Reich

O percurso

A madrugada já estava indo embora, o tom pálido do céu já voltava novamente, segunda-feira havia chegado, daqui há alguns minutos os alunos deveriam se dirigir a sala. Blume acordou cedo, lavou seus cabelos cacheados, num tom de ruivo perfeito, os reflexos do sol eram facilmente refletidos em seus cabelos, foi para a mesa, sentou-se ao lado dos pais e tomou seu café. 

- A viagem será logo, tome cuidado querida, a sua bolsa já está arrumada, está ao lado de sua cama - Disse sua mãe. 

- Certo mãe, tomarei cuidado. - Neste momento Blume saiu de casa, deu um beijo na sua mãe, e um tchau para seu pai que escrevia uns artigos em frente a casa, e foi caminhando para o colégio. 

O comunicado havia sido recolhido há alguns dias, para a certeza de quantos alunos iriam. Haviam quatro ônibus enormes em frente ao colégio, grandes, com poltronas um pouco afastadas,  na cor azul. Os alunos mais uma vez se concentraram no salão para ouvirem as instruções da Sra. Lear sobre a viagem, e os comportamentos que não seriam permitidos. 

- Queridos alunos, peço-lhes que compreendam todas as instruções que serão dadas por mim:

1ª Andem juntos e não se separem, se precisarem de algo ou se afastar comuniquem ao Jim.

2ª Meninos dormirão em um local e garotas no outro, não é permitido a junção dos dois.

3ª Não façam bagunça dentro do ônibus, nada de gritarias, e qualquer barulho suspeito ou coisa do tipo, sem gritos. 

4ª Não saiam a noite, e não falem com garotas desconhecidas durante a noite.

Os alunos ouviram atentamente as instruções da professora, todos então foram as salas pegaram suas mochilas e se dirigiram para o ônibus, em fileiras, dentre eles estavam Blume e Stärke que iriam estar no mesmo ônibus. Todos já estavam entrando e guardando suas malas, quando Blume pôde notar que Stärke estava um pouco afastado de todos, perto das árvores, como ele era o único que ela conhecia, ela foi até lá, ele estava de cabeça baixa.

- Stär... Stärke? Você está bem? - Disse Blume. 

- Sim, estou. - Disse ele com a voz soluçando, o que não escondia seu choro. 

- Sei que não está, o que houve? 

- Minha mãe, eu... eu não entendo, porquê? Por que agora? Por que comigo? - Disse ele, o choro já estava cessando. 

- Calma, tudo vai ficar bem, algumas coisas tem que acontecer algumas vezes, pra outras continuarem, esse é o ciclo contínuo da vida, a dor de qualquer modo virá, mas quando ela for, o prazer de não tê-la será maior. Vamos pro ônibus, já vamos partir, você pode ficar ao meu lado se quiser, não se preocupe, não vou contar o que houve a ninguém. 

- Certo - Ele se levantou então, decidido e foi com a garota até o ônibus, entraram devagar, os alunos se amontoavam uns sobre os outros para escolherem seus lugares. 

Jim então estava passando organizando as filas que estavam bagunçadas: 

- Nada de bagunça, façam a fila de forma organizada, os bagunceiros serão levados pra casa, já estou avisando.

Logo, todos ficaram quietos, procuraram seus lugares, e se acomodaram, o sol ainda procurava seu lugar ao céu, haviam alguns jogos disponíveis em cada fileira, para que os alunos pudessem se divertir e se enturmar durante a viagem. Alguns responsáveis pelo colégio continuaram lá, desta vez a Sra. Lear não foi, ficou cuidando da supervisão do colégio, quem estava com eles era a Sra. Demic, uma mulher alta, de cabelos cor violeta e pele amarelada, tinha uma voz suave, havia muito tempo que fazia parte do colégio Iezzi, assim como Sra. Lear, era uma das fundadoras. 

No caminho haviam muitos pinheiros, flores, animais, neve nas copas das montanhas, era comum nessas partes, a neve apenas se alastrava por todo local, durante seu tempo determinado, em mudanças de estações ou coisas parecidas, era uma das épocas preferidas das crianças, e quando os ursos brancos deixavam suas tocas para se juntar a população, alguns dóceis e outros extremamente selvagens, eram grandes e tinham sangue azul escuro, assim como a cor do céu durante a noite, intenso, com dentes afiados, poucos conseguiam domá-los, eram quase imbatíveis em duelos, mas com tantas qualidades, eram muito procurados.

Enquanto isso, nos arredores do colégio uma pequena reunião era formada em seus fundos, havia uma parte interna em tal colégio, pra ser mais preciso, haviam salas embaixo, salas que alunos não sabiam que existiam, e que se soubessem, claro, não teriam permissão para entrar. A "coisa"- como era chamada em tais reuniões - que estava causando os danos nas árvores e marcas, ainda era desconhecida, toda semana os professores se reuniam em segredo para discutir tal assunto, o que quer que fosse, estaria colocando a vida dos alunos em risco, o Drachen andava muito inquieto, e alguns gritos podiam ser ouvidos a noite, gritos incomuns, uma mistura de choro de criança com um urro rouco de algum lobo, era desconhecido por moradores.

 - Meus caros, o que quer que seja a criatura, devemos tomar providências rapidamente, acho que uma ideia que poderia ser posta em prática é contratar um caçador para usar seus conhecimentos sobre esses acontecimentos no colégio Iezzi. Ontem houve mais um ocorrido, mais uma suspeita, as árvores que estavam sem folhas e com a marca de uma estrela agora parecem que sangram, estavam com um líquido espesso, de uma coloração vermelha intensa, o líquido foi coletado e será analisado pelos nossos especialistas, talvez alguma de nossas poções possam disfarçar o problema por enquanto. A viagem dos alunos irá favorecer bastante para investigações, e pro caso de precisarmos proibir mais alguns locais desta instituição, se houver mais alguma coisa a ser tratada, irei comunicá-los imediatamente. - Nesse momento, a mulher desceu da escada, e foi sentar-se junto aos outros professores, funcionários e contribuintes. 

Estavam numa sala, com alguns degraus e um tapete azul aveludado para quem fosse discursar, e mais abaixo, algumas cadeiras forradas por um tecido vermelho, com uma alavanca, para quem tivesse alguma ideia ou opinião puxar, para não interromper a possível proposta ou explicação de quem estivesse lá na frente.