Eloisa
Desperto assustada sentindo uma dor forte na minha cabeça e tento me levantar quando percebo que estou dentro da banheira. Uma blusa branca ensopada cobre o meu corpo. Meus cabelos estão flutuando sobre a água e alguns resquícios do sangue colorem a mesma.
Levanto-me um pouco desorientada e apoio-me na banheira para escorregar. Minhas pernas doíam como se estivessem machucadas e assim que olhei para as mesmas constatei que estavam.
Anjo
Essa era a palavra escrita em minhas coxas, ele havia me marcado. Eu era o seu anjo, mas mesmo assim eu não viveria?
Comecei a descer as escadas, tudo parecia quieto, talvez ele tivesse saído e essa seria a minha chance de buscar ajuda.
Agarrei no corrimão tentando descer mais rápido e minhas pernas congelaram com a imagem que estava na sala.
Minha mãe estava amarrada na parte debaixo do alto da escada, seus braços esticados e assim como eu vestia uma camiseta branca. Vadia era o nome gravado em sua testa e em seus braços.
- Não. - Sussurrei sentindo as lágrimas descerem. - Por favor, não. - Pedi tentando encontrar o meu pai e o vi logo mais a frente.
Suas mãos estavam amarradas para trás, sua barriga tinha um corte profundo e sua cabeça estava abaixada.
- Linda cena não? - Virei-me assustada e vi Harry vindo da cozinha. Ele ostentava um sorriso e em sua mão uma faca com sangue assim como em sua camisa.
- Harry...
- Tenho que admitir, eu briguei muito internamente comigo para decidir o que seria de você. - Afirmou. - Não sei, talvez seja o sexo, é deve ser isso.
- O quê? - Sussurrei.
- Você é boa nisso, talvez seja isso que tenha me feito pensar duas vezes. Mas a razão falou mais alto.
- Razão?
- Você vai morrer Eloisa. - Afirmou e ofeguei. Minha respiração parecia difícil, o choque parecia eletrizar todo o meu corpo.
- Você é um monstro. - Murmurei sentindo as lágrimas escaparem e Harry sorriu.
- Não era bem isso que você dizia lembra-se? Você gostava da forma que eu te tocava, te beijava, te abraçava... - Murmurou enquanto me rodeava. - Gostava da forma que eu te fodia. - Afirmou e me afastei.
- Como você pode? - Perguntei.
- Esse sempre foi o plano Eloisa, desde que te vi naquela varanda eu soube que queria você.
- Você é louco. - Afirmei seguindo vagarosamente para as escadas.
- Não, ou sim, eu não me importo. - Sorriu e comecei a subir as escadas correndo. - Eloisa sério que quer brincar agora? - Ouvi sua gargalhada e seus passos na madeira velha.
Tentava conter minha respiração ofegante enquanto encolhia-me dentro do guarda roupa. Ele havia matado os meus pais. O que eu faria agora? A quem eu pediria socorro?
- Sabe nunca tive muita paciência para brincadeiras. - Afirmou e ouvi sua voz mais alta no quarto. - Acho que nunca tive paciência para nada. - Disse chutando o guarda roupa dos meus pais e me segurei.
Como ele conseguia? Ele se mostrou alguém carinhoso, companheiro. Como ele conseguia esconder essa personalidade podre?
- Tudo bem, eu vou contar até três. Um...
Eu iria morrer.
- Dois.
Mas eu não quero morrer.
- Três! - Gritou abrindo a porta do guarda roupa fazendo-me gritar de susto. - Achei... - Debochou.
- Não... Para com isso, por favor, não! - Pedi chorando enquanto o mesmo arrastava-me para fora do guarda roupa.
- Implora Eloisa, um pouco mais. - Pediu e olhei para ele.
Ali estava o seu prazer. O seu prazer era me ver chorando, implorando pela minha vida como todas as suas vitimas, como os meus pais.
- Vai pro inferno. - Murmurei entre dentes cuspindo em seu rosto. Harry me encarou por alguns segundos e rapidamente voltou a me arrastar pela casa dessa vez com mais brutidão fazendo meu corpo bater contra as coisas.
- Vagabunda. - Esbravejou jogando-me para dentro do banheiro dos meus pais. - Vai! Implora agora pela sua vida. - Sorriu.
- Eu jamais irei pedir a sua misericórdia. Você acha que você merece misericórdia Harry? - Confrontei-o.
- Eu tenho certeza que você não merece. - Afirmou me empurrando para dentro da banheira. Segurei em seus braços tentando para-lo e o mesmo afundou meu corpo mantendo-me debaixo d'água.
Uma...
Duas...
Três...
Quatro...
Harry me puxou novamente e mesmo atordoada encontrei os olhos daquele que eu um dia disse amar. Agarrei em sua camisa tentando me manter firme e o mesmo sorriu pronto para me afundar de novo.
- Você... Vai morrer Harry... - Afirmei.
- É mesmo e quem vai me matar? Você? - Gargalhou e senti minha visão ser tomada pela água. Meu aperto no pulso de Harry foi se tornando mais fraco, meus pulmões foram deixando de lutar e eu enfim não senti mais nada.
*Dia seguinte*
Policial
- Eu não via uma cena assim desde os últimos moradores dessa casa. - Disse meu parceiro conforme a pericia fotografava o local.
O corpo da mulher estava amarrado na escada como da última vez e um nome estava escrito em sua testa. A casa estava toda revirada, tudo parecia destruído por alguém em um acesso de raiva.
O pai estava ajoelhado alguns metros da mãe, com as mãos amarradas para trás e o mesmo corte encontrado na vitima anterior.
- Encontramos mais um corpo. - Avisou e subimos para o andar de cima. Dentro do banheiro que parecia estar no quarto do casal havia o corpo de uma jovem.
Cabelos escuros, magra, baixa... Seus olhos ainda estavam abertos e sem vida refletindo debaixo d'água. Suas mãos estavam penduradas para fora da banheira e seu corpo boiava junto com a camisa branca.
Anjo
Era a palavra escrita em suas pernas. E naquela madrugada fria do Alasca havia sido desfeita mais uma família.
Retiraram o corpo da jovem da água após as fotos da pericia e a colocamos no saco e fechamos.
- É esse lugar definitivamente não é mais o mesmo.
- Não... Não é.
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Gente, esse não é o último, ainda tem um antes do Epílogo na versão do Harry.
Espero que tenham gostado, votem e comentem e acompanhem até o final. Beijinhos :)
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Neighbour H.S ( Completa. )
Fiksi PenggemarAtualizada toda a terça. Uma nova casa, uma nova vida e um novo pesadelo. Eloisa era uma garota amável e carinhosa com os pais, uma garota tranquila e na maior parte do tempo quieta. Devido ao emprego do seu pai, ela e sua família vivem se mudando...