(19) Decimo segundo dia de coma

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    Estou voltando para minha casa, ver minha família novamente. Isso está quase no fim. - pensei
- O senhor não ouviu oque o líder do grupo falou? - Sussurrou uma voz próxima ao meu ouvido. - Isso é apenas uma missão, lembre-se que sua profecia diz que irá ficar no mínimo um mês aqui.
- Que droga Tio. Você só aparece quando não é necessário, correto?!
   Depois do "choque de realidade" que tinha acabado de ganhar, toda minha ansiedade tinha se transformado em angústia. Provavelmente não iria ver ninguém da minha família, ou se quer algum conhecido.
    Ficamos parado no meio daquela floresta por alguns instantes formando um círculos perfeito até que Whit perguntou...
- Pois bem, e agora? - Taylor continuou em silêncio.
   o Sol já estava timidamente dando o ar da graça no céu, e o próprio céu tomando sua cor azul claro. Já fazia dez minutos depois da minha chegada.
- Pra que toda aquela pressa se nos íamos ficar parados aqui - Continuou Whit. Ela se levantou em direção ao Taylor - escuta aqui seu... - Nesse momento no centro do círculo uma fenda começou a se abrir lentamente enquanto vendo forte saía de sua abertura forçando Whit a voltar para trás, uma cor esverdeada também vazava do buraco, me afastei por instinto daquilo e todos os outros (menos o Taylor) fizeram o mesmo.
   Por fim, depois de uns trinta segundos estala lá, um buraco com uma circunferência perfeita e uns 15 metros de diâmetro.
- OQUE É ISSO? - perguntou Henry em cima de uma árvore.
- Isse é... Como vocês dizem mesmo...?   isso é nosso "Táxi" para terra. - Disse ironicamente Taylor. - Agora vamos porque perdemos muito tempo. - E sem mais e nem menos ele pulou dentro do buraco.
- Eu não entro naquilo! - disse Henry ainda em cima da árvore.
- Eu também não! E você Whi... - Antes que eu terminasse a frase, la estava ela correndo e sorrindo em direção ao portal.
- Falou galera... - e pulou como se tivesse entrando em uma piscina.
- Que droga Whit, então vamos ficar só nos aqu... - E lá se foi Henry seguindo Whit - OQUE? Henry seu pilantra... - Provavelmente ele não tinha ouvido aquilo. - Andei em direção ao portal, parei diante dele e me preparei para pular. Antes que eu pudesse pensar em desistir, senti uma leve pancada em minhas costas (era a Puff) e com isso me derrubando.
    As coisas só ficavam mais estranhas a cada segundo que passava. Apesar de estar caindo em alta velocidade, eu não sentia a sensação de queda, era como eu tivesse em pé só que sem um chão embaixo. A luz que emanava de baixo me deixou um pouco desnorteado e ofuscou minha visão e com isso me obrigando a fecha os olhos. Depois que "pulei" no buraco não vi mais ninguém além de Puff que estava grudada no meu peito e já fazia um tempo que eu caía e mesmo assim não conseguia ver o final daquilo.
- Quando vamos chegar? Já faz minutos que estou caindo, mas parece que não saio do lugar. - Perguntei pra Puff, mas quem acabou respondendo foi o Tio.
- Senhor a questão aqui não é simplesmente cair para chegar ao fim ou ao destino, isso é bem mais complexo. Onde realmente quer chegar? - Aquela pergunta parecia simples, mas aqui nada e simples.
- Quero ir pra terra! - Dei uma resposta tão simples quanto a pergunta.
- Exatamente! E porque ainda não foi? - Certa... Aquela pergunta foi meio tosca.
- Porque não cheguei no fim do buraco?!
- E porque tem que chegar no fim do buraco pra ir pra seguir em frente? Porque não vai enquanto estar no meio dele? Nem sempre e necessário passar por etapas quando se tem o objetivo traçado na mente. Se você quer vá! - POW, finalmente ele me ajudou em alguma coisa.
