquela casa, por que ninguém me escuta? Eu posso não ter falado isso alto, mas não quero ninguém lá.
Eu ainda me lembrava, me lembrava de como me controlei, de como fui gentil, eu fui um bom vizinho. Lembro que sempre acenava ao colocar o lixo, levava bolo de carne quando era convidado para os almoços de domingo e jogava bola com seu filho de dezesseis anos.
Mas um dia, eu não queria mais levar bolo de carne, eu não queria mais acenar e não queria mais jogar bola, então eu decidi que eles não eram mais uteis, e eles não eram mesmo.
Nunca me arrependi daquela noite, eu fui pedi uma xícara de açúcar e fui como sempre convidado a entrar. Eu me lembro do pavor nos olhos do pai quando viu o que eu fiz com a sua mulher, eu vi o medo que ele sentia do simples moleque da casa em frente que fazia bons bolos de carne.
Eu lembro também de como ele pediu a tão aguardada misericórdia e me lembro de nega-la a ele.
Olhei para o bolo de cenoura que havia feito mais cedo e o cobri com um pano colocando minhas luvas. Estava na hora de conhecer os novos vizinhos e decidir se algum dia eles também iriam acabar pedindo a minha misericórdia.
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Bom, primeiro capítulo, espero que tenham gostado, me digam o que acharam, sabem que as opiniões de vocês são sempre importantes. Votem, e comente. Beijinhos :)
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Neighbour H.S ( Completa. )
FanfictionAtualizada toda a terça. Uma nova casa, uma nova vida e um novo pesadelo. Eloisa era uma garota amável e carinhosa com os pais, uma garota tranquila e na maior parte do tempo quieta. Devido ao emprego do seu pai, ela e sua família vivem se mudando...