Capítulo 13

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Louren

Abro a porta da frente e encaro a sala da minha casa. Marcus está morto, a casa é minha agora, estou livre, mas não estou sossegada. Meu coração dói e subo para o sótão - meu quarto - para me jogar em minha cama. Choro. Só isso. Por um longo tempo apenas abraço meu travesseiro e choro, pois não consigo parar de pensar que Dick pode estar morto.

Assisti a todo tipo de jornal ou programa policial por duas semanas e nenhuma notícia sobre Dick apareceu. Estou sem saber de nada; como ele está, onde ele está, se está vivo... Uma parte de mim acredita que ele está bem, se recuperando do tiro, mas a outra parte se convence de que ele está morto e que enterraram seu corpo por aí. E eu odeio ter essa parte.

Sei que se o tiro não o matou, ele está na cadeia e simplesmente não posso ir procurá-lo por causa de um cartaz de procura-se com um retrato falado meu. Pelo menos os policiais não sabem nada sobre mim, só há aquele desenho ridículo. Por isso decido que está na hora de resolver isso. 

Pego uma tesoura na gaveta da cozinha e vou para a frente do espelho. Começo a cortar o cabelo, vou cortando até ficar acima dos ombros, então abro a sacola com o descolorante e a tinta de cabelo que comprei no mercado e preparo a tintura.

Quando acabo, seco meus cabelos com uma toalha e encaro meu novo visual no espelho. Posso até imaginar o que Carla vai dizer quando me ver loira.

- Agora somos gêmeas. - ela vai sorrir e passar o braço pelo meu.

Saio do banheiro e faço um sanduíche para mim com os ingredientes que comprei. A minha geladeira está cheia agora. Não tenho mais que dar meu dinheiro a Marcus e finalmente posso fazer as compras do mês. Compras normais, e isso é bom.

Aos poucos, as coisas estão voltando ao normal e quanto ao que aconteceu na cabana, Carla e eu decidimos não falar nada sobre isso, a não ser para seu namorado que concordou em guardar segredo. Ela só sumiu por uma noite, então contou para o seu pai que estava na casa de Coll e ele acreditou quando o genro confirmou a história. Agora, já se passaram algumas semanas desde de toda aquela loucura e Jona me recontratou quando apareci na lanchonete pedindo para me aceitar de volta. Porém, tudo está diferente. Na verdade, acho que sou uma pessoa diferente. Bom, eu ainda fumo quando quero ou bebo cerveja de vez em quando, mas acabaram as idas às festas, acabaram as transas com caras que conhecia em algum bar e passo meus finais de semana assistindo televisão ou dormindo na casa de Carla. 

Tudo está mais tranquilo.

Desde que Dick entrou e saiu da minha vida, tudo mudou.

°°°

Entrego o cheque a Jona e ele sorri, depois aperta minha mão e diz:

- Você fez um ótimo negócio. Cuide bem da minha lanchonete.

- Você quis dizer minha lanchonete. - rio e o abraço. - Vou sentir saudades.

Uns cinco meses depois de tudo que aconteceu, Jona conheceu uma mulher bem legal e eles começaram a namorar. Então noivaram e agora vão se casar. Quando Jona me disse que teria que deixar a cidade com a noiva e teria que vender a lanchonete, não pensei duas vezes e usei o dinheiro do Dick e mais algumas econômicas para comprar o estabelecimento.

Eu sei que o dinheiro era roubado, mas a grana estava debaixo do meu colchão desde o dia em que deixei Dick baleado naquela cabana e não consegui gastar com bobagens. Por muito tempo não conseguia nem olhar para as cédulas e tive vontade de me livrar de toda a grana, mas acho que Dick não iria querer isso e decidi guardar tudo para o caso de alguma emergência surgir. Foi então que a portunidade de comprar a lanchonete apareceu e eu sei que Dick ficaria orgulhoso se o dinheiro fosse usado para algo bom.

- Tem razão, esse lugar agora é seu. Seja um boa chefe para Carla. - Jona diz com uma risada.

- Prometo que vou ser uma chefe tão boa quanto você. - me gabo. - Quando você vai?

- Na sexta.

- Passo na sua casa para me despedir uma última vez. - digo.

- Tudo bem. - ele bagunça meu cabelo curto. - Vejo você depois.

Jona se vai e olho em volta.

Este lugar é meu.

°°°

Coll acabou de parafusar a nova placa da lanchonete, o lugar agora se chama Lou's e confesso; é um bom nome. Ele desce da escada com a parafusadeira em uma das mãos, fica ao meu lado e olha para a placa como eu.

- Ficou bom. - diz. - Parabéns, Lou!

- Obrigada. - sorrio.

Carla envolve o namorado com os braços.

- Lou, agora que você é minha chefe, vai me dar um aumento? - Car ri.

- Vou pensar no seu caso. - arqueio as sobrancelhas.

Então vamos para dentro e viro a plaquinha de aberto presa na porta. Os clientes vão chegar logo, logo.

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