Amanheceu, no céu pairava o cinza, ficando alaranjado, sua cor pálida já estava sendo deixada pra trás, a neblina desaparecia nos campos verdes das cataratas, todos ainda dormiam, assim que chegava o sol para iluminar o dia, a águia passava deixando a pequena pedra em cima da balança, fazendo o sino tocar, os cidadãos estão passavam a acordar. Em toda a extensão do edifício haviam umas pequenas caixinhas, que emanavam o som a partir da principal, Mungrel era assim, tinha uma extensão de tecnologia boa o suficiente, porém, a cultura era imposta de forma intensa, passada de geração em geração, mesmo que fossem de forma disfarçado, tal como a caixinha de som, que por trás daquela madeira aparentemente velha e com alguns desenhos, tinha capacidade suficiente, para emanar o som de forma impecável. A Professora Demic então acordou, lavou seus cabelos, e desta vez prendeu-os ao alto da cabeça, colocou seu vestido florido, parecia revigorada, estava cansada na noite anterior, realizou sua higiene diária, e então foi para o último andar do prédio. Entrou ao elevador, pequeno, simples, um espelho ao fundo, e rinchava um pouco, de qualquer modo, era confortável, esperou um pouco, a porta se abriu, ela viu então uma mulher sentada numa cadeira, atrás de uma grande mesa, coberta por um pano negro, aparentemente simples.
- Com licença, permita-me apresentar, me chamo Demic, e estou com os alunos do colégio Iezzi, poderia por obséquio usar o seu sistema de caixas de som, para me comunicar com meus alunos?
- Querida, não precisa ser tão formal - Ela sorriu.
- Tudo bem. - Disse a Senhora Demic, em tom baixo.
- Então, vá até aquela sala com número 185, haverá um microfone pequeno, lá você poderá falar e automaticamente o som irá para as caixas localizadas ao longo deste edifício, a propósito, a mesa com o café da manhã está pronta lá embaixo, não demorem, ou vai esfriar - brincou a garota.
- Direi aos meus alunos logo, muito obrigada.Ela então se dirigiu a sala:
- Caros alunos do penúltimo ano, se arrumem, e vão para o salão central deste edifício, o café da manhã está preparado e servido lá, faremos a chamada antes da refeição, por favor, não se atrasem, tenham um bom dia.Logo os alunos passaram a se acordar em seus quartos, e se arrumarem, alguns ainda fazendo um certo esforço para se levantar da cama, outros dando um pulo, completamente ansiosos para conhecer as cataratas. Blume acordou e viu sua colega de quarto sentada sobre a cama, parece que já havia se arrumado, pra surpresa de Blume, a garota estava totalmente diferente da noite anterior, com alguns laços em torno da cabeça, e sorrindo:
- Oi moça, bom dia, está na hora de acordar, não demore, estou te esperando pra descer - Dizia a garota que pintava um pequeno livro a mão.
- Cer...Certo.
Blume se esticou, e enfim se levantou, sentou na cama e puxou sua bolsa mais pra perto, abriu, retirou sua toalha e escova de dentes, quando repentinamente o ato foi interrompido pela fala da garota.
- Não precisa de toalha, no banheiro há uma pra cada uma, aliás, qual seu nome?
- Blume Hauke, e o seu? - dizia desconfiada.
- Ah, me chamo Dunkelheit Back, um pouco excêntrico, mas pode me chamar de Dunk, ou Back, fica a seu critério.Blume guardou a toalha na bolsa novamente, concordou com a cabeça e foi em direção ao banheiro, tomou banho, arrumou os cabelos, e saiu, de encontro a Dunk, que ainda estava sentada na cama:
- Vamos lá, Hauke?
- Sim... - disse ela com um olhar tímido.Chegaram a sala principal do lugar, havia uma mesa enorme, repleta de sucos, frutas e algumas massas, a maioria dos alunos já estavam lá, elas apenas sentaram, passado alguns minutos, a chamada havia sido iniciada, os alunos respondiam tranquilamente, pelo que parecia, todos estavam lá, e a refeição matinal foi seguida normalmente. Pareciam muito empolgados com o início do dia, contando de como devia ser, e coisas parecidas, terminaram suas refeições e pegaram a mochila, alguns haviam levado uns tipos de câmeras, ainda com aquela mesma personalização antiga, burguesa, apurada, outros levavam blocos para anotações repentinas, e alguns ainda levavam roupas, para o caso de precisão. Algo engraçado havia acontecido, ninguém naquele dia havia aberto as janelas, as cortinas estavam todas fechadas, o que aumentou ainda mais a surpresa dos alunos, ao descerem para o térreo, e abrirem os portões.
- NEVE!
Gritou um deles, e correu para rolar ao chão, felizmente, todos estavam com casacos em mãos, pois sabiam que esse dia de neve antes da primavera iria existir, então, era melhor prevenir, colocaram seus casacos e saíram, com os professores guiando, partiriam na tarde seguinte, após o almoço, provavelmente seria possível explorar algo a mais, já que a neve não estaria ali, mas no mesmo dia a tarde, a neve também iria embora, porém, a água permaneceria ali. Continuaram andando, no começo era possível apenas ver o sol, e alguns pinheiros com as copas cobertas por neve, Dunk ainda estava com Blume, e no caminho pegava algumas folhas verdes, e guardava dentro da mochila, Blume estava um pouco curiosa para saber porque ela estava guardando aquilo, porém, sabia que era pra algum tipo de poção, nos livros didáticos haviam informações sobre as cataratas de Mungrel, e uma das suas informações principais eram as de suas ervas extremamente úteis.
Ao longo do caminho, a professora explicava a função de algumas flores, enquanto os outros professores faziam o mesmo, os alunos prestavam atenção a cada palavra, a cada ação, buscando absorver o conhecimento passado por eles, tinham flores de todas as cores, as mais fascinantes eram rosas negras, quando apertadas a mão, expeliam um líquido roxo escuro, que escorria pela mão, sujando a neve branca, como algo derramado involuntariamente.
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Reich
Science FictionReich é a historia de um reino cujo nome é Mungrel, onde a população é pacifica e quase não se ouve falar de brigas, pelo menos dentro dos limites das cidades, cujo poucos resolveram ultrapassar. A cidade é governada pela rainha Éris, uma linda garo...