Capítulo 8 - Domingo

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Eu preciso respirar
O mesmo ar que te rodeia
E na pele quero ter
O mesmo sol que te bronzeia
Eu preciso te tocar
E outra vez te ver sorrindo
Te encontrar num sonho lindo

Já não dá mais pra viver
Um sentimento sem sentido
Eu preciso descobrir
A emoção de estar contigo
Ver o sol amanhecer
E ver a vida acontecer
Como um dia de domingo

Um dia de domingo (Tim Maia)

Por volta das nove da noite ainda ouvia-se barulho do outro lado do corredor, e ela não estava com humor para levar na esportiva. Atravessou a porta de casa e bateu na porta dos vizinhos bagunceiros. 

Havia música eletrônica tocando em um volume nada apropriado para o horário. 

Bateu com mais força e momentos depois o volume foi reduzido consideravelmente. Satisfeita com o silêncio, Lia deu meia-volta e já estava com a mão na maçaneta quando a porta do outro apartamento abriu.

— Pois não? — Ela reconhecia a voz.

— O que você faz aqui? — Lia girou nos calcanhares e perguntou num tom pouco amigável.

— Moro aqui.

—Desde? — Ela sabia muito bem a resposta, mas queria ouvir dos lábios dele.

— Fazem exatas cinco horas e trinta e sete minutos. — O sorriso que o homem ofereceu para ela fez com que suas pernas tremessem um pouco, e Lia precisou agarrar-se no batente da porta para não cair.

— Estou falando sério, Taylor. — Ela forçou sua voz a sair normalmente, mas havia percebido que ele estava sem camisa, usando apenas uma calça de moletom negra. — Coloque uma roupa, pelo amor de Deus!

— Estou intimidando você? — A voz dele assumiu um tom sedutor enquanto atravessava o corredor com poucas passadas.

— Você está me irritando com toda essa barulheira. — Ela disse mas seus olhos escorregaram pelos ombros dele, até chegar ao abdômen sarado. — Pensei que houvesse uma família de cinco pessoas aí dentro.

— Ei! — Ele chamou atenção dela. — Meus olhos estão aqui, meu rosto fica uns trinta centímetros pra cima também. — Apontou para a própria cabeça.

Lia ruborizou por causa de sua indiscrição. Estava devorando o advogado com os olhos e aquilo era errado.

— Então vista a droga da camisa!

Taylor estava com a camiseta presa na mão direita e deu uma risada antes de vestir-se.

— Você é muito cara de pau, Lia Barcelos.

— E você é um exibido! — Ela sibilou com raiva. — Quem atende a porta nesses trajes indecentes?

Enquanto Taylor vestia a camisa, Lia não pôde impedir seus olhos de passearem pelo corpo bem cuidado dele. A tensão produzida nos braços e músculos torneados enquanto cobria o corpo chamaram a atenção da mulher.

— Satisfeita? — Ele falou, enquanto passava os dedos pelos cabelos negros, bagunçados ao colocar a roupa.

— Por Deus, quer parar de ser sexy? — Ela não possuía nenhum filtro e Taylor deu uma risada divertida.

— Você é única. — Ele tocou o nariz da bióloga com a ponta do dedo e Lia sentiu um estranho formigamento com aquele breve contato.

— Por que você está morando neste prédio?

Entre Dois OlharesOnde histórias criam vida. Descubra agora