Capítulo 17 - A magia de domingo

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Eu pensei em comprar algumas flores
Só pra chamar mais atenção
Eu sei, já não há mais razão pra solidão
Meu bem, eu tô pedindo a sua mão!

Então case-se comigo numa noite de luar
Ou na manhã de um domingo à beira mar
Diga sim pra mim
Case-se comigo na igreja e no papel
Vestido branco com buquê e lua de mel
Diga sim pra mim!

Diga sim pra mim (Isabella Taviani)

Lia voltou sua atenção para um projeto de revitalização do complexo lagunar que ocupava um grande espaço entre Jacarepaguá e Barra da Tijuca. O complexo era formado por três lagoas de maior importância para fauna e flora da região, sendo elas: Tijuca, Jacarepaguá e Marapendi. 

Havia também a lagoa de Camorim, situada entre as lagoas da Tijuca e de Jacarepaguá, que acabou sendo inserida no projeto para que o trabalho fosse realizado de forma adequada.

Um dos maiores problemas era o descontrolado processo de ocupação urbana nas regiões, que, associados a ausência de saneamento básico adequado, acabava contribuindo para a poluição das lagoas.

Quarenta anos atrás, as regiões afetadas eram praticamente inabitadas, como um vazio no mapa, cheio de mata virgem, fauna e flora. A falta de circulação humana era uma dos componentes que mantinham a sanidade das regiões.

Naquele momento, mais de cem comunidades carentes das mais de quinhentas espalhadas pelo estado, ficavam muito próximas à região afetada.

O desafio de Lia era elaborar um plano de ação e prevenção do complexo lagunar. Aquele era um projeto novo que o Reitor João Carlos lhe confiara. 

Com o declínio do processo movido por Adam Sterne, a universidade teve tempo para calçar-se juridicamente contra novas ações que, eventualmente, fossem movidas no futuro, e agora a bióloga poderia assumir novas pesquisas. 

Lia trabalhou em seu novo projeto até o final do expediente, sem pausa. Ela sabia que teria muita coisa pra resolver depois do expediente, por isso guardou os livros e as anotações em sua bolsa. 

Barcelos já estava na cafeteria do campus quando foi interceptada por Harry.

— O que você quer? — Perguntou com voz monótona.

— Preciso de você, Lia. — A voz dele estava trêmula.

— O que aconteceu?

Trinta minutos depois o francês e a morena estavam sentados em uma mesa, e haviam dois cappucinos pela metade sobre ela.

— Grávida? — A voz de Lia saiu estrangulada.

— Ela diz que o filho é meu. — Harry apoiou os cotovelos sobre a mesa, e segurou a cabeça entre as mãos.

— Você engravidou a Terry? — Lia estava chocada. — Eu avisei para não tocar nela!

— Lia... — Ele gemeu.

— Nada de Lia! — Ela estava brava, muito brava. — Você é um irresponsável, Harry.

O rapaz estava pálido e cabisbaixo. Parecia ser uma sombra se comparado à pessoa que saiu da sala triunfante, ainda naquele mesmo dia.

— Olivia vai me matar. — Ele disse.

— Ela vai ter um surto, teremos mais momentos de puro drama naquele laboratório. — Lia constatou. — Eu não vou aguentar mais um episódio de Maria do Bairro, Juro!

— Lia, me ajuda. — O francês pediu, exasperado, o sotaque mais evidente de acordo com o crescimento de seu desespero.

— Não cabe mais ninguém na minha casa, sabe disso, não é?

Entre Dois OlharesOnde histórias criam vida. Descubra agora