Capítulo 1 - Butterfly

7.5K 631 49
                                    

– Gui, atende a porta!

A sirene toca ininterruptamente. Alguém parece agoniado do lado de fora. Estou quase pronta, faltando somente um retoque na maquiagem. Já faz algum tempo que não saio de casa para aproveitar a vida noturna tão agitada de São Paulo.

Entre os últimos acontecimentos no meu escritório e meu trabalho como advogada do jogador Apollo Assunção, tive que tirar um tempo para fazer companhia ao meu irmão. Não que ele implore por isso. Na idade que está, o que menos deve querer é uma irmã mais velha pegando em seu pé.

– Gui, você não está ouvindo?

Ponho a cabeça para fora do meu quarto na esperança de que minha voz ecoe pela casa. Nesse horário, dona Marlene já foi embora e, se eu tiver sorte, ele não está com um fone de ouvido e vai atender à porta.

Paro diante do espelho que toma uma parede inteira do meu quarto. Eu tenho uma relação muito pessoal com espelhos. Não me julgo fútil nem nada do tipo, mas não consigo passar distraidamente por um deles.

Aliso minha saia justíssima, peça indispensável no meu guarda-roupa – diga-se de passagem –, e termino de me maquiar. Esfumo os olhos para dar uma aparência de olhar fatal e uso um batom nude nos lábios para contrapor com minha pele bronzeada e o excesso de maquiagem. Solto meus longos cabelos perfeitamente escovados e... agora sim! Vamos lá, Paula Moraes, você definitivamente não vai passar despercebida esta noite.

A sirene para de tocar. Gui deve ter atendido. Pego minha bolsa sobre a cama e desço as escadas em direção à sala onde logo vejo Mateus de costas e aparentemente entretido com algo que meu irmão assiste na TV.

Delicioso!

– Esse jogo não é a nova versão do Fifa? Sensacional! Eu já joguei as versões antigas e nada me fazia parar até que a partida terminasse. Quem sabe podemos marcar de jogarmos juntos qualquer dia?

Paro na ponta da escada e observo. Mateus está tentando ser gentil, se aproximar de meu irmão, mas Gui não dá a mínima para ele, do mesmo modo que reage com qualquer homem que aparece em minha casa. Eles são todos invisíveis por mais que tentem ter sua atenção.

Depois da morte de nossos pais, ele se tornou um garoto muito introspectivo, com poucas amizades, realmente fechado para o mundo. No alto dos seus dezessete, é um jovem lindo, forte, muito admirado pelas garotas. Apesar disso, quase não sai de casa e se já teve namorada, não chegou ao meu conhecimento.

– Paula? – Os olhos de Mateus encontram os meus enquanto desço as escadas. Sua boca se abre em um o perfeito, fazendo-me sentir como se acabasse de ser desnudada.

Ele não precisa dizer uma só palavra para que eu perceba sua aprovação.

– Como vai, Mateus, feliz em me ver?

Encosto meu corpo ao dele e deposito um beijo rápido em seus lábios. Aproximo-me a ponto de perceber que algo rapidamente se enrijece em suas calças. Uau! Acho que já tenho a resposta para a minha pergunta.

– Você é linda, Paula, e sabe muito bem disso.

Sim, não pretendo bancar a falsa modesta aqui e dizer que não gosto do modo como os homens me olham. Eu sou observada, admirada onde quer que eu vá.

Eu já tive minha cota de provocação na infância por conta da minha imagem. Sofrer bullying por ser a garota magrela, estudiosa, de óculos enormes me traumatizou o suficiente para que eu não descuide da minha aparência desde a adolescência.

Eros: Quando a paixão entra em campo (lançamento disponível na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora