06. Amigos?

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Lion cortou uma fatia de bolo de chocolate e colocou em meu prato, em seguida ele derramou café em minha xícara, sentou-se frente a mim e disse, simplesmente:

_Pode comer.

Fiquei sem reação por alguns segundos, era intimidador tê-lo frente a mim me olhando daquela forma.

_Não está servido? - pergunto, baixinho.

_Não, obrigado.

Olhei para o bolo, depois para Lion.

Eu estava na casa dele que, mesmo sendo pequena, era mil vezes mais organizada que o meu dormitório e a minha vida.

Na cozinha não tinha sequer um copo fora do lugar, a pia de mármore estava seca e limpa, a cerâmica do piso brilhava, já a mesa redonda de vidro não tinha marca de dedos.

Tudo era... brilhante.

_Você mora aqui sozinho? - eu quis saber casualmente enquanto dava a primeira garfada no bolo.

Torci para não estar envenenado.

Mastigo lentamente enquanto sinto a leveza da massa, a calda de chocolate derretendo na minha boca e a sensação incrível de provar pela a primeira vez algo tão maravilhoso como aquilo.

_Sim. - deu de ombros.

_Hum... Você que fez? - aponto para o bolo de olhos fechados ainda envolvida por aquele sabor inesquecível.

Ouvi uma risada calma e comportada de Lion. Abri os olhos e o flagrei sorrindo de orelha a orelha com as sobrancelhas erguidas.

_Sim, gostou?

_Muito, nossa! - respondi entusiasmada.

_Eu posso te ensinar a fazer qualquer dias desses.

Olhei para ele desconfiada, ensinar fazer um bolo me parecia uma forma velada de me encontrar novamente.

Lion desviou os olhos dos meus, encarou a mesa e começou a fazer círculos com o polegar esquerdo no vidro.

Notei então a atadura em seu braço, não parecia ser nada grave, mas não dava para ter certeza.

_O que foi isso?

_Isso o que? - voltou os olhos a mim parecendo confuso.

_No seu braço.

_Machuquei no treino. - respondeu ele despreocupado.

_Treino?

_De boxe - completou.

Forcei as sobrancelhas.

_Você é boxeador?

_Sim, o melhor.

Não. Dylan era o melhor boxeador. Eu nunca sequer tinha ouvido falar nesse tal Lion. Mas havia a probabilidade das pessoas não gostarem de tocar em seu nome.

_Bom, isso explica muita coisa. - digo amargamente.

_Tipo o quê?

_Tipo você ter fodido com a vida daquele cara.

Assim que eu disse isso eu me arrependi. Eu estava na casa de um cara que todos temem sentada de frente para ele enquanto comia uma fatia de bolo que ele mesmo preparou.

Se eu gritasse alguém me escutaria? Oh, não! Não escutaria.

_Eu não fodi com a vida dele. - sua voz soou calma, mas o seu olhar era perturbador.

_Uau! Bater em alguém até a morte não é nada grave hoje em dia?

Mas que porra é essa? Alguém cale a minha boca por favor?

NOCAUTE (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora