Capítulo 3

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Louren

- O quê? - tusso, tirando o cigarro da boca.

- Tem um pra mim? - ele repete a pergunta e estende a mão aberta.

Seguro meu cigarro novamente entre os dentes e pego um no bolso. Coloco-o em sua mão, fazendo de tudo para não encostar nele e depois lhe entrego meu isqueiro. Ele põe o cigarro na boca e logo depois de acendê-lo, me devolve o isqueiro.

- Valeu. - dá uma tragada. - Qual o seu nome?

- Louren. - digo tentando não deixar minha voz trêmula.

- Hum... - mais uma tragada lenta. - Nome interessante, Lauren.

Reviro os olhos. Tudo que mais odeio nessa vida além de Marcus é que pronunciem meu nome errado. Eu já passava por isso na escola; as pessoas da minha turma e até os professores me chamavam de Lauren e eu sempre precisava explicar que havia uma grande diferença entre Lauren e Louren. Qual a dificuldade nisso?

- É Louren - falo explicadamente. - E não Lauren.

- Não vi muita diferença. - dá de ombros.

- Mas tem sim. - finalmente o encaro. - Tem muita diferença.

Ele não diz nada por um longo tempo e só ficamos soltando fumaça pela boca, então decido ser a primeira a quebrar o silêncio:

- E você, como se chama? - mantenho o cigarro entre os dentes.

- Dick. - diz e coloca os cotovelos sobre os joelhos flexionados.

- De onde você é? Nunca te vi por aqui antes.

- Sou de... muitos lugares.

Quase rio e tento me segurar. Funciona nos primeiros dez segundos, mas acabo caindo na risada e ele aperta os olhos ao olhar para mim.

- Contei alguma piada e não percebi? - Dick apaga a ponta do seu cigarro na calçada e o joga no meio da pista.

- Não. - digo entre risos. - Mas é que... você falou com uma voz grave e tentou fazer uma frase de efeito. - respiro fundo para controlar minha gargalhada. - Sou de... muitos lugares. - tento imitar sua voz.

- Você é muito engraçada. - a ironia está estampada em seu rosto. - Nossa.

- Foi mal, cara. Mas é que foi esquisito. Se você queria causar efeito, não funcionou.

- Não quis causar efeito nenhum. Só sou de muitos lugares. Nunca fico muito tempo em uma cidade. Logo vou embora daqui.

- Hum.

De repente a conversa ficou interessante.

- Quando você vai?

- Você não é da polícia, é? - ele volta a apertar os olhos para mim.

- Tenho cara de quem é da polícia? - dou uma tragada longa. - Sou só uma garota ferrada de 19 anos. Não sou da polícia. - rio, mas o som da minha risada mais parece um gemido de frustração.

- Bom, se não é da polícia... vou sair da cidade no sábado de manhã.

- Vai pra muito longe?

- Talvez. Vou pra onde a estrada me levar.

- Viu só? - aponto. - Está fazendo frases de efeito de novo.

É a sua vez de rir.

- Tá legal, eu admito, talvez eu tenha isso de falar frases de efeito.

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