13 - Curiosidade perigosa.

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Eloisa

Ajeitei meu vestido enquanto Harry permanecia deitado na minha cama jogando para cima uma bolinha que pegou na minha bagunça. 


- Vamos? - Perguntei me virando para ele. Harry usava uma calça jeans preta e uma blusa social também preta, botas pretas e um sobretudo por cima.


- Vamos. - Murmurou se levantando. Praticamente toda a cidade estava indo para o enterro da Cristal. Harry estava quieto, passou a noite sozinho e negou minha companhia. Resolvi respeitar o seu momento visto que Cristal era alguém importante para ele. 


Nos aproximávamos do cemitério e as pessoas já eram visíveis. Entrelacei minha mão a de Harry e entramos. 


A mãe de Cristal chorava muito enquanto familiares tentavam consola-la. Meus pais ficaram ao nosso lado enquanto o padre falava algumas coisas. A família de Cristal era muito religiosa e simplesmente não conseguia entender porque a filha se fora tão cedo. 


A irmã de Cristal que apenas agora sábia que existia se aproximou enquanto a cerimonia chegava ao fim. Harry a abraçou deixando que a mesma chorasse e ficamos ali esperando o caixão terminar de ser coberto.  

Todos começavam a ir embora enquanto acompanhava Harry até em casa. Ele permaneceu quieto durante todo o tempo, mas pelo pouco que o conhecia estranhava sua atitude, ele não parecia comovido com nada disso. 


- Você vem pra casa filha? - Minha mãe perguntou e olhei para o Harry. 


- Você pode ficar se quiser. - Disse e assenti. 


- Depois eu vou. - Respondi entregando a bolsa a minha mãe e a mesma entrou. 


Entramos na casa de Harry e o mesmo retirou o casaco pesado jogando por cima do sofá. 


- Você esta bem? - Perguntei. - Não parece abalado com tudo isso. 


- Cada um tem o seu jeito de sentir Eloisa, não me questione se não ajoelhei a sua frente e chorei. - Respondeu ríspido. 


- O que você tem? 


- Nada. - Afirmou se sentando e retirando os sapatos. Olhei para ele que parecia incomodado com o meu questionário. 


- Acho que eu vou pra casa. - Murmurei. 


- Tudo bem, faça o que quiser. - Afirmou sumindo para o segundo andar da casa e suspirei. Eu daria um tempo a ele, talvez ele precise apenas ficar sozinho, acho que é isso, ele precisa ficar sozinho.



Harry

Observei Eloisa atravessar a rua e entrar na sua casa. Respirei fundo me deitando e olhei para o teto. Eu simplesmente não ligava, não ligava para as pessoas que choravam, não ligavam para as pessoas que estavam tristes e francamente, nem metade delas ligavam realmente para aquilo. 


As pessoas eram assim, elas choravam ali e no minuto seguinte, elas não ligavam mais. Não era com elas, não eram da família delas se elas não se importavam, por que eu deveria? 


Levantei da cama e me calcei pegando novamente meu casaco. Abriguei minhas mãos em meus bolsos e sai de casa caminhando em direção ao lago. 


- Ei. - Ouvi e me virei para trás avistando a irmã de Cristal. - Aonde vai?


- No lago. - Respondi. 


- O do bosque? - Perguntou se referindo ao lugar em que a irmã morreu. 


- Não, aquele que esta parcialmente congelado. - Sorri. 


- Posso... Acompanha-lo? - Perguntou e assenti. 


- Sim, você pode. - Afirmei e a mesma seguiu ao meu lado em silêncio. 


***

Amanda jogava algumas pedras para o lago enquanto eu me encontrava sentado um pouco atrás dela. Eu estava tentando fugir do assunto que sábia que ela queria entrar, eu não estava a fim de consola-la e nem estava com paciência para isso. 


- Sabe, eu tenho algumas coisas. - Comentou. 


- Que coisas? - Perguntei a observando. 


- Eu voltei lá no bosque e peguei tudo o que não consideraram provas, eu estou tentando montar um padrão um perfil desse assassino sabe? - Murmurou. Em resumo, ela estava se metendo onde não foi chamada.


- Acho que deveria deixar isso com os policiais. 


- Eu não vou desistir Harry, eu vou pegar esse assassino e pretendo fazê-lo sofrer com as minhas próprias mãos. Eu vou pega-lo Harry. - Avisou e me levantei. 


- Eu entendo que queira vingança, mas nem sempre é o melhor. - Afirmei pegando uma pedra um pouco maior. 


- Ele deve pagar Harry, quem faz isso com alguém tão amável como a Cristal? 


- Tem coisas que vem de família. - Afirmei e Amanda me olhou. 


- Como assim?


- Essa mania... De atrapalha, se meter onde não foi chamada, se mete no meu caminho, isso só pode ser de família. - Afirmei e Amanda largou a pedra que segurava. 


- No seu caminho? Você... O que? - Murmurou incrédula. 


- Ela gritou, ela pediu ajuda, pediu que eu parasse, mas eu não podia. - Afirmei me aproximando e Amanda deu dois passos para trás. 


- É você? - Sussurrou. 


- Ela pediu por socorro. - Afirmei a puxando pelo braço. - E agora você também irá pedir. - Sorri batendo com a pedra a fazendo desmaiar. 


Nós iriamos para casa agora, e quando ela acordasse eu a ensinaria que não deve se meter aonde não foi chamado. 


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Mais um, espero que tenham gostado, votem e comentem. Beijinhos :)

Neighbour H.S ( Completa. )Onde histórias criam vida. Descubra agora