Milagreira Final Do Cap.

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... Continuação...

Quatro anos e meio atrás ;

Era uma noite quente de maio. Minha janela estava aberta e acordei com vozes na rua por volta das duas da manhã.

Até hoje, não consigo dormir, ainda ouço aquelas vozes - como sua surtos de fantasmas no vento da noite.

Meu quarto apontava para o norte - para a casa de Lauren. A janela dela devia estar aberta também. Os gritos ficaram mais altos. Ouvi um estrondo e o barulho de telas sendo rasgada.
Não consegui ficar quieta.
Não conseguiria ficará em paz enquanto não fizesse alguma coisa. Então, fui até a pessoa em que eu sabia que podia confiar.

-Dinah, você está acordada? - entrei de fininho no quarto dela.

-Estou. - Ela se sentou na ponta da cama.

Na época o quarto de Dinah ficava do lado do meu, antes dos meus pais o transformarem no quarto de sofih.

Aquelas vozes terríveis entraram voando pela janela dela. Ali elas eram tão altas mas, ainda soavam bem assustadoras.
O quarto dos meus pais ficava do outro lado da casa. Se a janela deles não estivesse aberta, provavelmente não ouviram nada.

-A gente tem que fazer alguma coisa. - falei baixinho.
-Acho que os pais da Lauren batem nela.

-Eles fazem muito pior. - Dinah revelou baixinho.
-A Lauren me contou tudo.

-Então a gente tem que ajudar. - Sentei na cama ao lado de Dinah.

-A Lauren me fez jurar, por tudo que é mais sagrado, que eu não ia contar para os nossos pais. - Dinah sussurrou.

-Mas é um segredo, e manter segredo é errado. A gente tem que contar. - insisti.

-Mas eu não posso, eu prometi. - disse Dinah.

Ouvimos um rugido, algo mais como um uivo, seguido por um barulho horrível.
Ouvi seis socos e um estrondo muito forte, então tudo ficou silencioso. Tão silencioso que eu queria gritar só para quebrar o silêncio.

Depois veio um barulho fraquinho, um choramingo, que mais parecia de um cachorro.
Segurei forte no braço de Dinah e deitei a cabeça em seu ombro. Ela fez carinho no meu cabelo embaraçado.

-Então eu vou contar, assim você não precisa fazer isso. - Falei.

Dinah me abraçou até eu encontrar coragem e ir acordar meus pais.

O pai da Lauren fugiu antes que a polícia chegasse. Mas meu pai persuadiu o juiz para deixar Lauren ficar com a gente até a mãe dela resolver o que ia fazer da vida. A Lauren ficou lá em casa por algumas semanas.

A fratura no crânio cicatrizou "milagrosamente" rápido mas, para mim ela nunca mais foi a mesma. Às vezes ela estava feliz como nunca mas, outras vezes eu a flagrava olhando cheia de raiva para Dinah, como se soubesse que minha irmã tinha traído sua confiança.

Jantar;

Sentei à mesa e jantei sozinha pela primeira vez em muito tempo.
Dinah disse que não estava com fome e foi para o porão, sofih estava no quarto dela, e meus pais estavam no escritório com a porta fechada.

Enquanto remexia meu prato de macarrão e estrogonofe de frango requentado, senti despeito de Lauren, como se estive feliz por ela estar errada sobre meus jantares em família tão perfeitos.
Mas eu sabia que era errado pensar assim.

Eu não deveria querer que coisas ruins acontecem para minha família só para provar alguma coisa para Lauren.
Por que ela deveria me fazer sentir culpada por ter uma família que queria jantar com todos juntos e falar sobre nossa vida?

Mas, nesta noite tudo estava silencioso demais para comer.

Joguei fora o resto da comida é fui para o meu quarto. Fiquei deitada por um tempo até as vozes fantasmagóricas reencontrarem o caminho até a minha cabeça.

Mas então, percebi que os gritos vinham da minha própria casa.

Meus pais estavam gritando um com o outro no escritório.
Não eram gritos violentos mas, de raiva e irritação.
Às vezes meus pais discordavam e discutiam mas, eu nunca tinha ouvido os dois brigarem antes.

A voz de meu pai era mais baixa, e eu podia ouvir seu desespero mas, não as palavras. A vontade, da minha mãe ficou mais alta, mais nervosa e sarcástica.

-Talvez você esteja certo, talvez seja sua culpa.
Talvez você tenha causado essa "maldição" para todos nós.
E que tal colocar o tal aquecimento global em sua lista?
Talvez seja sua culpa também! - minha mãe disse.

Eu me levantei e tranquei a porta, voltei para debaixo das cobertas e coloquei o travesseiro na cabeça.

Mesmo sabendo que a última coisa que eu conseguiria fazer naquela noite seria dormir.

O Divino Uivo Da Meia Noite - Amor Proibido-Onde histórias criam vida. Descubra agora