O Que Eu Fiz Quando Você Se Foi

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Catharina observou Eduardo partir, seus olhos o acompanharam até a porta do elevador se fechar.

Por um tempo ela permaneceu olhando fixamente para a porta  fechada, até ser interrompida por Verônica.

-Ei Cathy!

Catharina olha para Verônica, que por sua vez continua a olha-la sem dizer nada.

-Oi Verônica. - Catharina finalmente diz.

-O que ele queria hein?

-Saber se iríamos sair hoje.

-E?

-E o quê?

-E vocês irão sair hoje?

-Eu disse para ele que sim.

-Como assim "eu disse que sim"?

Catharina começa a digitar algo rapidamente, colocando muita força no teclado.

-Cathy, eu te fiz uma pergunta!

-O que você acha hein Verônica? Se eu disse que sim, é porque sim, nós iremos sair hoje!

-Ai não fica brava...

Verônica fica por um tempo  olhando-a digitar de forma nervosa.

-Mais alguma pergunta?

-Não, obrigada! - Verônica diz com ironia.

Cathy está voltando para casa, por costume passa pela rua da costureira.

Ela está de cabeça baixa pensando em que roupa usar para o cinema, e vez ou outra vem a sua mente  um pequeno filminho no qual o protagonista é  Eduardo, que sentado em uma mesa sem acompanhante toma um chopp tristemente, devido a um suposto bolo que Catharina  fantasiosamente o deu. Ela se distrai com esses pensamentos até ser instigada por uma risada feminina que a fez por instinto olhar para frente e ver de quem era.

Ela conhecia o homem que acompanhava aquela mulher, de longe identificaria Bruno, o filho da costureira. Sua antiga paixão agora está diante de seus olhos com as mãos entrelaçadas a uma outra mulher.

Sentiu uma dor fina em seu coração, como se enfiassem um palito de madeira, sentiu a dor nervosa do objeto que a perfurava ser retirado, sentiu a dor da lesão causada.

Ela tinha plena convicção de que o sentimento que ela nutria por Eduardo era maior do que aquela paixão extrovertida que mantinha por Bruno, porém Catharina detestava perder pessoas.

Bruno estava sorridente e parecia plenamente feliz, levava consigo sacolas plásticas com compras de algum supermercado, enquanto a moça que o acompanhava, de mãos vazias sorria das bobagens que ele falava.

Cathy chegou em casa, Freddy a recebeu no portão, ela o envolveu em seus braços, procurou nele carinho e encontrou.

Seu roncar acalentava seu coração, sentia amada, sentia que poderia confiar em alguém, sentiu a doce sensação de reciprocidade, ali no abraço de uma animal irracional.

Sem maldade ou pretensão Freddy queria apenas ser amado e quando amado, amava. Se não o amassem talvez partisse, talvez também sentisse uma dor fina como a de uma palito sendo introduzido em seu coração. Os gatos foram feitos para pessoas que sabem amar, se eles não encontram amor em seu lar dificilmente permanecerão nele por muito tempo, está é a grande diferença entre os felinos e os caninos, que por sua vez foram feitos para pessoas que sabem ou não amar, os pobres bichinhos possuem em seu coração uma amor estranho, incondicional, que ama de forma absurda, sem serem amados continuam amando com a mesma qualidade, por sinal é a mesma atitude que por vezes nós, seres humanos tomamos, sendo  a grande diferença entre nós e os cães é que possuímos um cérebro racional.

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