    Não tinha entendido exatamente oque acabará de ouvir, mas sabia oque fazer. Eu simplesmente quis estar na terra, levei esse pensamento acima de tudo, foi ai que senti o chão firme, uma leve brisa e calor. Abri os olhos lentamente e vi Whit, Henry e Taylor parados na minha frente. Nos estávamos como antes, formando um círculo. Só que dessa vez não em uma floresta mas sim em lugar nenhum. Isso mesmo, eu estava em lugar nenhum. Sentia a brisa, sentia o calor do meu corpo, mas não tinha nada em nossa volta, parecia o consciente da Puff onde conversei com aquela garotinha. Lugar sem anexo, sem nenhuma cor além do branco, você não sabia onde começava e nem onde terminava.
- Agora Durmam! - Ordenou Taylor.
- Hãn? - Disse Whit, e essa foi a reação de todos.
- Durmam! - Continuou ele enquanto se deitava no nada e fechava os olhos.
- ... - pensei olhando pra Whit.
- ... - Ela olhando pra mim.
- ... - Olhei pro Henry.
- Então vamos... - Disse ele se deitando lentamente e procurando uma posição confortável.
- Não entendo o motivo disso, não tem fundamento! - Afirmaei.
- Nada nesse lugar tem... - Retrucou Whit tambem se deitando.
   Odeio fazer coisas que me pedem sem antes dizer o porque daquilo. Sou meio egoísta. Mesmo sabendo que aquilo concerteza era necessário, eu queria saber o motivo.
- Sei exatamente oque estar pensando. Pois bem, eu explico. - Disse o Tio aparecendo com seu café.
- Ultimamente você estar sendo muito útil, ta doente Tio?
- Creio que o senho foi irônico, mas irei ignorar. Sobre o motivo de vocês terem que dormi, quer saber?
- Seria bom...
-Pois bem, aqui na Rua Outro Mundo sonhar não e apenas sonhar. Existe dois tipos de sonhos, os que prevêem o futuro, você tem breve visões do seu próprio futuro; e os que transportam seu espírito, e esse e oque vocês estão atrás. Existem pessoas na terra que são, como posso dizer... Compatíveis, ou seja, são usadas como receptáculos por um breve momento por anjos ou pré-desdinados como você.
    Todos os outros já estavam silenciosos mas era impossivel que tivessem dormindo, nao fazia nem três minutos desde que deitaram. Mechi no ombro da Whit para pergunta oque ela achava daquilo.
- Hey Whit... - Chamei atenção dela enquanto balançava seu ombro, e por incrível que parece ela ja estava dormindo, não só ela, mas todos menos eu. Me voltei para o tio e penguntei - Quer dizer que vamos possuir pessoas igual aqueles filmes de terror?
- E uma bela observação senhor. Basicamente isso aí, tirando a parte macabra, os vômitos, cabeças girando e tudo mais. Vocês só vão pegar "emprestado" o corpo de uma pessoa compatível por uma noite e depois voltaram pra cá e o receptáculo não irá se lembrar da noite.
- eles já foram pra lá? - Perguntei desesperado pelo fato de novamente ser deixado para trás (De novo).
- Isso você só vai saber se dormi.
    Até Puff tava dormindo no bolso da minha camisa. Me deitei de uma forma que não machucasse ela, mas antes de dormi me lembrei do último sonho que tive e me veio um pânico. Lembrando de tudo fiquei nervoso. Não lembrava bem, mas as partes que me vinham a memória não eram legais tipo: Whit, Henry e Taylor presos, eu rindo, demônios a minha volta. Se existem dois tipos de sonhos aqui, então esse era uma visão do futuro...
   Me recusava a aceitar aquilo, vai ver era só um pesadelo mesmo. Fechei meus olhos e tentei pegar no sono me confortando com esse pensamento de que foi só um simples pesadelo. No final deu certo e acabei ficando sonolento até finalmente dormi. Foi a melhor e pior sensação que eu já havia sentido, ao mesmo tempo que consegui perceber meu coração batendo ( eu só percebi que meu coração não batia agora ), bombeando todo o sangue do "meu" corpo, senti algo no fundo da minha cabeça, uma pontada que me fez cair no chão. Ainda não tinha aberto os olhos, eles começaram a coçar, e quando fui coçar percebi algo estranho em meu braço, tinha bem mais cabelos que antes e era um pouco mais gordo.
