01. Curto circuito

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Ele socava com agressividade aquele saco de boxe. Para ser sincera, eu nunca tinha visto alguém tão irado assim. O suor minava dos poros e escorria pelo seu corpo todo. O braço torneado avançava com bravura naquele pobre objeto e o restante de seu corpo forte reagia ao impacto.

Sua camiseta branca molhada de suor estava colada na pele e deixava transparecer o tanquinho sarado de tirar o fôlego de qualquer pessoa. Seja mulher ou homem, ninguém na face da Terra resistia aos encantos naturais de Dylan Cooper.

Ele não precisava de dinheiro e fama para ter uma fila de mulheres rendidas aos seus pés. Ele era como uma celebridade naquela cidade. Era querido por todos e odiado por alguns.

Olhos negros focavam no alvo, e eu sorria igual uma boba.

Então Dylan se virou para mim, sorriu fraco e eu disse:

_Pena que esse babaca é o meu irmão.

_Também te amo, Meg. - piscou para mim e voltou a bater no seu brinquedo preferido.

_Você vai se inscrever no campeonato? - perguntei de repente.

_Sim.

_Você acha que está preparado? Eu fico tão preocupada...

_Isso é sério? - parou de bater brevemente e olhou para mim com as sobrancelhas erguidas, tendo como companhia um sorriso alinhado e brilhante nos lábios.

_Claro. Você é bom, mas tem muitos boxeadores por aí. Eu realmente me preocupo com você, Dylan. - enquanto eu falava, ele não dava a mínima para mim. Eu odiava ser ignorada. - Você está me ouvindo, porra?

Dylan parou de socar o saco mais uma vez e olhou para mim. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele começou a caminhar em minha direção até ficar a milímetros de distância do meu corpo. Segurou a minha mão. Nesse instante eu rapidamente encolhi os dedos, porque Dylan sempre zoava as minhas unhas sujas de graxa.

Então com aquele mesmo sorriso estúpido e branco, ele disse:

_Eu prometo sempre dar o meu melhor e ir até onde conseguir, baixinha.

_Jura de mindinho? - eu perguntei erguendo uma das sobrancelhas um tanto desconfiada.

_De mindinho, Meg.

Dylan aproximou os seus lábios da minha bochecha e me beijou igual como quando éramos criança.

Sorri e dei um soco de leve em seu peito.

Dylan era a pessoa mais linda que eu conhecia. Possuía uma energia era pura.

Eu nunca conheci o meu pai, e a minha mãe foi para a Bélgica ganhar dinheiro quando eu só tinha 12 anos, mas nunca voltou.

Durante todo esse tempo quem me criou foram os meus tios - pais de Dylan - e, esses sim merecem o meu respeito. Tio Ben e tia Sabine cuidaram de mim como pais, e Dylan como um irmão.

_Como está lá na oficina? - Dylan indagou, demonstrando curiosidade. Respondi com um dar de ombros.

_Bem, eu acho. Rodynelles disse que contratou um novo funcionário e que sábado ele começa a trabalhar. O que é um verdadeiro milagre já que o seu sogro não gasta dinheiro com exatamente nada que não seja aquela Barbie siliconada, a filha dele. - respondo, rindo.

_Uau! Percebo que o primeiro sinal para o fim do mundo já está dado.

Ele solta uma risada que mais parece uma crise de asma. O som rouco e grave  ecoa livre pela a academia de boxe vazia.

NOCAUTE (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora