Dick
Marcus nos passou o endereço de um casebre no meio do nada; em uma estrada perto da cidade onde Louren morava, em frente a um posto de gasolina abandonado. Dirigi a noite toda para chegarmos antes que ele fizesse qualquer mal à garota e agora, estacionando a camionete e olhando para a pequena casa de madeira, percebo que estou com medo.
- Não vou deixar ele levar você. - olho Louren nos olhos. - Eu posso matá-lo, mas ele não vai mais machucar você. Eu prometo.
- Você não vai matar ninguém. - ela diz com a voz embargada. - Você já está metido em muita confusão, não precisa se prejudicar ainda mais por minha causa.
- Claro que preciso! - bato no volante com as mãos cerradas. - Porra, Lou! - olho para ela. - Eu gosto de você, garota. Não vou deixar você ir com ele!
Louren não fala nada e enxuga uma lágrima que escorre por sua bochecha. Quero poder confortá-la, dizer que tudo vai ficar bem, fugir com ela para longe daqui, mas ainda há coisas no seu passado que precisamos resolver, por isso pego seu celular e faço uma ligação.
- Pra quem está ligando? - ela me questiona com um olhar assustado.
Não respondo e a mulher do outro lado da linha diz:
- Emergência, em quê podemos ajudar?
- Olha, tem um cara mantendo uma garota refém em uma cabana, saindo da cidade de Lennfalls. A cabana fica em frente a um posto de gasolina abandonado. Não tem como errar.
- Está maluco? - Louren tenta pegar o telefone das minhas mãos. - Se chamarmos a polícia ele vai matá-la!
- Essa denúncia é verdadeira, senhor? - a mulher pergunta.
- Claro! Acha que eu ia passar um trote desses? E tem mais. - respiro fundo antes de continuar. - Um assaltante procurado também está lá. O nome dele é Dickson Harry.
- Dick! - Louren sussurra. - Não!
- Já estou mandando as viaturas.
- Obrigado. - encerro a chamada e jogo a cabeça conta o encosto do banco.
- Por que fez isso? Por que disse pra polícia que está aqui? - Louren chora tanto que meu peito dói.
- Eles não iam vir se não tivessem um peixe pra pegar. - digo. - A polícia vai chegar e vai levar esse Marcus pra cadeia.
- E você? Vão pegar você também! - ela arregala os olhos. - E quando o Marcus sair ele vai me matar, vai matar qualquer um que eu ame. Vai matar você.
- Ei - seguro seu rosto com as mãos. - Não se preocupe comigo. Vamos entrar e ficar enrolando ele até a polícia chegar. Vai dar tudo certo. - eu beijo seus lábios e ela retribui.
Por um breve momento, sinto como se esse fosse nosso beijo de despedida. Talvez seja.
Depois de esconder minha arma na cintura por baixo da camisa só por precaução, seguro a mão de Louren e vamos até a cabana. Bato na porta e não leva muito tempo para que ela seja aberta por um cara barbudo e grande. Suas roupas estão sujas e ele parece não dormir há dias. Está um nojo.
- Minha sobrinha. - seu hálito é insuportável. - Sentiu saudades?
- Onde está Carla? - Louren pergunta, trêmula.
- Louren! - uma voz embargada e desesperada grita de dentro da casa. - Não deveria ter vindo!
Marcus nos deixa passar e vemos a garota loira e indefesa amarrada a uma cadeira. Louren corre até ela e começa a desamarrar as cordas que prendem os braços e pernas da amiga, mas antes que consiga, Marcus a pega pela gola da camisa e prende seu pescoço com o braço. Com a outra mão, ele aponta uma arma para a cabeça de Carla ainda presa e diz:
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Foras Da Lei ✓
RomanceAos 8 anos de idade, Louren perdeu os pais durante um assalto e sua guarda foi concedida imediatamente a seu único parente vivo, o tio Marcus, um ex-presidiário ganancioso e que fará de tudo para transformar a vida da garota em um inferno. Sem ter...