O 1º Ataque

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O despertador grita como se quisesse explodir enquanto eu levanto lentamente da cama para desligá-lo, tento sair para o primeiro dia de trabalho sem acordar Ellen, minha mulher. Tentei abrir o armário para pegar meu terno sem fazer muito barulho enquanto ela rolava de um lado pro outro da cama, mas de repente disse:
-Vai embora sem nem me dar um bom dia?
-Bom dia, amor.
Disse eu com uma voz de sono.
-Está animado para o primeiro dia aqui na ilha Amity?
Disse ela se espreguiçando para fora da cama.
-Não muito, eu prefiro ficar aqui com você, os meninos, em geral aqui.
Foi quando o telefone tocou e eu fui atender, era o guarda da praia e ele disse que uma garota desapareceu na praia ontem à noite. Eu disse que estava a caminho, entrei no carro e lá fui eu para a praia, o maior e mais famoso lugar dessa ilhazinha.
Ao chegar lá avistei o guarda Stuart e um garoto com cara de preocupado, eu perguntei:
-O que está acontecendo? Quem desapareceu?
O garoto com uma voz tremida de medo respondeu:
-Eu e minha amiga fomos nadar ontem à noite, ela entrou no mar, mas eu fiquei na areia, descansando, e quando acordei eram 5 da manhã e ela não tinha voltado.
Achei estranho, pois a água não e rasa mas também não é tão funda, não temos correntezas passando por essa praia, nos últimos 10 anos nunca mais ouviram-se histórias de ataques de cardumes e nunca houve um ataque de barracudas, mas eu não tinha pensado na opinião mais óbvia, e que, provavelmente, era a certa, um tubarão deve ter confundido ela com uma foca, mordeu-a e ela sangrou até a morte ou foi resgatada por alguém. Estava pensando quando de repente tropecei e cai no chão, Stuart, me levantando, disse:
-está tudo bem? Se machucou?
-Estou bem.
Eu disse, mas ao analisar os gravetos em que tropecei percebi um dedo esticando para fora, e ao puxá-lo a cena que vi foi perturbadora, era somente um braço, sem corpo, com pedaços de carne em volta e penduradas para fora, sem mencionar do sangue, eu disse com nojo:
-Acho que achei sua amiga, pelo menos uma parte!
Ele se virou e ao ver a cena daquele braço ele desmaiou, larguei com nojo e disse a Stuart:
-Leve-o para casa até ele acordar e depois faça um interrogatório, precisamos de resposta para saber quem ou o que foi o monstro que fez isso.
Eu não tirava a ideia de que um tubarão podia ter sido o culpado, mas sempre existe um porém, é o porém da vez é se eu espalhar isso por aí, o pânico vai junto, então quem tem que saber disso é o prefeito, porque se tem alguém que vai fazer algo a respeito disso é ele, pelo menos era isso que eu achava, ele era arrogante, egotista e só ligava para seu dinheiro, mostrei aquele braço para ele e ele disse:
-deixa de bobagem, pode ter sido um acidente de barco, um cardume, uma barracuda, uma pedra, mas tubarões nunca foram vistos por aqui, lá em nova Iorque, de onde você veio, aí eu não sei, mas aqui não.
-Eu não disse que tenho certeza de que foi um tubarão, pode ter sido tudo isso que você disse, mas para as pessoas saberem deveríamos colocar placas, avisos ou fechar a praia.
Imediatamente ele pulou de sua cadeira e disse:
-Não vamos fazer porcaria nenhuma, falta uma semana para o dia 4 de julho, o dia da reinauguração, e precisamos desse dinheiro, está me ouvindo?
Eu com uma expressão de surpreso disse:
-Você só se importa com dinheiro, pode ter um tubarão nessas águas e você ainda pensa nessas miseráveis notinhas verdes, que se dane o dinheiro, meu trabalho é proteger, e não ganhar.
Ele me fez uma expressão de que não ouviu e disse para eu me retirar, foi o que eu fiz, mas eu ainda acho que esse presidente é um desgraçado.
No dia seguinte eu tinha pintado placas, escrito avisos, fiz de tudo para tentar proteger essa cidade. Quando eu estava na beira da praia observando os outros o maldito do presidente apareceu e disse:
-Olha, não é nada pessoal, mas eu vou te falar algo sobre suas ações, o pânico é a arma mais forte contra o dinheiro e enquanto espalha isso tudo, está espalhando o medo junto, é tudo psicológico. Você grita barracuda, todos vão dizer: que? Se você grita tubarão, aí temos o pânico nas nossas mãos no dia 4 de julho.
No fundo eu sabia que ele estava um pouco certo, mas e se algo acontecer, e se mais alguém desaparecer, até hoje eu sinto que ao encarar o mar, não estou só encarando ondas e crianças jogando água, sinto que algo também está me encarando lá no fundo, esperando o momento certo, o momento em que alguém, de repente, some da minha vista e desaparece nas profundezas do mar.

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