     Abri os olhos, minha visão estava meio embaraçada mas mesmo assim consegui distinguir o lugar. Olhei para os lados buscando algo a mais, mas era só isso mesmo,  um soton de alguma casa velha, chão de madeira, baús cheios de poeira e casas de aranha para todos os lados. Me levantei lentamente porque meu corpo estava todo dolorido, e acabei batendo a cabeça no teto do lugar. O local não parecia tão pequeno assim a ponto de bater a cabeça no teto. Depois que minha visão voltou consegui ver minhas vestes, usava uma calça jeans preta básica, uma camisa moletom branca e um colete preto por cima, sapatos pretos com um leve salto.
- Onde estou? Cadê todo mundo? E que roupas são essas? Porque ta tudo muito estranho? - Perguntas não paravam de vim a minha cabeça. - Droga, tenho que sair daqui e procurar por informações. - Quando dei um passo a frente em direção a porta, escutei um barulho vindo de um dos baús empoeirados atrás de mim, me virei em direção a ele é o observei até o momento que vim um gato sair de trás dele.
- Uffa, era só um gato... - Disse aliviado por não ser algo sério.
- Puff...
- HÃN??? - Levei um susto dando um passo pra trás e caindo no chão. O gato falou? E falou oque eu ouvi?
- Puff Puff... Oi James - disse o gato.
- Puff? É você? - Certo, depois de tudo que já vi nesses últimos dias, a parti de agora eu acredito até em papai Noel e fada do dente.
- Sim... Puff puff. - O gato se aproximou de mim pulando no meu peito. - Puff tava com saudades... Puff puff.
- Sabe onde estamos? - Perguntei me levantando com ele no colo.
    Andei até a porta ainda dolorido. Abri com cautela porque não sabia oque esperar do outro lado. Era uma casa normal. Desci uns seis degraus ate chegar em um corredor onde ambos os lados tinha portas ( duas na direita e duas na esquerda), mais a frente tinha uma escada para o cômodo de baixo. Era noite como pude ver pela janela. Desci as escadas e me deparei com uma sala de estar comum, do lado uma cozinha que dava passagem ao quintal. Sem mais nem menos comecei a suar. Procurei por um momento o banheiro da casa, para lavar meu rosto. Não arriscaria ir lá em cima naqueles quartos e sem querer encontrar os donos da casa, mas por sorte achei um do lado da cozinha.
- Cadê o Tio quando se precisa dele... - Caminhei até o banheiro resmungando com a Puff, abri lentamente a porta e quando me coloquei de frente ao espelho vi um estranho. Quem é essa pessoa? Uma garoto um pouco acima do peso, cabelos pretos, bochechas rosadas, olhos castanhos e uma expressão facial abalada. Era eu.
- Mas que droga e essa... Oque aconteceu com meu rosto? - Comecei a tocar nele conferindo se aquilo era meu mesmo.
- Sua missão já começou senhor! Melhor andar rápido! - Disse o Tio bigodudo saindo da banheira atrás de mim.
     Não perguntei nada porque estava cansado de pergunta. Estar na hora de tirar minhas próprias conclusões das coisas até porque não sou tão burro assim, sou até que esperto. Me sentei no vaso, baixei a cabeça e depois de um minuto conclui que esse corpo era o meu receptáculo, e já estava na terra, mas cadê os outros?
- Isso mesmo senhor. Conclusão perfeita. Para responder sua única dúvida no momento apenas saía de casa.
    Parando com a mania de perguntar o porque daquilo, apenas me levantei e me dirigi a porta de saída com Puff no colo. Não sabia onde estava, que dia era, que ano era e nem quem EU era. Abri a porta e foi como se tivesse sido combinado. Os três vizinhos do lado fizeram os mesmo. Nos quatro saímos ao mesmo tempo para a calçada e percebi, era meu grupo. Eu, um sedentário alto, uma senhora com cabelos grisalhos, um fortão loiro, um gato e um Nerd magro e míope.
   Que bom, não pensei que meu grupo poderia ficar pior... Pensei errado.

 
   

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